A notícia caiu com estrondo esta quinta-feira (10) ao final da tarde. Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou que deteve um jovem de 18 anos por suspeitas de planear um ataque, que iria ocorrer esta sexta-feira, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
O alerta foi dado às autoridades portuguesas pelo FBI, há uma semana, de acordo com a Imprensa desta manhã. Nos últimos dias, o jovem foi seguido e ontem deu-se a detenção, em casa do suspeito, que foi já esta manhã presente a tribunal.
De acordo com um comunicado da PJ, estavam na posse do arguido “várias armas proibidas”, bem como “outros artigos suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos, vasta documentação” e ainda “um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear”.
Os alunos da FCUL mostraram, entretanto, revolta face à realização dos exames previstos para esta sexta-feira. Numa publicação da conta de Instagram da FCUL, que refere não haver “indícios que aconselhem a alterar o normal funcionamento da Escola”, os estudantes manifestaram-se nos comentários, dizendo que a faculdade está a “desvalorizar a saúde mental dos seus alunos” e que “o stress envolvido não é de todo um bom fator” para os estudantes.
Aos jornalistas, ao final da manhã desta sexta-feira, o diretor da instituição de ensino, Luís Carriço, assegurou que “de acordo com os dados” que a faculdade possui “não há quaisquer indícios que ponham hoje em causa a segurança de todos”. “Devemos com serenidade continuar a efetuar todas as atividades”, afirmou.
O jovem acusado de planear o ataque foi esta manhã presente a juiz, no Campus da Justiça, em Lisboa, para primeiro interrogatório e deverá conhecer as medidas de coação que lhe serão aplicadas. Em causa, está a natureza do crime.
A PJ classificou o ataque que estava a ser planeado como uma “ação terrorista”. Em declarações ao Jornal “Público”, Cátia Moreira de Carvalho, investigadora da Universidade do Porto em psicologia do terrorismo, refere que “um ataque terrorista deve ter sempre motivações ideológicas. Não parece ser o caso”.
A ser considerado um ato terrorista, de acordo com o Código Penal, a pena pode ir dos dois aos dez anos, dependendo do tipo de crimes praticados, que podem visar várias pessoas e bens.
O estado mental do jovem também tem sido referenciado. Ao Jornal “Expresso”, Renata Benavente, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, afirma que “situações de vulnerabilidade emocional podem levar a comportamentos desajustados – quer autolesivos, quer dirigidos a terceiros”.
A saúde mental também está a ser tida em conta na FCUL. O diretor assegura que há “uma equipa de apoio psicológico, agora reforçada pela oferta da Faculdade de Psicologia bem como do Centro Médico da Universidade de Lisboa”. Luís Carriço garante querer “transmitir uma mensagem de tranquilidade” aos alunos, docentes e demais funcionários, num dia que podia ter sido de tragédia não fosse a atuação atempada das autoridades.
Artigo editado por Filipa Silva