A escritora vence o Prémio Literário Casino da Povoa com o livro de contos "Afastar-se", o primeiro do género a vencer o certame.
O livro “Afastar-se” garantiu, esta quarta-feira da manhã, à escritora Luísa Costa Gomes, o Prémio Literário Casino da Póvoa, o mais importante do festival literário de Correntes d’Escritas, que decorre até dia 26 na Póvoa de Varzim. É primeira vez que um livro de contos vence este grande prémio. A obra sucede a “Estranhezas”, de Maria Teresa Horta, distinguido no ano passado.
Segundo a nota de imprensa da editora da autora, a Dom Quixote (Grupo Leya), o júri decidiu distinguir a obra entre as demais pela “coerência na diversidade deste livro de contos, género em que a autora se tem destacado ao longo de 40 anos de vida literária, bem como a constante procura da forma adequada que Luísa Costa Gomes persegue em cada conto”.
O jurí, constituído por Ana Maria Pereirinha, Carlos Quiroga, Carlos Vaz Marques, Isabel Lucas e Isabel Pires de Lima, destaca “o rigor constante de Costa Gomes no domínio da escrita”, sobretudo no “contundente uso da ironia”, acrescenta a agência Lusa.
Sobre o tema que dá corpo aos 13 contos incluídos na obra, a água, Luísa Costa Gomes explica, numa declaração reproduzida pela sua editora, que foi colecionando esses constos ao longo dos últimos cinco anos. “Ela está sempre presente [a água], doce, clorada, salgada, mais larga ou mais discreta, no oceano aberto onde se experimenta o abandono e a sobrevivência, no duche redentor que muda em narrativa irónica uma experiência de quase morte, na saliva que prepara a cinza, na piscina adorada que e meio de transmutação alquímica. Será esta colecção, talvez, em arco abrangente, uma reconciliação pela água: um livro termal, se quiserdes.”
Luísa Costa Gomes, nascida em 1954, é licenciada em Filosofia. Foi professora secundária e diretora da revista de divulgação de contos “Ficções”. Estreou-se nos romances com “O Pequeno Mundo”, vencedor do prémio D. Diniz da Casa de Mateus em 1988.
A sua obra estende-se, também, para lá de contos e romances, a crónicas e traduções de peças teatrais. Dessa foram também premiadas “Olhos Verdes” (Prémio “Máxima” de Literatura, 1995); “Contos Outra Vez” (Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores, 1997); “Ilusão (ou o que quiserem)” (Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol, 2010); “Cláudio e Constantino” (Grande Prémio de Literatura dst, 2014) e “Florinhas de Soror Nada, a Vida de Uma Não-Santa” (Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues, 2018).
A escritora irá receber o prémio avaliado em 20 mil euros este sábado, dia 26 de fevereiro, data em que encerra a 23.ª edição de Correntes D’Escritas, a decorrer na Póvoa de Varzim desde terça-feira, 22.
Artigo editado por Filipa Silva