Sérgio Sousa, diretor da prova, e Frederico Bártolo, jornalista e comentador, estiveram à conversa com o JPN, na antevisão de mais uma edição da Volta ao Algarve, que sai amanhã para a estrada. Para ambos, a etapa decisiva da Algarvia será o contrarrelógio, que este ano tem um percurso mais longo.

Quick-Step, Jumbo, Ineos ou Bora são algumas das equipas do World Tour que vão rolar nas estradas algarvias. Foto: Volta ao Algarve/Facebook

A Volta ao Algarve regressa esta quarta-feira (16) e anda na estrada até domingo. A 48.º edição da prova conta com 25 atletas do top 100 mundial e traz algumas novidades em comparação com a época transata. O contrarrelógio de 32.2 quilómetros e uma etapa a começar em Almodôvar, no Alentejo – algo que já não se fazia há três anos -, são alguns dos destaques. Para além disso, o detentor do troféu, João Rodrigues (W-52 FC Porto), não estará presente por motivos de saúde

Depois da vitória de um ciclista português em 2021, Frederico Bártolo, jornalista do jornal “O Jogo” e comentador na Eurosport Portugal, considera “muito complicado” o feito voltar a repetir-se. O comentador destaca o “pelotão menos bom” e os “azares” dos ciclistas favoritos no ano passado – como a queda de Ethan Hayter no contrarrelógio – como fatores que contribuíram para o desfecho da prova, apesar da vitória “com mérito” de João Rodrigues. 

Para o comentador “o lote de qualidade mais baixa” do ano passado – por comparação com edições anteriores – deveu-se à data de realização da prova, que decorreu em maio, ao contrário do habitual fevereiro. Em maio, “já se estava a aproximar a Volta a Itália” tendo “o pelotão perdido nomes importantes”. No entanto, este ano, “a competição cresce de uma forma que não podemos comparar, porque temos muitos especialistas”.

Questionados sobre a possível desvantagem portuguesa face às datas de realização da edição de 2022, Sérgio Sousa, diretor da prova, e Frederico Bártolo diferiram nas opiniões. 

O diretor da prova referiu que “o facto de ser em fevereiro, de certa forma, prejudica as equipas portuguesas, porque a época em Portugal arrancou apenas dia 13 (de fevereiro), em Aveiro” – prova vencida por Leangel Linarez (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados). 

Por outro lado, o jornalista crê que esse argumento não é decisivo. Frederico Bártolo acredita que as equipas portuguesas “treinam bem, preparam-se bem e que tenham feito um ou dois meses ao mais alto nível”. O comentador considera que a desvantagem portuguesa pode estar no contrarrelógio, que vai ligar Vila Real de Santo António a Tavira, uma vez que, “habitualmente, em todo o ano desportivo, as equipas nacionais não têm um contrarrelógio de 30 quilómetros”.

Ainda de acordo com o jornalista, um “contrarrelógio tão duro vai fazer mais diferença que as duas etapas de montanhas juntas” – são elas, a etapa 2, que termina no Alto da Fóia, e a etapa 5, com meta instalada no Alto do Malhão. O comentador frisa que os “grandes líderes das grandes equipas procuram contrarrelógios desta dimensão para poderem ver como vão andar nas provas mais importantes – Volta a França, Volta a Espanha, Volta a Itália”. 

Como possível vencedor da etapa que se perspetiva como mais importante, Frederico Bártolo aposta na equipa da Ineos, uma vez que “ é a equipa que parte como mais forte, porque todos os elementos principais andam muito bem no contrarrelógio”.

O comentador destaca ainda como favoritos, Remco Evenepoel, vencedor da prova em 2020, que considera “querer mostrar-se capaz de vencer essa especialidade” e  Kasper Asgreen, 24.º da UCI World Ranking, que “é sempre um corredor que anda na luta das clássicas e dos mundiais”.

Para a geral, Sérgio Sousa aponta nomes como: Remco Evenepoel e Thomas Pidcock, “um atleta britânico, campeão Olímpico de BTT-XCO e campeão do Mundo de ciclocross”. A nível nacional, o diretor da prova destacou a participação de Amaro Antunes, Daniel Mestre e Iúri Leitão.

O destaque foi também para João Rodrigues, em quem o diretor apostava as suas fichas. No entanto, o ciclista não marcará presença na edição deste ano por motivos de saúde.

Ambos os entrevistados concordam que a prova vai trazer muito interesse do estrangeiro e Sérgio Sousa deixa claro que o crescimento internacional é o que “tem vindo a motivar” a organização. 

A primeira etapa da Volta ao Algarve parte, esta quarta-feira, de Portimão e estende-se até Lagos, contabilizando 199.1 quilómetros, que incluem uma contagem de terceira categoria. As tiradas terão transmissão na Eurosport 2 e na CMTV.

Informações sobre o percurso:
16 de fevereiro: 1.ª etapa: Portimão – Lagos, 199,1 km
17 de fevereiro: 2.ª etapa: Albufeira – Fóia (Monchique), 182,4 km
18 de fevereiro: 3.ª etapa: Almodôvar – Faro, 209,1 km
19 de fevereiro: 4.ª etapa: Vila Real de Santo António – Tavira, 32,2 km (CRI)
20 de fevereiro: 5.ª etapa: Lagoa – Malhão (Loulé), 173 km

Equipas que estarão presentes na prova:

WorldTour
: Astana Qazaqstan Team, Bora-hansgrohe, Cofidis, Groupama-FDJ, INEOS Grenadiers, Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux, Jumbo-Visma, Quick-Step Alpha Vinyl Team, Trek-Segafredo e UAE Team Emirates.

ProTour: Alpecin-Fenix, Caja Rural-Seguros RGA, Euskaltel-Euskadi, Human Powered Health e Team Arkéa-Samsic

Continentais: ABTF-Feirense, Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel, Aviludo-Louletano-Loulé Concelho, Efapel Cycling, Glassdrive-Q8-Anicolor, Kelly-Simoldes-UDO, LA Alumínios-Credibom-Marcos Car, Rádio Popular-Paredes-Boavista, Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados e W52-FC Porto

Artigo editado por Filipa Silva