Foi um verdadeiro carrossel de emoções para os adeptos boavisteiros a noite de sexta-feira no Bessa: frente ao Benfica, os axadrezados estavam a perder por dois golos ao intervalo, mas ainda foram a tempo de resgatar um ponto. Taarabt e Grimaldo marcaram para os encarnados, Sauer e Makouta foram os obreiros da recuperação das panteras.
Boavista e Benfica mediram forças esta sexta-feira à noite pela segunda vez no espaço de um mês, desta vez numa partida a contar para a 23.ª jornada do campeonato.
A história do jogo pode ser dividida em dois capítulos bem diferentes, quase opostos: na primeira parte, a impotência dos axadrezados, aliada ao poderio ofensivo das águias, culminou numa vantagem lisboeta de dois golos, sem contestação.
No segundo tempo, por oposição, a garra e o empenho dos boavisteiros, empurrados pelo público, juntamente com o adormecimento e lentidão dos encarnados, resultou num domínio caseiro tal que deixou Petit insatisfeito com o empate.
Mas antes, vamos aos onzes.
Do lado dos homens da casa, Petit lançou Tiago Ilori e Javi García para o onze inicial, para suprir as ausências por lesão de Abascal e Porozo.
De resto, o timoneiro axadrezado manteve a estrutura habitual, com três centrais, doís alas, dois médios no miolo e três homens na frente, com Musa a servir de referência, como ponta de lança.
Nos encarnados, Nélson Veríssimo deu seguimento à aposta em quatro jogadores ofensivos: Rafa e Everton deram largura nas alas, Darwin e Gonçalo Ramos compuseram a frente de ataque.
Adel Taarabt foi a grande novidade no onze das águias: foi o primeiro jogo a titular do marroquino desde dezembro, no encontro da Taça de Portugal frente ao FC Porto.
Panteras inofensivas, águias dominantes
Não foi certamente do agrado de Petit a primeira parte dos axadrezados, tal foi o domínio e controlo (quase absoluto) do Benfica.
Os encarnados chegaram a colocar a bola nas redes da baliza de Bracali em quatro ocasiões, mas apenas duas valeram golos.
Primeiro, a surpresa Taarabt abriu o ativo com o remate forte à entrada da área, após passe de Rafa. À passagem do minuto 21, o camisola 49 dos visitantes recebeu um toque de calcanhar do companheiro e encheu o pé, para colocar as águias na frente.
Pouco depois, à meia hora de jogo, foi a vez de Grimaldo marcar no Bessa. O lateral espanhol aproveitou a recarga após uma tentativa de Rafa e rematou de pé direito para o fundo da baliza.
Mesmo com uma vantagem confortável, o Benfica continuou à procura do golo, e, na verdade, conseguiu fazê-lo por mais duas ocasiões, ambas, porém, anuladas por fora de jogo: primeiro de Gonçalo Ramos e depois de Darwin.
O Boavista tentou responder, mas não teve criatividade nem discernimento para se impor no jogo, e saiu em desvantagem (0-2) para os balneários.
De notar que o central Tiago Ilori saiu lesionado ainda antes dos 20 minutos, provocando mais uma dor de cabeça ao treinador das panteras. Hamache entrou para substituir o central português.
Resposta fulminante axadrezada
Poucos conseguiriam prever o domínio – traduzido em várias oportunidades de golo – que o Boavista iria impor ao Benfica na segunda metade do encontro.
Por isso, também, seria difícil prever que Petit, no final do jogo, ficasse com um sentimento amargo por não ter alcançado o triunfo, mesmo tendo recuperado de uma desvantagem considerável frente ao terceiro classificado.
Se, ao fim do primeiro tempo, parecia inevitável que os três pontos fossem para Lisboa, o cenário rapidamente mudou logo que começou a segunda parte.
Logo após o apito do árbitro para o recomeço do encontro, os homens da casa começaram a pressionar alto para condicionar a construção das águias, estratégia que as panteras não conseguiram executar na primeira parte.
Esta pressão abalou o Benfica, que foi recuando com o passar do tempo, sem conseguir assustar a defesa da casa, exceto por Rafa aos 58 minutos.
Após várias tentativas falhadas – o jogo ofensivo das panteras passou sempre por Sauer e Musa – e depois de muito luta, o Boavista, já com Kenji Gorré em campo, conseguiu chegar ao golo que dava esperanças de resgatar pelo menos o empate.
Aos 75 minutos, após uma tabela entre Musa e Sauer (quem mais), o brasileiro rematou de forma colocada e bateu Vlachodimos. A partida estava relançada.
Três minutos depois, Hamache causou calafrios aos benfiquistas, ao enviar uma bola ao poste: as ameaças boavisteiras continuavam, com o Benfica a ser cada vez mais sufocado, sem conseguir sair da pressão.
Até que, quando faltavam apenas dez minutos para os noventa, apareceu Makouta, com um remate colocadíssimo, a fazer o 2-2, que deixava tudo empatado.
O golo do congolês levou o estádio do Bessa ao rubro, e empolgou os adeptos, que puxaram até ao fim pela vitória axadrezada.
O terceiro golo da equipa de Petit não chegou a aparecer, mas ficou a imagem de uma equipa lutadora e de grande personalidade e intensidade competitiva.
Apesar do bom resultado e da recuperação notável, os pupilos de Petit continuam sem vencer e já não sentem o sabor da vitória há dois meses, somando oito empates e uma derrota nos últimos nove jogos. Estão, para já, na 12.ª posição à espera de ver o que fazem Paços de Ferreira, Tondela e Famalicão.
Já as águias cedem novo empate, após dois triunfos consecutivos para a Liga, e podem voltar a distanciar-se dos rivais da frente: FC Porto (a nove pontos) e Sporting (a três), ambos com menos um jogo.
Petit: “Merecíamos os três pontos”
Na conferência de imprensa pós-jogo, Petit mostrou-se contente com a reação da equipa na segunda parte, afirmando que o Boavista merecia ter vencido a partida: “Na primeira parte, fomos passivos, receosos e deixámos o Benfica circular a bola. Na segunda parte, fomos uma equipa mais pressionante, mais intensa, a criar situações de golo. Foi completamente diferente. Conseguimos chegar à igualdade e por aquilo que fizemos na segunda parte merecíamos os três pontos.”
Também depois do término do encontro, Nélson Veríssimo reafirmou que o objetivo do Benfica continua a ser o primeiro lugar, apesar dos dois pontos perdidos: “Há a possibilidade de os nossos adversários se afastarem mais dois pontos, mas o objetivo continua a ser o mesmo: chegar ao primeiro lugar. A perda de dois pontos continua a ser um grande revés. Mas não vamos abdicar desse objetivo”.
Na próxima jornada, a 24.ª do campeonato, o Boavista desloca-se ao Estoril, no dia 27 às 18h00, e o Benfica recebe o Vitória SC, na Luz, depois de disputar a primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões na quarta-feira (23), diante do Ajax.