A ShareAction denunciou 25 bancos europeus, que continuam a financiar empresas envolvidas na expansão da produção de petróleo e gás contra as orientações da Agência Internacional de Energia.

Estes investimentos acontecem apesar das recomendações “Net Zero” da Agência Internacional de Energia (AIE), com as quais 24 bancos se comprometeram. Foto: Ricardo Mendonca/Unsplash

Bancos europeus continuam a financiar a expansão da produção de petróleo e gás, “numa clara violação da ciência climática”, acusa a ShareAction. O relatório divulgado pela organização sem fins lucrativos, esta segunda-feira, expõe 25 bancos europeus que, desde 2016, já injetaram mais de 400 mil milhões de dólares em empresas deste setor.

No último ano, foram alocados 55 mil milhões, um valor que diminuiu face aos 106 mil milhões de 2020 e aos 83 mil milhões investidos em 2019. Ainda assim, continua acima dos 49 mil milhões e dos 50 mil milhões registados em 2018 e 2017, respetivamente.

A Exxon Mobil, a Saudi Aramco, a Shell e a BP fazem parte das 50 corporações que têm tirado proveito do capital deste conjunto de bancos. Uma lista que é liderada pelos ingleses do Hong Kong and Shanghai Banking Corporation (HSBC) e do Barclays, e pelo Banco Nacional de Paris Paribas (BNP Paribas).

Estes investimentos acontecem apesar das recomendações “Net Zero” da Agência Internacional de Energia (AIE), com as quais 24 bancos se comprometeram, aponta a ShareAction.

O relatório da AIE, de maio de 2021, deixa claro que “se o mundo quer limitar o aquecimento a 1.5 graus Celsius” não deve existir qualquer investimento em novos campos de petróleo e gás.

Segundo a ShareAction, é frequente os bancos “enquadrarem os seus objetivos” com o intuito de ajudar os clientes na transição de combustíveis fósseis para opções mais sustentáveis. “Por exemplo, a política energética do HSBC diz, ‘o nosso principal objetivo é apoiar os nossos clientes na transição de uma economia de alto carbono para uma economia de baixo carbono’”, refere a organização.

Contudo, “a maioria dos bancos”, incluindo o HSBC, não exigem aos clientes planos de transição, o que faz aumentar as dúvidas acerca do comprometimento das empresas bancárias com esta causa, assinalam os autores do relatório da ONG.

“O Dankse Bank e o NatWest são os únicos bancos que solicitam publicamente que alguns dos seus clientes de petróleo e gás publiquem planos de transição numa data definida”, acrescentam. O La Banque Postale vai mais longe e exige que os clientes descartem a expansão de petróleo e gás.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha