A banda lançou em fevereiro o sexto disco de longa-duração, "ERRÔR". O JPN falou com dois dos integrantes, horas antes de um concerto em Ílhavo, sobre o álbum, a saída do guitarrista Pedro Geraldes e os seus projetos atuais.

Seis discos, três EPs, passagens por Coliseus e festivais de norte a sul. Com um currículo respeitável, os Linda Martini contam já 19 anos de carreira, mas ainda não mostram dores de crescimento ou vontade de abrandar. O JPN esteve à conversa com André Henriques e Cláudia Guerreiro, dois terços da banda de “ERRÔR”, o novo longa-duração lançado a 25 de fevereiro.

JPN – O álbum chama-se “ERRÔR”, que no dicionário significa erro ou viagem sem rumo. De onde veio o nome?

Cláudia Guerreiro (CG) – O nome passou porque houve pessoas que o deixaram passar [risos], porque não foi um nome consensual. Isto é tudo o que eu tenho a dizer sobre o nome, o resto dirá o André.

André Henriques (AH) – Sim, a ideia foi exatamente essa, esse segundo significado da viagem sem rumo. Pareceu-nos que era uma analogia interessante com este tempo que estávamos a viver, da pandemia. [Com] os próprios atrasos e recuos que o disco foi sofrendo na calendarização, tanto da gravação como da edição, [o disco] acabou por ser muito marcado por isso. A ideia do “ERRÔR” foi porque facilmente percebemos que, apesar da palavra existir no dicionário português, a maioria das pessoas ia ler aquilo à inglesa e iam pensar que era error. Pareceu-nos interessante forçar mais esse erro e forçar a leitura que queríamos. O erro também está sempre presente na nossa música, desde o início. Todos somos autodidatas. O erro é muito a nossa praia e o nosso método. Depois, acabou por haver uma feliz coincidência porque a Cláudia tinha feito uma residência [artística] uns tempos antes.

CG – Fui um tempo para fora para trabalhar, para procurar alguma coisa um bocadinho sem rumo. Foi uma coincidência, porque o meu processo foi mesmo de encontro a este nome. Andei à procura de alguma coisa e saíram algumas imagens. Quando lhes mostrei, eles disseram: “Olha, é isto. ‘Bora”.  Aquele borrão que acaba por ser a nossa capa parece um erro, mas não é. É uma procura, fruto de um trabalho que eventualmente chegou a alguma coisa. Nesse sentido, acabou por colar muito bem.

A capa do disco “ERRÔR” foi desenhada pela baixista da banda, Cláudia Guerreiro.

JPN – O processo do álbum foi atrasado. Esta que foi a maior pausa entre discos desde o “Casa Ocupada” foi acidental?

CG – Nós começámos a fazer o disco bastante cedo, estávamos todos cheios de vontade e [a pensar] “isto vai ser super rápido”. Realmente, parece que só passaram dois anos, mas passaram quatro. Estou sempre com a ideia que foi muito rápido, mas foi o dobro do que era suposto ter sido e claro que a culpa foi da pandemia. Por nossa vontade, tinha sido em 2020.

JPN – O disco tem uma música chamada Rádio Comercial que, curiosamente, não é das rádios onde vocês mais passam…

CG – Ou de todo! [risos]

AH – Nunca passamos!

JPN – O título foi escolhido com tom irónico, ou tem outra mensagem que pretendem passar?

CG – Essa música foi feita e – como todas – foram feitas primeiro as músicas e só depois as letras. Quando acabámos de a fazer eu disse: “Já tenho nome para esta, vai ser «Rádio Comercial», é desta!”. Em sarcasmo, claro que esta nunca seria. E a partir daí, agarrando no nome, o André acabou por fazer uma letra.

AH – Nós damos sempre um nome de guerra enquanto a letra não está feita. Muitas vezes, quando se começa a pensar nos textos, são nomes que acabam por cair. Nesta, achei tanta piada a essa ideia da Cláudia, por ser a mais barulhenta, a mais inaudível. Claro que é completamente irónica. Nem nós temos a intenção de querer passar na rádio, nem eles têm a intenção de nos passar a nós. Mas no fundo, nessa ironia, também se reflete sobre o que é o bom gosto, o que é o passares na rádio. Será que o passar na rádio é um aval do que é boa música, o que é má música? Será que a rádio só passa boa música? Será se não passares na rádio a tua música não é boa? É um bocado uma reflexão sobre isso.

JPN – Os Linda Martini já têm quase 20 anos e com o passar do tempo, o vosso público foi crescendo. Sentem que em 2022 já se podem considerar uma banda mainstream?

AH – No meio da música em Portugal, que é um país tão pequeno geograficamente, é complicado dizeres o que é mainstream e o que é underground. Ainda me lembro de uma conversa que tivemos com o Santi Garcia [produtor catalão] quando fizemos o concerto no Coliseu, no início de 2020. Ele ficou impressionado [sobre] como é que uma banda com o nosso som conseguia público para encher um coliseu. Isso fez-me refletir sobre o que é isto de ser grande e ser pequeno. Por exemplo, nos Estados Unidos há tantas bandas de rock e bandas alternativas que, se calhar, se nós tivéssemos feito a nossa carreira lá, éramos mais uma. Aqui, como o mercado é pequeno, se calhar consegues ascender a outro tipo de visibilidade. Se perguntares diretamente se nós somos uma banda mainstream, eu acho que não. Nem toda a gente sabe quem são os Linda Martini, nem somos parados todos os dias na rua. Não somos os U2, nem sequer somos os Xutos e Pontapés. E também acho que o nosso som não é um som que seja de massas.

CG – Isso de ser mainstream é muito dúbio. Para seres mainstream tens que passar numa série de canais nos quais nós não passamos. Por acaso estivemos no 5 para a Meia Noite, mas também não é o melhor exemplo de programa mainstream, até porque passa uma hora que não é nada mainstream. Em conclusão não, acho que não.

JPN – Que objetivos é que vocês têm definidos e que ainda faltam cumprir?

AH – Nós nunca tivemos o objetivo sequer de tocar no Coliseu e já lá tocámos uma quatro vezes. Isto é mesmo verdade. Nós fizemos a banda porque sempre tivemos bandas, desde miúdos. Essas foram dando noutras, foram saindo pessoas e entrando outras e acabou por se cristalizar aquilo que são os Linda Martini. O objetivo que nós tínhamos era só o de fazer música e divertirmo-nos. Claro que depois percebemos que existia mais gente que gostava da música que fazíamos. Com isso, passou de uma coisa que nós fazíamos aos fins-de-semana e conciliávamos com outras profissões a ser o grande foco daquilo que fazemos no dia a dia, apesar de também termos outras áreas de interesse e de trabalho.

CG – Não temos propriamente objetivos. Agora, se gostávamos que nos acontecessem algumas coisas… Bem, eu gostava de ir tocar fora de Portugal em sítios com condições. Adorava que isso acontecesse, mas não como objetivo, não é? Como parte do nosso percurso. Na verdade, o grande objetivo é conseguirmos manter isto. Nem sempre é fácil continuares uma coisa destas.

Aquilo que mais nos inspira é estarmos a tocar juntos.

JPN – Ainda é muito difícil ser músico em Portugal?

CG – Eu acho que sim, pelo que eu vejo à minha volta. Eu acho que nós tivemos muita sorte, fomos sempre bem acolhidos. Não te estou a dizer que somos milionários (risos). Há muita gente que não teve a sorte que tivemos. Eu nunca pensei que fosse possível estarmos como estamos. Está difícil, cada vez mais difícil pelas razões que todos nós sabemos. Não sei se melhorará em breve, creio que, para já, pelo que estamos a ver, só tende a piorar um bocadinho. Mas vamos ver durante quanto tempo é que conseguimos aguentar isto.

JPN – A música “E Não Sobrou Ninguém” fala de xenofobia, racismo, crescimento da extrema-direita. O processo de construção do “ERRÔR” foi muito permeável ao clima de tensão geral que existe atualmente?

AH – Sim, os instrumentais já estavam muito próximos daquilo que acabou por ficar no disco final, antes da pandemia ter rebentado. O grosso das letras foram feitos já durante a pandemia. Foi permeável porque era inescapável. Estávamos fechados em casa. As notícias que nos apareciam ou eram sobre Covid-19 e sobre continuámos a ficar fechados em casa, ou eram sobre essas patacoadas que iam aparecendo, como manifestações anti-antirracismo e estes movimentos todos que nos tiram do sério e que nos revoltam.

No momento onde tu estás fechado em casa isso ainda te revolta mais, porque não tens escapatória. Depois, há outro subtexto, que tem a ver com a questão da saúde mental, com o que este isolamento todo nos fez enquanto indivíduos. De repente, vês-te privado de estar com as pessoas de quem mais gostas, de fazeres as tuas atividades. O que é que isso faz pensar sobre ti, sobre os outros, sobre a tua vida?

JPN – O “ERRÔR” é um disco político?

AH – Sim. Quer dizer, nós nunca tivemos a preocupação, se calhar também por termos crescido com aquelas bandas do punk e do hardcore quando éramos muito miúdos e quando a banda começou. Nesse meio, [as bandas] são mais de nicho e é muito comum tu teres preocupações sociais, preocupações ambientais, preocupações políticas. E nós, que sempre crescemos com isso, quando fizemos a banda, nunca tivemos nenhuma preocupação de hastear bandeiras, não era uma coisa que queríamos. Nós nunca quisemos – e continuamos a não querer – ser a voz de ninguém senão a nossa própria.

CG – Nós podemos fazer isso no nosso dia a dia não precisamos de fazer isso na música. A música não nos serve para isso. Podes fazer música com outros fins.

AH – Eu não me sentei a pensar “vou fazer uma música sobre a ascensão da extrema-direita”. Aquilo aconteceu porque nós estávamos a fazer o riff e de repente aparece-me aquela frase do “preto, negro de cor escura” e eu percebi sobre o que é que era. Muitas vezes o meu trabalho nas letras é exatamente esse. Aparece-me uma frase ou uma ideia e, no fundo, é ir tentando puxar, puxar até perceber onde é que está o tema da canção. Há muitas músicas no passado que abordaram temas semelhantes. Agora, desta vez, as coisas, se calhar, estão é mais cruas e mais “na cara”. Então não me apetecia andar ali muito com metáforas nem com rodeios. Também houve outro fator: muitas vezes, quando vamos para estúdio, já tenho os textos todos feitos. Aqui, quando nós partimos para o estúdio, eu ainda ia com o trabalho a meio e então, a tal escrita intuitiva, desta vez ainda teve que ser mais intuitiva e mais desligada do pensamento e da intenção. Aquilo que eu disse é aquilo que eu quero dizer.

Um disco é uma fotografia das pessoas que o compuseram juntos. E nós sempre fomos uma banda muito democrática e fazemos as coisas muito partilhadas.

JPN – Vocês já tinham já tinham trabalhado com o Santi García [produtor de “ERRÔR”]. Foi uma escolha natural o trabalho com ele para este disco?

CG – Sim, depois do anterior foi mesmo muito natural, porque correu muito bem. Nós já tínhamos trabalhado com ele não diretamente no “Olhos de Mongol”. Era uma pessoa que já conhecíamos há muitos anos, já tinha trabalhado com outra banda do Hélio (If Lucy Fell). Era uma pessoa que vinha do mesmo meio que nós, embora de outro país, que tem o mesmo tipo de gosto musical que nós tínhamos. E para o “Linda Martini” começámos à procura de pessoas até que caímos no [nome] dele e correu espetacularmente bem. E quando está a correr bem, não mudes nada na equipa, como diz o outro [risos].

JPN – Ao falar de Linda Martini hoje, é impossível evitar a saída do Pedro. O que motivou esta saída?

CG – São coisas que acontecem em relações, não é? Às vezes, as pessoas precisam de seguir só caminhos diferentes. Não creio que haja muito mais a acrescentar.

