O filme de Jorge Jácome foi premiado pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci) na 72.ª edição do Berlinale. Carla Simón vence a corrida ao Urso de Ouro, com “Alcarrás”.

Frame do teaser do filme “Super Natural” de Jorge Jácome. Foto: Ukbar

Jorge Jácome, que já se apresentou no Festival de Berlim, em 2019, com a curta “Past Perfect”, recebeu esta quarta-feira (16) o prémio de crítica da Fipresci, com “Super Natural”. A longa-metragem fez parte do cartaz da secção Fórum, não competitiva, que reúne um conjunto de obras mais empíricas ou que amplificam preceitos de ficção e documentário.

Num comunicado da produtora Ukbar Filmes e da distribuidora Portugal Film, o realizador português afirma que “receber este reconhecimento por parte da Fipresci é realmente especial e uma grande honra”. A obra lusa parte da comunhão das paisagens da ilha da Madeira e da companhia “Dançando com a Diferença”, que promove a inclusão artística ao integrar pessoas com e sem deficiência.

A estreia da produção em Berlim,  na sexta-feira, ficou marcada pela presença da equipa e dos integrantes da companhia de dança. No entanto, a associação madeirense regressou à ilha antes da entrega do prémio. “Aqui em Berlim só estou eu e a diretora de fotografia, Marta Simões, mas como o próprio filme diz: estamos sempre aqui e em todo o lado”, acrescenta o realizador de 34 anos.

Inicialmente, foi esboçado para ser um espetáculo de palco do Teatro Praga, em conjunto com a associação de arte inclusiva “Dançando com a Diferença”. A estreia estava marcada para 2020, mas a pandemia ditou um rumo diferente para a produção. Jorge Jácome uniu-se ao projeto embrionário e, juntos, adaptaram as ideias para que se tornasse num filme.

Segundo a sinopse, a obra artística “guia o espectador por contextos, geografias, curiosidades históricas, videoclipes, confissões e momentos de humor”, despoletando a ideia de que o natural, “seja de um corpo ou de um objeto, é sempre mais complexo do que aparenta ser”. “É pensar na ideia de natural como uma coisa que é expandida, ou seja, que as normas e limitações do que entendemos como sendo natural para nós, é muito mais interessante quanto mais abrirmos possibilidades para pensar sobre isso”, explicou.

Na categoria Geração 2022, o filme “Nada para ver aqui”, realizado pelo belga Nicolas Bouchez e coproduzido com Portugal, Bélgica e Hungria, recebeu uma Menção Especial, para curta-metragem. O júri 14plus caracterizou a coprodução como “uma obra de arte”.

A última projeção na tela de “Super Natural” acontecerá no sábado, no cinema CinemaxX5.

Urso de Ouro ruge agora em Espanha

O prémio maior do Festival de Berlim, Urso de Ouro, foi entregue à curta espanhola “Alcarrás”, de Carla Simón. A obra retrata um drama rural na localidade que dá origem ao título e conta a história de uma família, num verão provinciano, que coabita com práticas agrícolas prestes a serem levadas pelo tempo. “Alcarrás” também é a terra natal da realizadora.

Carla Simón, que já ganhou um prémio no festival com o filme “Verão 93”, diz que a sua nova produção espelha a força dos agricultores da região em resistir à maré da mudança ao continuarem a trabalhar a (e para a) terra, respeitando-a. Assim, os verdadeiros protagonistas são agricultores escolhidos de várias aldeias, havendo pouca mão de atores profissionais.

A competição do Berlinale encerrou ontem, mas até domingo há sessões para o público pagante em diversos locais da capital alemã.

Outros prémios do Júri Oficial

Grande Prémio do Júri (Urso de Prata): “The Novelist”s Film”, de Hong Sangsoo

Prémio do Júri: “Robe of Gems”, de Natalia López Gallardo

Realização: Claire Denis, por “Avec Amoure et Acharnement”

Interpretação Principal: Meltem Kaptan, em “Rabiye Kurnaz vs. George W. Bush”, de Andreas Dresen

Interpretação Secundária: Laura Basuki, por “Nana”, de Kamila Andini

Argumento: Laila Stieler, por “Rabiye Kurnaz vs. George W. Bush”, de Andreas Dresen

Contribuição Artística: “Everything Will Be OK”, de Rithy Panh

Menção Especial: “A Piece of Sky”, de Michael Koch

Melhor Documentário: “Myanmar Diaries”, coprodução russa e neerlandesa

 

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Artigo editado por Tiago Serra Cunha