A Rússia começou uma ofensiva militar em território ucraniano durante a madrugada. As primeiras explosões ouviram-se por volta das 3h30 (hora de Lisboa) e horas depois tropas terrestres entraram na Ucrânia pelo norte, nordeste e sul (Crimeia).

Alexandre Pinto. Foto: Ernesto Leite

Alexandre Pinto, que vive na Ucrânia há 17 anos, declarou ao JPN que vai permanecer na Ucrânia, tendo em conta que a sua família e negócio estão lá estabelecidos. “Não vou deixar ninguém para trás”, acrescentou o português.

A embaixada portuguesa entrou em contacto com os portugueses, aconselhando-os a abandonar o território ucraniano preferencialmente através das fronteiras com a Polónia e a Roménia. No entanto, o empresário de 57 anos, que ouviu “o barulho de aviões a jato a passar por cima da cidade, em direção a Kiev”, pela manhã, está agora em Poltava, onde se encontra grande parte da sua família.

Pelo contrário, vários cidadãos ucranianos tentaram sair das cidades, na qual residiam, durante a manhã. Alexandre revelou que existiam “grandes filas em bombas de gasolina”, embora admita ser difícil atravessar todo o território ucraniano apenas com um tanque de combustível.

No entanto, o empresário revela que nem todas as pessoas têm recursos financeiros para abandonar a Ucrânia. Neste sentido, o português acredita que “é um bocado o jogo dos números. O que é que é melhor fazer? Ficar no sítio ou movimentar-se?”. Diz também que os locais onde se verifique uma maior concentração de pessoas poderão ser alvos a atingir.

Além disso, quando o JPN conversou com Alexandre Pinto, os multibancos não estavam a funcionar em alguns locais de Poltava ou então começavam a “racionar a 3.000 hryvna por cartão, que é sensivelmente menos que 100 euros”. Os “produtos essenciais já começam a esvaziar das prateleiras” às primeiras horas da manhã.

O empresário português alertou para o facto de “o Presidente da Ucrânia não se cansou de apelar a essa situação há semanas para cá, que a ajuda será necessária antes e não depois. E, infelizmente, o que acontece é que já estamos no depois e agora toda a gente começa a falar em sanções”.  Alexandre Pinto considera que as medidas impostas à Rússia deverão ser “drásticas o suficiente para parar definitivamente”.

Apesar das mensagens do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o português revela que “começa a ser difícil acreditar nessas palavras, porque as coisas estão a desenvolver-se de uma maneira muito negativa”.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha