Os “blues” venceram, este sábado, o Palmeiras, por 2-1. Romelu Lukaku abriu o marcador e Raphael Veiga empatou de penálti. No prolongamento e, de novo, através da penalização máxima, Kai Havertz sentenciou o encontro.

Foi a primeira vez que o Chelsea venceu o Mundial de Clubes. Foto: FIFA Club World Cup/Facebook

Depois das vitórias nas meais-finais, que colocaram Al Hilal e Al Ahly de fora da final, o Chelsea e o Palmeiras de Abel Ferreira defrontaram-se, este sábado, para decidir o vencedor do Mundial de Clubes, este ano disputado nos Emirados Árabes Unidos. No encontro de todas as decisões, os homens de Thomas Tuchel venceram por 2-1, no prolongamento.

Com este resultado, o Chelsea faz história ao conquistar pela primeira vez este troféu. No histórico da competição, a sua melhor classificação tinha sido um segundo lugar em 2012, altura em que perdeu a final frente ao Corinthians.

Do outro lado também havia história para ser feita. À semelhança dos “blues”, no Palmeiras também não constava este troféu no palmarés. Para além disso, Abel Ferreira, treinador da formação brasileira, em caso de vitória, tornar-se-ia o primeiro português a vencer esta competição.

Palmeiras impõe-se ao favorito

No 11 inicial do Chelsea, o alemão Thomas Tuchel – que só na véspera da final chegou a Abu Dhabi, depois de cumprir um isolamento por ter sido infetado com Covid-19 – fez quatro alterações em relação ao jogo frente ao Al Hilal. Na baliza, Kepa Arrizabalaga deu lugar a Edouard Mendy, enquanto Marcos Alonso, Jorginho, Hakim Ziyech saíram para a entrada de Callum Hudson-Odoi, N’Golo Kanté e Mason Mount.

Já na formação de Abel Ferreira prevaleceu a máxima de que em equipa que ganha não se mexe e, por isso, não houve alterações na formação de São Paulo.

Ainda a bola não rolava e já só se falava no favoritismo do Chelsea. A verdade é que quer ao nível orçamental, quer ao nível de qualidade de jogadores, as formações apresentam diferenças gritantes.

Contudo, o Palmeiras quis contrariar as desigualdades existentes e mostrar que a final iria ser um jogo bem disputado. E assim foi. Embora tenha sido o Chelsea a entrar mais forte e dominante, a equipa brasileira mostrou-se à altura.

O perigo criado em situações de saída rápida de bola e a qualidade no processo defensivo eram alguns dos triunfos dos “pupilos” de Abel Ferreira, enquanto que, do lado inglês, os cruzamentos do flanco esquerdo de Callum Hudson-Odoi eram difíceis de travar. A qualidade no cruzamento do internacional inglês colocou perigo na área do Palmeiras, por diversas vezes.

A 15 minutos do final da primeira parte, Mason Mount lesionou-se e foi substituído por Christian Pulisic que veio dar uma nova vida a um encontro que se encontrava muito morno. A grande exibição do norte-americano valeu-lhe o título de um dos mais valiosos do encontro.

A fechar os primeiros 45 minutos, no melhor lance da primeira metade, Thiago Silva, sem marcação direta, rematou com perigo e esteve perto de colocar o Chelsea em vantagem.

Com o nulo no marcador, as equipas seguiram para os balneários conscientes que só uma melhor segunda parte poderia levar à vitória e consequente conquista do troféu.

Golos não decidiram vencedor

À semelhança da primeira parte, foi o Chelsea quem entrou mais forte na etapa complementar e o golo dos ingleses acabou por surgir. Ao minuto 55 e após um cruzamento de  Callum Hudson-Odoi, Romelu Lukaku foi mais forte nas alturas e marcou com um belo cabeceamento.

Os lances de perigo continuavam a ser da equipa britânica, mas a festa dos atuais vencedores da Liga dos Campeões durou pouco tempo. Após um lançamento de linha de lateral para a grande área inglesa, Thiago Silva toca com a mão na bola e foi assinalado penálti contra os “blues”.

A decisão só foi validade depois de Chris Beath, árbitro da partida, ter consultado o vídeo-árbitro (VAR). Confirmada a irregularidade, Raphael Veiga foi chamado para bater a grande penalidade e, no frente a frente com Mendy, levou a melhor. Ao minuto 63, estava reposta a igualdade.

Com o jogo já perto do fim era notório o desgaste das duas formações que, por consequência, tornaram o jogo mais lento e mais amarrado. Apesar dos cinco minutos de compensação, o empate manteve-se e o jogo teve de ir a prolongamento.

Kai Havertz volta a ser herói

Com mais 30 minutos de jogo adicional, era necessário dar tudo para evitar as grandes penalidades. Face ao maior desgaste do Palmeiras, o Chelsea dominou por completo o prolongamento.

Ao minuto 112, um desvio de Marcos Rocha face a um cruzamento de Hakim Ziyech, que entrou ao minuto 91 para substituir Mateo Kovacic, podia ter desbloqueado o empate. No entanto, a festa só se faria dois minutos após este momento.

Depois de um canto batido pelo mesmo jogador que realizou o cruzamento, César Azpilicueta chutou e a bola embateu no braço de Luan. Mais uma vez, o VAR teve um papel essencial e o árbitro da partida assinalou grande penalidade.

No momento mais tenso da partida, Kai Havertz assumiu a responsabilidade e, com um remate que enganou o guarda-redes, colocou a sua equipa a vencer. Na final da Liga dos Campeões da época transata, o alemão foi também o herói ao marcar o único golo da partida frente ao Manchester City.

Antes do final do encontro ainda houve tempo para uma expulsão. Num lance em que Kai Havertz ia isolado para a baliza, o mesmo jogador que cometeu o penálti derrubou o jogador dos “blues” e foi admoestado com um cartão vermelho.

Terminado o tempo do prolongamento, o Chelsea venceu o encontro e conquistou o troféu pela primeira vez na história do clube. É a nona vitória consecutiva de um clube europeu na prova.

“Vou ser o primeiro a obrigá-los a celebrar o segundo lugar”

Em declarações no final do encontro, Abel Ferreira mostrou-se orgulhoso pelo o trabalho feito frente a um “adversário muito competente”. Embora não ache correto falar no contexto individual, o português frisou o lance que deu o golo da vitória ao adversário, mas admitiu que o melhor “é aceitar e seguir”.

Apesar da derrota, o técnico português deixou claro que o que fizeram tem de ser celebrado. “Vou ser o primeiro a obrigá-los a celebrar o segundo lugar”, disse.

Thomas Tuchel, que soma o terceiro título pelos “blues” no espaço de um ano, considerou merecida a vitória do Chelsea, que dedicou ao dono do clube, Roman Abramovich. Feliz por ter chegado a tempo de orientar a equipa na final, o técnico alemão deixou também uma palavra para os adeptos do Palmeiras: “Foram fantásticos. Criaram uma grande atmosfera e parecia que estávamos a jogar fora.”

Artigo editado por Filipa Silva