Pelo menos 26 feridos foi o resultado do jogo entre os mexicanos do Querétaro e do Atlas. A jornalista mexicana Mac Reséndiz contou ao JPN alguns pormenores das cenas de violência que se passaram no México, no último fim de semana. No Brasil, uma rixa entre adeptos do Atlético Mineiro e do Cruzeiro terminou numa morte. Abel Ferreira “repensa” a permanência no Brasil.

A claque do Querétaro F.C. tem fama de ser problemática. Queretaro F.C./Facebook

O jogo entre o Querétaro e o Atlas, do México, no último sábado, terminou com dezenas de feridos, alguns em estado grave. Ao JPN, a jornalista Mac Reséndiz, da ESPN, contou que este é sempre um jogo de alto risco. A jornalista mexicana adiantou ainda que, além os feridos, há relatos de pessoas desaparecidas.

No Brasil, um adepto do Cruzeiro morreu, depois de ter sido baleado, numa rixa entre adeptos da equipa de Belo Horizonte e do Atlético de Minas Gerais. Abel Ferreira, na conferência de imprensa, depois do jogo contra o Guarani – que venceu por 2-0 –, reagiu ao sucedido e admitiu repensar a continuidade no país, por questões de segurança.

Dois episódios de grande violência que marcaram o fim de semana desportivo nas Américas.

Pancadaria nas bancadas e no relvado

Decorria o minuto 63 e o marcador assinalava 1-0 para os visitantes, quando o árbitro da partida entre o Querétaro e o Atlas interrompeu o jogo, por confrontos nas bancadas. No último sábado, foram hospitalizadas dezenas pessoas, na sequência de atos de pancadaria entre os adeptos das duas equipas.

Numa partida que denomina de “alto risco, dada a rivalidade que vem de há muitos anos” entre as duas equipas do centro do México, a jornalista Mac Reséndiz lamentou, ao JPN, a falta de segurança e preparação de um jogo daqueles: “Uma das situações que gerou mais polémica é que se pensa que não houve um número de elementos de segurança adequado para este jogo”.

Com o caos instalado, os seguranças do Estádio La Corregidora permitiram que os adeptos se refugiassem no relvado, mas foi lá que as cenas de pancadaria continuaram. As equipas foram forçadas a sair do campo e a partida acabou por ser suspensa.

A jornalista mexicana explica que “já tinha havido outros problemas parecidos entre as claques, mas nunca desta magnitude”.

Num comunicado, publicado, horas depois, nas redes sociais da Liga Mexicana de Futebol, o presidente executivo da liga, Mikel Arriola, acabou por suspender todos os jogos que ainda se iam jogar no fim de semana, em solidariedade com as vítimas. No mesmo comunicado, Mikel Arriola condenou os atos de violência e disse que os responsáveis pela falta de medidas de segurança no estádio não iriam passar impunes.

Apesar das autoridades responsáveis garantirem que, para já, “apenas” há registo de pessoas feridas, a jornalista Mac Reséndiz conta que já ouviu relatos de gente que diz não saber de amigos e família e que asseguram que há gente que morreu: “Ontem, houve uma conferência de imprensa onde se juntaram o dono do Querétaro, alguém da autoridade local e o presidente da Liga, Mikel Arriola, na qual falaram e reiteraram que não faleceu ninguém, mas as pessoas dizem que eles querem esconder a situação e asseguram que há mortes. Há gente que não sabe de familiares. Isto é dito por pessoas, nas redes sociais, mas as autoridades dizem algo um pouco diferente”.

A Federação Mexicana de Futebol informou, em comunicado, que a Comissão de Disciplina já abriu uma investigação sobre os acontecimentos ocorridos no Estádio La Corregidora, no último sábado.

Em comunicado, o Querétaro mostrou-se disponível para colaborar com as autoridades “para que se atue energicamente contra qualquer responsável”.

De igual modo, o Atlas exigiu investigações por parte das autoridades mexicanas, a fim de “determinar responsabilidades, para os que estão envolvidos e aplicar-se toda a força da lei”, como se pode ler no comunicado.

O Governador do Estado de Querétaro, Mauricio Kuri, fez saber, via redes sociais, que “deu instruções para que se aplique a lei com todas as suas consequências”.

Ontem, domingo, noutro comunicado da Liga, o Comité Executivo anunciou que as próximas partidas do Torneio Clausura vão ser jogados à porta fechada, até novo aviso.

A FIFA também já reagiu ao sucedido, num comunicado, onde “condena os bárbaros incidentes e encoraja as autoridades locais a fazer rápida justiça aos responsáveis”.

De relembrar que o México vai receber pela terceira vez na sua história o Mundial de Futebol, em 2026. Desta vez, conjuntamente com os Estados Unidos da América e o Canadá.

Violência preocupa Abel Ferreira

No Brasil, o fim de semana desportivo também ficou marcado pela morte de um adepto de futebol, em Belo Horizonte. Numa rixa entre os aficionados do Atlético Mineiro e do Cruzeiro, um homem foi baleado e morreu, antes do clássico que terminou com a vitória do Atlético por 2-1. A vítima tinha 25 anos.

Abel Ferreira, que ontem entrou em campo e venceu o Guarani por 2-0, reagiu ao sucedido, na conferência de imprensa. O treinador do Palmeiras foi claro ao dizer que vai refletir sobre a sua permanência no Brasil, por questões de segurança: “A segurança preocupa-me muito. Ontem, tinha visto as imagens que vi do México, e quando me dizem que se está a passar a mesma coisa no futebol brasileiro… Eu vou ter de pensar muito bem naquilo que quero para mim e para a minha família. Preciso de me sentir se seguro e, para me sentir seguro, os organismos responsáveis, quer do futebol, quer extra futebol, têm de dar a cara e tomar medidas. Não podemos fazer de conta que não se passa nada”.

Em fevereiro, um adepto do Palmeiras também foi morto, no meio de confusão entre grupos de adeptos e polícia. Esta ocorrência deu-se, em São Paulo, após a final do Mundial de Clubes que o Palmeiras perdeu para o Chelsea, quando milhares de adeptos se juntaram para ver a equipa paulista à distância. Das rixas resultaram uma vítima mortal, que foi baleada, e 15 feridos.

Artigo editado por Filipa Silva