Sindicato lançou petição na sequência de novo episódio de violência contra profissionais de saúde, em Famalicão, e insiste na necessidade destes casos serem considerados crimes públicos. Presidente do Sindicato dos Enfermeiros lamenta, ao JPN, que muitos destes processos não cheguem aos tribunais.
Depois das agressões que tiveram lugar na urgência do Hospital de Vila Nova de Famalicão na madrugada de terça-feira, Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), disse ao JPN que “é fundamental que o Governo reconheça a perigosidade e risco da profissão, para além do seu desgaste rápido”. Nesse sentido, foi criada uma petição que já soma mais de 27 mil assinaturas – um número “para lá das expectativas” do dirigente do sindicato.
Assim, os enfermeiros esperam poder ser incluídos no estatuto de Profissão de Risco e de Desgaste Rápido, que, segundo o Artigo 27º do Decreto-Lei n.º82-E/2014, só é reconhecido às profissões de mineiro, pescador, desportista e bailarino profissional.
Numa nota à imprensa, Pedro Costa explica que os ataques desta semana vieram fortalecer a “razoabilidade das pretensões” dos enfermeiros. Em declarações ao JPN, acrescenta que também é prioritário pressionar a Assembleia da República a classificar os ataques aos profissionais de saúde como um crime público, para “evitar que situações como a que aconteceram em Famalicão estejam dependentes de queixas e de um processo-crime para poderem avançar.”
O representante do SE esclarece que a legislação em vigor não permite celeridade na conclusão dos processos e lamenta a situação dos profissionais de saúde, que “se arrastam anos nestes processos” e “no limite, terão que continuar a atender essas pessoas [os agressores]”.
Os dados divulgados pelo Sindicato dos Enfermeiros numa nota à imprensa revelam que os casos de agressão têm vindo a aumentar nos últimos anos e “só não são mais graves porque em 2020 a pandemia afastou muitos cidadãos das unidades de saúde.” Em 2021, a plataforma Notifica da Direção-Geral da Saúde registou 752 ocorrências – número que representa um aumento de 4% face ao ano anterior.
Pedro Costa pede que sejam criadas condições para que os enfermeiros – em especial os que trabalham em contexto de serviço de urgência – possam exercer a sua profissão de forma segura. O presidente do sindicato quer mais policiamento nas unidades de saúde e sanções mais pesadas para quem agride, verbal ou fisicamente, os profissionais de saúde.
A petição ainda se encontra online e continua a recolher assinaturas.
Artigo editado por Filipa Silva