O concurso para a nova ponte sobre o rio Douro vai ser agora retomado após decisão favorável do Tribunal Central Administrativo do Norte ao recurso interposto pela Metro do Porto. As propostas finais devem ser apresentadas até ao final da semana.

Imagem de uma das propostas finais para a nova ponte, apresentada por Edgar Cardoso: Laboratórios de Estruturas Foto: Metro do Porto

A Metro do Porto foi esta segunda-feira (14) autorizada a retomar o concurso relativo à nova ponte situada nas margens do Douro. Em declarações à agência Lusa, a empresa promete trabalhar em “estreita cooperação”, com “todas as partes envolvidas”, como a Câmara Municipal (CMP) e a Universidade do Porto (UP). Da parte da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), também há disponibilidade para “fazer essa colaboração”, confirma ao JPN o diretor da faculdade, João Xavier.

O objetivo principal é estudar a integração da ponte no meio urbano. Dessa forma, a empresa de transportes pretende “conseguir o melhor projeto de execução para esta infraestrutura, integrando-a plenamente na vida e no funcionamento da cidade”. Já para o diretor da FAUP a expectativa é que seja possível “melhorar a proposta vencedora”.

Em declarações ao JPN, João Xavier recusa comentar a decisão do tribunal relativa ao concurso. O representante da FAUP assinala, contudo, os atuais impactos negativos, nomeadamente a nível “ambiental e paisagístico”, implicados nos projetos em desenvolvimento.

Das 27 candidaturas inicialmente aceites, restam apenas três, cujas propostas finais vão ser apresentadas ainda esta semana. Todas elas se traduzirão numa expansão da linha Amarela do Metro, que passa a ligar Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia, à Casa da Música, na Boavista.

Desde 16 de novembro que o concurso se encontrava suspenso, após queixas apresentadas no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto. Já na altura a FAUP tinha reagido negativamente às propostas finalistas, que foram reveladas ainda em outubro. Para a faculdade, as opções apresentadas eram prejudiciais à “defesa da paisagem e salvaguarda patrimonial”.

A 26 de outubro, na sequência das críticas, Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, assinalou que a empresa “não tomou uma decisão dentro de portas, foi uma decisão tomada com a comunidade”, citado pelo jornal “Público”. Ressalvou que a mesma envolveu Ordem dos Arquitetos, Ordem dos Engenheiros e ainda as Câmaras Municipais do Porto e de Gaia e a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).

Diferentes opções em cima da mesa

Para a decisão final do júri designado para o concurso, entram na ponderação a qualidade do trabalho, o preço e o prazo de execução. O primeiro critério tem um peso de 50% na avaliação final ao passo que o preço conta 20% e o prazo 30%. Embora esteja previsto um teto máximo de 70 milhões de euros, a obra não deve passar dos 50 milhões.

O projeto, que se restringe “ao metro e a meios de mobilidade suave (pedonal e ciclável)”, contribui para o “esforço de descarbonização” do país, de acordo com a Metro do Porto. Dentro das propostas finalistas, encontra-se a do consórcio liderado por “Edgar Cardoso: Laboratórios de Estruturas” em primeiro lugar. Esta visa a construção de um pórtico com escoras inclinadas, que recorra ao betão e supere a altura da Ponte da Arrábida.

Na segunda posição encontra-se a proposta do consórcio da COBA, que avança com um arco com tabuleiro a nível intermédio e pilares de betão armado nas encostas. Sobre o arco são sugeridos ainda pilares metálicos.

A proposta apresentada pela Betar – Consultores finaliza a lista de finalistas, com um projeto assente num pórtico de pilares inclinados e assimétricos, de betão armado, nas margens com um tabuleiro de aço e betão.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha