O Parlamento Europeu debateu e irá votar, esta quarta-feira (16), medidas e ações para combater o cancro. As recomendações incluem a facilitação do acesso a serviços de saúde, medicamentos e tratamentos inovadores.

O objetivo do debate é combater os fatores de risco, melhorar o tratamento do cancro e aumentar a cooperação e o financiamento da investigação. Foto: National Cancer Institute/unsplash

Durante a sessão plenária, em Estrasburgo, os eurodeputados debateram, esta terça-feira (15), e irão votar, esta quarta (16), as recomendações do “Special Committee on Beating Cancer” (BECA) – Comissão Especial sobre a Luta contra o Cancro, com o objetivo de combater os fatores de risco, melhorar o tratamento do cancro e aumentar a cooperação e o financiamento da investigação.

As principais recomendações desta Comissão incluem a facilitação do acesso a serviços de saúde, cuidados e ensaios clínicos transfronteiriços, a gestão mais eficiente da escassez de medicamentos contra o cancro e a garantia da igualdade de acesso a medicamentos e tratamentos inovadores.

O debate sobre o relatório “Strengthening Europe in the fight against cancer” – Fortalecer a Europa na luta contra o cancro – foi elaborado por Véronique Trillet-Lenoir e realizou-se às 8h30.

O relatório assenta na abordagem holística definida no Plano Europeu de Luta contra o Cancro, lançado em 2021.

Plano Europeu de Luta contra o Cancro: novas ações para 2022

Um ano após a publicação do Plano Europeu de Luta contra o Cancro, a Comissão Europeia lançou, no passado dia 2 de fevereiro, quatro novas iniciativas num evento intitulado “Garantir a igualdade de acesso para todos: O Cancro nas Mulheres – Plano Europeu de Luta contra o Cancro”.

Este evento irá centrar-se em medidas específicas para combater o cancro nas mulheres e é o primeiro de uma série anual de eventos focados no aumento da igualdade de acesso à prevenção e aos cuidados oncológicos.

O cancro afeta na Europa, em média, ligeiramente mais os homens do que as mulheres. No entanto, o cancro da mama feminino é o mais diagnosticado, com mais de 355 mil mulheres identificadas com a doença em 2020.

Existem desigualdades consideráveis nos Estados-Membros da União Europeia (UE) e entre eles, bem como entre grupos populacionais, nos domínios da deteção precoce, do diagnóstico, do tratamento e da qualidade dos cuidados prestados aos doentes.

O evento tem como objetivo auxiliar os Estados-Membros no combate destas desigualdades, melhorar o rastreio e a vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV) e, ainda, apoiar as pessoas que sofreram de cancro.

Segundo um comunicado da Comissão Europeia, as novas medidas são as seguintes:

  • O Registo das Desigualdades no Domínio do Cancro identificará tendências e disparidades entre os Estados-Membros e as regiões. Põe igualmente em evidência as desigualdades em matéria de prevenção e cuidados oncológicos devido ao género, nível de instrução e nível de rendimento, bem como as disparidades entre as zonas urbanas e rurais. O Registo orientará os investimentos e as intervenções a nível da UE, nacional e regional;
  • Um convite à apresentação de informações sobre o rastreio do cancro contribuirá para atualizar a Recomendação do Conselho de 2003 sobre o rastreio. Isto faz parte do objetivo do Plano de Luta contra o Cancro de assegurar que, até 2025, seja oferecido um exame de rastreio dos cancros da mama, do colo do útero e colorretal a 90 % da população da UE elegível;
  • Uma ação comum sobre a vacinação contra o HPV ajudará os Estados-Membros a aumentar a compreensão e a sensibilização do público sobre o vírus e a promover a vacinação. Esta ação contribuirá para um objetivo fundamental do Plano de Luta contra o Cancro: eliminar o cancro do colo do útero, vacinando contra o HPV pelo menos 90 % da população-alvo da UE de raparigas e aumentando significativamente a vacinação dos rapazes até 2030;
  • A Rede Europeia de Jovens Sobreviventes de Cancro reforçará o acompanhamento a longo prazo dos planos de cuidados oncológicos a nível nacional e regional. Ligará também os jovens com antecedentes de cancro e respetivas famílias, bem como com os cuidadores informais e formais.

O Plano de Luta contra o Cancro continua a funcionar em paralelo com a missão do programa Horizonte Europa no domínio da luta contra o cancro, assegurando a coerência entre objetivos de investigação ambiciosos e objetivos políticos realistas. Irá dispor de 4 mil milhões de euros de financiamento, incluindo 1,25 mil milhões de euros do futuro Programa UE pela Saúde.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha