É um dos “dez talentos europeus emergentes” selecionados para a 25.ª edição do "Shooting Stars". Em conversa com o JPN, o portuense de 29 anos fala sobre o programa europeu e os bastidores da sua jornada como ator.
O jovem ator português João Nunes Monteiro é um dos talentos selecionados pelo “Shooting Stars” deste ano, um evento anual criado pela agência de cinema European Film Promotion. Realizado em simultâneo com o Festival de Berlim, que decorre por esta altura na capital da Alemanha, o programa distingue dez estrelas europeias em ascensão, com potencial para enveredar numa carreira internacional de cinema. O júri da iniciativa caracteriza Monteiro como “uma criatura mítica”, “um camaleão cujo desempenho é sempre perfeitamente adequado às idiossincrasias de cada projeto”. Ao português, juntam-se, na edição deste ano, mais sete atrizes e dois atores.
Segundo Monteiro, o objetivo do programa é “multiplicar as oportunidades de trabalho dos atores distinguidos, incluindo-os no mercado internacional e apresentando-os à indústria cinematográfica”. Vale o “reconhecimento exterior ”, admite o ator, acrescentando que a distinção foi “uma surpresa agradável”.
O evento, que decorre entre esta sexta-feira e a próxima segunda (14) – com a cerimónia de entrega de prémios individuais no último dia –, consiste num “speed dating” com realizadores e diretores de casting, bem como “reuniões, encontros e entrevistas”, realizados sem preparação. Não estando “protegido por um espaço ficcional”, os produtores “estão interessados em saber quem eu sou e quais são as minhas características”, acredita Monteiro.
Relativamente à aposta numa carreira internacional, o ator, nascido em 1993, no Porto, afirma: “quero fazer uma aposta maior em projetos com que me identifico, com bons ambientes de trabalho, com boas narrativas para contar, do que propriamente a questão da internacionalização”.
Em anos anteriores, o “Shooting Stars” distinguiu atores portugueses, como Alba Baptista (2021), Afonso Pimentel (2007), Nuno Lopes (2006), Ângelo Torres (2004), Rita Durão e Francisco Nascimento (2000), Diogo Infante e Ana Moreira (1999) e Beatriz Batarda (1998).
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Uma carreira em direção às estrelas
O teatro apareceu de “forma muito primária” no trajeto de João. Foi nas peças da escola que o ator descobriu aquela que viria a ser a sua profissão. Um gosto miudinho passou a uma paixão fulgurante. Em 2011, terminou o curso profissional de Interpretação na Academia Contemporânea do Espetáculo (ACE), no Porto. No mesmo ano, apresenta-se à plateia do Teatro do Bolhão, na peça “Punk Rock”, de Simon Stephens.
João atua ao sabor do vento. Não define grandes planos para o seu percurso artístico, “os trabalhos vão aparecendo” e vai aceitando. Os primeiros passos no mundo cinematográfico deram-se, aos 16 anos, com um pequeno papel na longa-metragem “O Cônsul de Bordéus”, de Francisco Manso, contando a história de Aristides de Sousa Mendes. Foi em Lisboa que anteviu um poço de oportunidades artísticas e de formação. Assim, acabou por frequentar a Licenciatura em Teatro (ramo – Atores) da Escola Superior de Teatro e Cinema.
As competências teatrais construíram um caminho de sucesso numa nova área, a televisão. Participou nas telenovelas “Jardins Proibidos” (2015), “Ouro Verde” (2017), na série “Até que a vida nos separe” e na mais recente produção da Plural Entertainment, “Quero é viver”. O ator, distinguido no “Shooting Stars”, já subiu ao palco na companhia de encenadores de renome, como Victor Hugo Pontes (“Margem”), Miguel Fragata (“Fake”), Nuno Carinhas e ainda Sónia Baptista.
Com apenas 29 anos, Monteiro viaja entre o teatro, a televisão e o cinema. Recentemente, tem revelado uma carreira promissora na indústria cinematográfica. Em 2020, foi protagonista do filme “Mosquito”, de João Nuno Pinto. O seu desempenho valeu-lhe o Prémio Novo Talento atribuído pela Fundação GDA e o Prémio Sophia de Melhor Ator de Cinema. Destacou-se ainda no filme de Miguel Gomes e Marueen Fazendeiro, “Diários de Otsoga”. Apresenta um grande repertório filmográfico que conta com obras como “Cartas da Guerra” (2016), “Verão Danado” (2017) e “Soldado Milhões” (2018). Em abril deste ano, vai marcar presença no novo filme de Sérgio Graciano, “Salgueiro Maia – O Implicado”.
Monteiro salienta que, “embora soe a clichê”, todos os seus papéis foram desafiantes. Numa perspetiva para o futuro, o ator pretende “agarrar novos projetos e conhecer imensas pessoas, que já trabalham na área ou ainda vão trabalhar”. “Para mim, tudo é um desconhecido, as possibilidades são muitas e, portanto, não consigo fechar numa única opção [teatro, cinema e televisão]”, remata Monteiro.
Artigo editado por Filipa Silva