A primeira metade da época de 2021/2022 é já marcada pelo crescente número de incidentes nos estádios portugueses. De agosto a dezembro, de acordo com dados do Ponto Nacional de Informações sobre o Desporto (PNID), foram registadas 64 ocorrências de violência, racismo, xenofobia, intolerância ou ódio.

Nos últimos cinco meses, 50 adeptos foram expulsos de recintos desportivos, enquanto na época anterior não tinha sido nenhum. Há que salientar que a época transata não contou muitos adeptos nas bancadas, devido às restrições da pandemia. No entanto, os números fornecidos pela PNID acerca destes poucos meses retratam o exponencial aumento de ocorrências face a épocas antigas.

“Na primeira metade desta época, verificou-se um total de 1569 incidentes em recintos desportivos. Na época anterior foram 2335 e em 2019/2020 contabilizamos 1719 incidentes. Em 2018/2019 foram 3891”, explica Roberto Domingues, coordenador do PNID, em declarações ao Jornal de Notícias (JN).

Como se explica este aumento?

O aumento destes número é uma consequência clara do regresso dos adeptos às bancadas, mas também, segundo o coordenador do PNID, de “uma maior proatividade da Polícia de Segurança Pública (PSP) em fiscalizar e travar este tipo de situações“. “A PSP está cada vez mais atenta e assertiva nesta matéria”, realça.

Roberto Rodrigues afirma ainda que “o maior número de incidências verifica-se na primeira liga de futebol”. No entanto, as competições inferiores são também alvo destas incidências.

Para Daniel Seabra, antropólogo que realizou uma tese de doutoramento sobre claques, “para poder assegurar que existe um aumento significativo de incidentes racistas nos estádios de futebol é preciso esperar mais algum tempo”. O antropólogo, em declarações à TSF, salienta que o caso Marega pode ter contribuído para um fenómeno de “maior sensibilidade” da polícia para registar “incidentes de cariz racista”.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha