A campanha de sensibilização regressou este ano para a 2.ª edição, numa parceria entre a Ascendi e as forças de segurança pública. O objetivo é ensinar aos mais novos, de forma divertida, que não se deve usar o telemóvel durante a condução.
Na última terça-feira, o Fórum Maia recebeu cinco escolas primárias no âmbito do projeto “Patrulha Júnior” – uma campanha que quer ensinar às crianças os riscos de usar o telemóvel na estrada. Para as instituições envolvidas, a sensibilização é essencial “porque este é um dos principais fatores de ocorrência de acidentes”, disse Sílvia Caçador, Comissário da Polícia de Segurança Pública, ao JPN.
À medida que a hora do espetáculo se aproximava, o entusiasmo era visível na cara dos pequenos que se iam agrupando à porta do Fórum Maia de acordo com as orientações das professoras. Para satisfação de todos (exceto, talvez, dos adultos responsáveis por controlar a barafunda), o aborrecimento não se instalou graças à presença de vários amigos de quatro patas, a quem as crianças puderam fazer festas.
Já dentro do Grande Auditório, a algazarra intensificou-se, fruto da interação entre os miúdos e a personagem principal da peça – que os viria a “guiar” ao longo da sessão. A história apresenta o grupo de amigos da Maria, do Pedrinho e do Manel, cujo cão, o Xico, é atropelado por Filipa Neto, uma personagem viciada em redes sociais, que usa o telemóvel enquanto conduz.
As emoções estiveram ao rubro ao longo de toda a peça, com os pequenos a aplaudir e a vaiar as diversas personagens consoante os comportamentos mais ou menos adequados que exibiam, mostrando grande atenção às lições ensinadas pelos agentes da polícia. A participação dos profissionais das forças de segurança foi requisitada para reforçar a importância do assunto tratado pelo teatro. Estiveram envolvidos os bombeiros, a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Ascendi.
Sílvia Caçador, Comissário da PSP, explicou ao JPN que “as crianças podem ser um veículo de transmissão da informação para os pais” e por isso é importante sensibilizá-las, para que no futuro também possam ser “condutores mais conscientes”. No fim da peça, os agentes de segurança recrutaram os pequenotes como membros da Patrulha Júnior, com a oferta de um crachá e um manual do Bom Agente, “para que se sintam ainda mais ligados a este projeto” e “ tenham uma ação de fiscalização sobre os pais”.
À saída do auditório, o JPN teve oportunidade de conversar com algumas crianças sobre o que aprenderam durante a peça de teatro. Quando questionados sobre se os pais usam o telemóvel enquanto conduzem, o Tiago, a Vitória e a Margarida, alunos do 4.º ano da EB1 de Monte Calvário, soltaram um “sim” em uníssono.
“Eu já avisei muitas vezes os meus pais para não falar ao telefone quando estão a conduzir ou a passar a passadeira” e “ontem nós estávamos na passadeira e a minha mãe atendeu o telemóvel e eu avisei-a!” – foram as explicações que se seguiram sobre as suas próprias respostas ao comportamento dos pais.
Esta não foi a primeira vez que as crianças ouviram falar de segurança rodoviária. Segundo a professora Joana Coutinho, o assunto “faz parte do conteúdo programático da disciplina de Estudo do Meio” e a escola está envolvida na campanha de prevenção desde 2019, o ano da 1.ª edição. “No ano passado recebemos o Renato Pita [piloto de rally] e a polícia municipal também tem feito intervenções junto das turmas.”
Logo a seguir às infrações por excesso de velocidade, utilizar o telemóvel durante a condução é o erro mais comum cometido pelos portugueses. O Relatório de Segurança Interna (RASI) mais recente mostrou que as ações de fiscalização rodoviária resultaram no registo de quase 27.500 ocorrências em que o condutor estava a usar o telemóvel. Ainda assim, são menos 7.339 que no ano anterior.
Mesmo “sem grandes certezas”, a Comissário da PSP, Sílvia Caçador, atribui algum deste sucesso à campanha da Patrulha Júnior. “No feedback das escolas, algumas crianças contam que já viram os pais a tentar conduzir com o telemóvel e pediram para não o fazerem porque tinham assistido a esta ação de sensibilização.”
A iniciativa estende-se a vários municípios abrangidos pela rede de autoestradas Ascendi. A última paragem foi a Maia e a próxima será Espinho. Para além de assistir à peça de teatro que está “em digressão”, as escolas podem participar num concurso ao nível nacional, que pretende fomentar a criação de trabalhos artísticos sobre a segurança rodoviária. As propostas podem ser submetidas no email da Ascendi.
Artigo editado por Filipa Silva