O Eurobarómetro de outono de 2021 revelou que áreas como a economia e o emprego estão no centro das preocupações dos portugueses. Os jovens europeus mostram inquietação quanto às alterações climáticas.

Os europeus querem a saúde pública como prioridade no Parlamento Europeu. Foto: Abraham Popocatl/Unsplash

Os cidadãos europeus, incluindo os portugueses, consideram que a saúde pública deveria ser a principal prioridade para o Parlamento Europeu (PE). A informação foi revelada, esta terça-feira (8), no Eurobarómetro de outono de 2021. A economia, o ambiente, a pobreza e o emprego preocupam igualmente os inquiridos, mas as alterações climáticas estão no topo das inquietações dos jovens.

Segundo o barómetro europeu, 72% dos portugueses, assim como 42% dos europeus, acreditam que a saúde pública deveria ser a principal prioridade do Parlamento Europeu. Os cidadãos nacionais consideram, ainda, que a luta contra a pobreza (61%), as alterações climáticas (41%) e o “apoio à nossa economia e criação de novos empregos” (60%) são áreas que devem ser tratadas com primazia.  

Os portugueses apontam a igualdade de género (32%), a solidariedade e a dignidade humana, como os valores que devem prevalecer no seio do PE. Enquanto que para os cidadãos europeus são a democracia (32%), a liberdade de expressão e de pensamento e a proteção dos direitos humanos. Suécia, Alemanha, Finlândia, Itália, Dinamarca, Áustria, Luxemburgo, Malta, Polónia, República Checa e Hungria foram os países que indicaram, em primeiro lugar, a proteção da democracia. 

Europeus acham que não são ouvidos na UE

47% dos portugueses apresenta uma visão positiva do Parlamento Europeu, valor superior à média europeia (36%) e inferior apenas aos da Irlanda (62%) e da Suécia (48%). De notar ainda que 67% dos cidadãos nacionais gostariam que o PE fortalecesse o seu papel, 79% apresentam uma posição favorável quanto à existência da união e 67% têm uma perspetiva positiva relativamente à UE.

Além disso, metade da população europeia considera que a sua opinião não tem importância na União Europeia, sendo que quase 60% dos europeus – 53% dos portugueses – acredita que a sua voz conta no respetivo país.

Apesar dos pontos negativos apontados pelos inquiridos, pertencer à União Europeia é considerado um aspeto positivo por 62% dos cidadãos, tendo em conta que o respetivo país possa ter beneficiado de aspetos que potenciaram a cooperação entre Estados-membros, o crescimento económico, a promoção de oportunidades de trabalho e a sua posição ao nível mundial.

A pouca influência que os cidadãos e o Governo têm nas decisões e o facto de considerarem que os assuntos mais importantes se resolvem melhor ao nível nacional são as principais razões referidas pelos cidadãos europeus, incluindo portugueses.

O conhecimento profundo sobre o PE é reduzido

58% dos portugueses diz ter “um nível médio de conhecimento” acerca do trabalho desenvolvido pelo Parlamento Europeu, sendo que apenas 6% indicam saber muito sobre o tema. No entanto, mais de metade dos cidadãos europeus tem curiosidade em saber mais sobre os assuntos da UE, como compreender a gestão dos fundos (43%), os efeitos da legislação europeia nos Estados-membros, as funções dos eurodeputados, bem como as medidas aplicadas para combater a propagação da Covid-19.

Apesar da participação dos portugueses nas eleições europeias ter sido a sexta mais baixa da UE (30,73%), 52% dos cidadãos nacionais e 58% dos europeus afirmaram que votariam “se as eleições fossem realizadas na próxima semana”.

Os jovens consideram que as alterações climáticas e o futuro da Europa são os assuntos prioritários que devem estar na agenda do PE. Além disso, os mais novos mostram-se otimistas quanto à democracia e têm uma opinião positiva da União Europeia. 

Os dados publicados resultaram de 26.510 entrevistas presenciais a cidadãos dos 27 Estados-Membros, realizadas entre 1 de novembro e 2 de dezembro do ano passado. Em Portugal, foram feitas 1.004 entrevistas.

Artigo editado por Filipa Silva.