Um novo relatório divulgado pela empresa alemã GFK (Growth From Knowledge), que faz a supervisão anual dos números do mercado livreiro também em Portugal, dá conta de um aumento das unidades de livros vendidos, de 9,8 milhões para 11,2 milhões, em 2021. Estes valores atingiram os 150 milhões de euros, ou seja, uma subida de 16,5% face aos 128,7 milhões registados em 2o20, ano de quebra devido à pandemia de Covid-19.

Os números do relatório, a que o JPN teve acesso, mostram que este desempenho fica, ainda assim, abaixo dos 154,3 milhões de euros alcançados em 2019. Clique sobre o gráfico para ver os valores relativos a cada ano apresentado.

Quando comparados os últimos três anos em detalhe, fica clara a quebra sofrida em abril de 2020, com as livrarias encerradas nessa primeira fase das restrições pandémicas. Em 2021, os números surgem já num patamar superior, aproximado ao de 2019.

Livros ficaram mais caros

Os dados recolhidos pela empresa mostram que o valor médio dos livros registou um ligeiro aumento, de 4,2%, passando a custar, em média, 12,98 euros.

No que diz respeito aos pontos de venda, os consumidores deram primazia às livrarias na hora de comprar livros, em vez de outros mass merchandisers, correspondendo a 65,4% do total dos canais de distribuição. Um aumento significativo de 19% em valor face ao mesmo período do ano de 2020.

As categorias “Literatura” e “Ficção Infantil e Juvenil” continuam a representar a maioria das vendas, registando um aumento de 22,2% e 23,6%, respetivamente. O relatório revela ainda que a categoria “Banda desenhada, manga e ilustração” registou o aumento percentual mais significativo, de 73% do montante de vendas. Por outro lado, os livros de turismo foram os únicos a registar um resultado negativo, com uma quebra de 10%.

Número de livros editados volta a subir

Em 2021, foram editados 10,7 mil livros em Portugal, valores superiores até aos de 2019 (10,6 mil). Em 2020, foram 8,5 mil.

O top 10 de livros mais vendidos é encabeçado pelo escritor e jornalista José Rodrigues dos Santos, com “Jardim dos Animais com Alma”. Seguem-se “Torne-se um Decifrador de Pessoas”, de Alexandre Monteiro, e “Astérix e o Grifo”, de Jean-Yves Ferri, em 2.º e 3.º lugares, respetivamente.

Raul Minh’Alma, com dois livros no top 10 de vendas, foi o autor mais procurado em Portugal durante o ano. O pódio é completado por Nicholas Sparks e José Rodrigues dos Santos. Seis dos dez lugares são ocupados por autores portugueses:

  1. Raul Minh’Alma
  2. Nicholas Sparks
  3. José Rodrigues dos Santos
  4. Ken Follett
  5. George Orwell
  6. José Luís Peixoto
  7. Isabel Stillwell
  8. Miguel Sousa Tavares
  9. Nora Roberts
  10. Kiera Cass

A pandemia afetou a venda de livros em Portugal, que sofreu uma queda acentuada. Dados revelados pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) em meados de março de 2020, com base em medições da GFK, revelam que as vendas caíram 65,8% só numa semana nesse início de restrições. Uma quebra superior a dois terços do valor comum, em comparação com o mesmo período em 2019.

Entre 16 e 22 de março desse ano (tendo o país entrado em estado de emergência a 19), foram vendidos cerca de 70.427 livros – menos 121,6 mil que em 2019, em que se venderam 192.073 em período semelhante. Esta quebra representou perdas de cerca de 1,6 milhões de euros no mercado, redução que atingiu especialmente as livrarias (73%) e os hipermercados (40%).

Artigo editado por Tiago Serra Cunha