Os três atletas portugueses melhoraram as prestações anteriormente alcançadas. Presidente do COP está satisfeito dados os “condicionalismos” dos desportos de inverno em Portugal.

Esta foi a melhor participação lusa de sempre na prova. Foto: Comité Olímpico de Portugal

Ricardo Brancal, Vanina Oliveira e José Cabeça, os portugueses que tiveram em ação nos Jogos Olímpicos de Inverno 2022, em Pequim, terminaram a competição com “a melhor prestação lusa de sempre na prova, em termos de resultados”, como constatou em declarações à agência Lusa o Chefe da Missão de Portugal, Pedro Farromba.

O também presidente da Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) realçou que os três atletas lusos “cumpriram o principal objetivo” da comitiva portuguesa, que consistia em “melhorar os resultados das últimas edições”.

Ricardo Brancal alcançou o 37.º lugar no slalom gigante e foi o 39.º classificado no slalom. O atleta tinha como objetivo para Pequim “igualar ou superar Arthur Hanse, que obteve um top40 em slalom (em Pyeongchang’2018)”, mas admitiu que, tendo em consideração o elevado nível da prova, o top 50 “seria já uma grande vitória”.

Ricardo Brancal confessou à agência Lusa que os resultados alcançados se mostraram “boas surpresas” naquela que foi a sua estreia olímpica, mas o esquiador sentiu que podia ter “tirado segundos ao seu tempo”.

Vanina Guerillot Oliveira, também participante da prova de esqui alpino, concluiu o slalom gigante no 43.º lugar. No slalom, a jovem atleta de 19 anos não terminou a prova, depois de falhar uma porta no início da segunda manga.

No esqui de fundo, José Cabeça consagrou-se como o melhor representante português nos Jogos Olímpicos, ao concluir a prova de 15 quilómetros estilo clássico no 88.º lugar.

De relembrar que o também triatleta português começou a esquiar apenas há dois anos. José Cabeça realçou que o apuramento para Pequim “já era incrível” e admitiu, também em declarações à agência portuguesa de notícias, que o foco está agora nos próximos Jogos Olímpicos de Inverno, onde pretende ser “um atleta competitivo”.

A comitiva lusa integrou, pela primeira vez na história da prova, dois atletas nascidos em Portugal e com a carreira desportiva construída e desenvolvida em território nacional – Ricardo Brancal e José Cabeça. Nos Jogos Olímpicos dos anos anteriores, os desportistas eram normalmente portugueses residentes no estrangeiro.

Pedro Farromba admitiu acreditar que “com o trabalho que foi feito” criaram-se “as condições para mais e melhores missões olímpicas no futuro”. O Chefe da Missão de Portugal diz que a participação portuguesa é “uma demonstração da evolução dos desportos de inverno em Portugal nos últimos anos”.

Portugueses fazem “trabalho excecional” na prova de inverno

Pedro Farromba exaltou o “esforço dos três atletas” e o “trabalho excecional” desenvolvido ao longo dos últimos anos para que a prestação em Pequim fosse “ao mais alto nível, a competirem com os melhores do mundo, que têm mais condições de preparação”.

O presidente da FDIP lembrou que o snowboarder Christian Oliveira, o patinador de velocidade Diogo Marreiros e atletas do curling, estiveram também muito perto de conseguir o apuramento. O líder olímpico reforçou que, pela primeira vez, Portugal teve “três atletas em competição em modalidades diferentes” e “isso já foi um passo importante”. Pedro Farromba diz que o objetivo passa agora por “evoluir para outras modalidades, nomeadamente as modalidades de gelo”, que acredita que “possam ter nos próximos jogos uma presença importante na equipa portuguesa, pelo trabalho que tem vindo a ser feito”.

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, realçou que os “resultados foram positivos”. Relembrou “as limitações e os condicionalismos” lusos nos desportos de inverno justificados pelas “circunstâncias” de ser um país com “pouca neve e [poucas] estruturas adequadas ao treino de competição”.

Para José Manuel Constantino, a ambição passa agora por “melhorar resultados, que os atletas façam melhor do que nas edições anteriores, e permitir que o resultado seja um fator de incentivo para a melhoria da prática desportiva das modalidades em que estivermos presentes”.

A delegação portuguesa não vai participar na cerimónia de encerramento, agendada para domingo (20), já que os atletas foram regressando depois das respetivas provas, devido às medidas impostas pela pandemia de Covid-19.

Esta é a nona participação de Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno, nos quais participa regularmente desde a competição que ocorreu em Turim, em 2006.

O 37.º lugar de Ricardo Brancal no slalom gigante superou a 66.ª posição de Arthur Hanse em PyeongChang’2018; o 39.º lugar no slalom ficou uma posição abaixo da 38.ª posição do representante português nos Jogos Olímpicos da Coreia do Sul. Vanina Oliveira melhorou o 59.º lugar de Camille Dias em Sochi’2014 com a conquista da 43.ª posição no slalom gigante. José Cabeça ultrapassou, nos 15 km estilo clássico, Danny Silva, 94.º classificado em Turim 2006 e 95.º em Vancouver 2010, no estilo livre.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha