De acordo com uma análise feita pelo jornal “Público”, os alunos do ensino superior devem, pelo menos, 38 milhões de euros às 17 (de 29) instituições públicas que disponibilizaram dados para a comparação, feita entre o final de 2019 e o início deste ano. O valor da dívida disparou depois do início da pandemia, verificando-se um aumento de 35% face à realidade pré-pandémica.
Nos piores cenários, algumas instituições de ensino superior viram a dívida dos estudantes aumentar entre 50 e 70% nos últimos dois anos, como é o caso do Instituto Politécnico de Bragança (IPB). O diretor, Orlando Rodrigues, assegura que antes da pandemia “o valor de propinas em dívida mantinha-se estável”.
Um pouco por todo o país, a culpa é atribuída à Covid-19, que deixou muitas famílias em situações financeiras vulneráveis. Na capital, João Machado, presidente da Federação Académica de Lisboa, afirma que “mais de um quarto [dos estudantes] viu os rendimentos das suas famílias serem afetados durante esse período”.
No Porto, a homóloga, Ana Gabriela Cabilhas, acrescenta que os estudantes mais afetados são “de classe média e média-baixa cujos rendimentos familiares ficam a muito pouca distância do valor definido para ter acesso aos apoios e que, por isso, não usufruem da bolsa de estudo”.
A direção do Politécnico de Coimbra considera que o ensino à distância também pode ter contribuído para esta realidade, resultando no “descuido no pagamento” das propinas.
Artigo editado por Tiago Serra Cunha