O FC Porto regressa esta quarta-feira à Liga Europa pelas 17h45, no Estádio do Dragão, onde vai receber os franceses do Lyon. O JPN desconstrói ao detalhe o adversário dos dragões.

O FC Porto joga esta quarta-feira no Estádio do Dragão, pelas 17h45, a primeira mão dos oitavos de final da Liga Europa frente ao Lyon. Os gauleses encontram-se em 9.º lugar na liga francesa, mas a edição deste ano da Liga Europa tem sido palco de grandes exibições por parte dos franceses, que venceram cinco dos seis jogos. Afinal, como joga este Lyon?

História dita um FC Porto dominante

Os dragões e os gauleses encontraram-se em duas eliminatórias: o primeiro confronto foi na Taça das Taças, atual Liga Europa, na época de 1964/65; quarenta anos mais tarde, os dois defrontaram-se nos quartos de final da Liga dos Campeões de 2003/04, ano em que o FC Porto se sagrou campeão europeu. Nas quatro ocasiões em que as duas equipas se defrontaram, o FC Porto nunca perdeu para o Lyon, tendo vencido três dos quatro embates e empatado um.

As duas formações voltam a encontrar-se esta quarta-feira para jogar a primeira mão dos oitavos de final da Liga Europa, competição que o FC Porto venceu por duas vezes (ambas neste século) e que os gauleses nunca conquistaram. Do total de partidas disputadas na segunda maior competição europeia, o FC Porto venceu 51% e perdeu 32%, já o Lyon venceu 58% e perdeu 25%.

O FC Porto, para além de ter vencido os seus últimos seis jogos contra equipas francesas, não perde em casa contra clubes da liga francesa desde 1971, ano em que perdeu por 2-0 frente ao Nantes, clube que curiosamente já foi treinado por Sérgio Conceição.

Fase de grupos quase perfeita dos gauleses

A história pouco traduz o momento do Lyon na Liga Europa. O FC Porto apanha um conjunto numa (relativamente) boa onda de resultados, após um péssimo arranque de época. Essa onda tem-se refletido, especialmente, na competição em causa: em seis jogos na fase de grupos, o Lyon ganhou cinco e empatou um, sendo a equipa com mais vitórias e mais golos apontados.

Equipa instável em França

Depois da conquista do quarto lugar e de ficar a apenas sete pontos do líder Lille no ano passado, o Lyon é, este ano, o nono classificado na Ligue 1. Esta temporada, sem a sua estrela Memphis Depay, que partiu para o Barcelona FC, sem um onze inicial bem definido e com uma defesa assombrada pela lesão do seu ‘dono’, Denayer, os gauleses têm sido instáveis sob o comando do novo treinador Peter Bosz. Todavia, se a defesa sofre em 70% dos jogos, o ataque concretiza em 88%, e se os azuis e brancos vêm de golear em Paços de Ferreira por 2-4, os gauleses fizeram o mesmo em Lorient antes da ida ao Dragão, voltando a casa com uma vitória por 4-1.

É também facto que o FC Porto está numa forma quase imbatível, com 17 vitórias e 3 empates nos últimos 20 jogos. Nos últimos dez jogos fora, o Lyon venceu metade, perdeu dois e empatou três. No entanto, não tem nenhuma derrota nos últimos 5 jogos.

De Anthony Lopes a Moussa Dembelé: quem serão os escolhidos para domar o dragão?

 
                   A estrela: Lucas Paquetá                                                                       O técnico: Peter Bosz

 

Investida no ataque provoca debilidades defensivas – como joga este Lyon?

Com um valor de mercado de 316 milhões de euros e em 22.º no ranking da UEFA, o atual nono classificado na liga francesa apresenta-se com uma equipa jovem (uma média de idades de 24.5), com onze jogadores internacionais.

Apesar de não estar nem perto de fazer a sua melhor época, o 4-2-3-1 do Lyon, o preferido do novo técnico Peter Bosz, é bem capaz de fazer mossa na muralha portista. A equipa francesa também se apresenta regularmente com uma linha de 3 defesas (3-4-2-1), alimentando-se da rapidez do seu contra-ataque.

À frente de Anthony Lopes, o Lyon tem apresentado uma linha defensiva instável e com fraca resposta contra adversários que dominam a posse de bola, como os azuis e brancos.  É no meio-campo, recheado de opções habilidosas, polivalentes, criativas e com grande qualidade de passe, que estão as grandes armas dos gauleses. Tal como o FC Porto de Conceição, este Lyon gosta de ter bola, e quando está sem ela é usual pressionar alto para a recuperar. Os homens mais avançados de Peter Bosz têm ordens para efetuar alta pressão e, com a redonda a chegar ao seu meio-campo, vemos muitas vezes o Lyon formar duas linhas horizontais concisas: a da defesa e uma segunda composta pelos móveis médios.

Na fase ofensiva, em 4-2-3-1, é frequente ver Ekambi juntar-se a Dembelé na frente, com os restantes elementos do meio-campo a formar o quadrado composto por dois trincos e dois médios ofensivos ou o losango em que Paquetá permanece mais adiantado, permitindo aos laterais, de cariz ofensivo, avançar no terreno e participar (e muito) no processo de ataque do Lyon.

Com bola, dá muita largura e terreno a esses laterais, enquanto os criativos médios fecham e tentam pegar no jogo. Dembelé e Ekambi vão empurrando a defesa, com os médios a formar o losango, e muitas vezes a equipa adversária acompanha-os e esquece os laterais, abertos no outro lado das quatro linhas. É também comum ver Paquetá, Aouar ou um dos avançados fugir entre os defesas para passes profundos, que mais tarde criam estragos seja no 1 para 1, seja no passe rápido para quem aparecer na área, que tanto pode ser Dembelé como um dos médios mais recuados, que se mostram sempre disponíveis para participar no golo.

Ponto Forte: a criatividade

Num dia bom, o Lyon tem demasiadas ameaças ofensivas do meio-campo para a frente, com jogadores capazes de criar oportunidades de golo em praticamente todas as posições. Dembelé, o melhor marcador da equipa, sabe como e onde beber da criatividade de Caqueret, Aouar, Paquetá e do recém-chegado Faivre, cujo pé esquerdo já provou fazer estragos.

Ponto Fraco: a defesa

O Lyon enfrenta desde o início da época dificuldades no setor defensivo, que parece apresentar-se constantemente pouco coeso e organizado. Um ponto fraco que os azuis e brancos devem (e vão) explorar.

Artigo editado por Filipa Silva