JPN – Falaram que iam continuar como um trio. Neste momento está o Rui Carvalho (Filho da Mãe) a acompanhar-vos. Esta decisão de juntar o Rui à banda, foi uma decisão a curto prazo, ou planeiam continuar a ter músicos convidados no futuro, nos espetáculos ao vivo?

CG – Foi tudo muito em cima da saída do disco e tivemos que arranjar aqui uma solução. Foi muito natural, uma pessoa que nos é muito próxima que tem projetos com todos. Pareceu-nos que fazia sentido. Agora, de facto, neste momento, aquilo que nós consideramos é que a banda somos nós os três. As decisões são nossas, somos nós que estamos a dar as entrevistas. Ele está a fazer os concertos, está-nos a ajudar. O futuro ainda agora começou, temos muito tempo para ver o que é que vai acontecer. Continuarmos os três sozinhos está em cima da mesa, pormos alguém – poderá ou não ser o Rui – poderá ou não estar em cima da mesa, não sabemos ainda.

JPN – Em 2018, o JPN entrevistou-vos e vocês disseram: “o que nos diferencia é sermos nós quatro”. Com a saída do Pedro, espera-se uma mudança na identidade dos Linda Martini?

AH: Não querendo desvalorizar a saída do Pedro, que obviamente teve um peso grande nas nossas vidas pessoais, os Linda Martini começaram como cinco. Nós chegámos a ter três guitarras, sendo que o Sérgio Lemos, que foi a primeira pessoa que saiu da banda, [foi] talvez o principal responsável pela banda existir. Foi ele o “idiota” [risos] que teve a ideia de acabarmos uma banda que tínhamos, eu, ele e o Hélio e fazemos esta nova banda.

CG – Na verdade isto começou por um trio.

AH – O que nós queríamos dizer com essa ideia de que o que nos diferencia é sermos nós os quatro, na altura: quando juntas pessoas para fazer um disco, é a energia daquelas pessoas e daquelas cabeças que acaba por fazer aquelas canções. No momento onde nos deparamos com uma mudança de line-up, ainda não sabemos se vamos seguir a três, se vamos incorporar alguém. Mas aí, se voltares a fazer essa pergunta, a resposta vai ser parecida: o que é que nos diferenciou? Um disco é uma fotografia das pessoas que o compuseram juntos. E nós sempre fomos uma banda muito democrática e fazemos as coisas muito partilhadas. Quem está é quem vai levar o barco para a frente. O Pedro deixou a sua marca ao longo destes anos e obviamente que também tem a sua marca naquilo que nós fizemos, como o Sérgio também tinha tido. A partir de agora, as coisas serão necessariamente diferentes e não é mau que assim seja, é só uma circunstância.

Os três integrantes dos Linda Martini têm contado com a presença de Rui Carvalho (o guitarrista Filho da Mãe) nos concertos. Foto: Ana Viotti

JPN – Se compararem os Linda Martini do “ERRÔR” e os Linda Martini do primeiro EP, qual é a principal diferença?

AH – Tocamos muito melhor, escrevemos melhor, eu acho que fazemos tudo melhor [risos]. Para mim, o último disco que nós fazemos é sempre o meu preferido. É como em todas as profissões: quanto mais tu fazes, mais sabes fazer. Claro que também há muita beleza na ingenuidade. Há bandas que falam de discos anteriores e às vezes há quase uma vergonha. Eu por acaso sinto-me muito feliz, porque não há nada no nosso passado que eu diga que é horrível. Claro que sei que se fizesse aquilo hoje não iria soar assim porque nós somos pessoas diferentes. Agora, acho genuinamente que sempre que partimos para um disco, quisemos fazer um disco diferente, nunca nos quisemos repetir. Para mim, a grande diferença é essa: sabemos mais coisas, sabemos mais truques, vimos mais filmes, lemos mais livros, ouvimos mais música…

CG – E fizemos mais música. O primeiro disco tem muitas dificuldades. A principal é não te conhecerem de lado nenhum. Mas tem uma grande facilidade: é a primeira vez que tu estás a fazer coisas. Não corres o risco de te repetir, de ser chato. Tu estás à procura e vais encontrar sempre alguma coisa boa. A partir do partir do primeiro disco, começa a ser um problema. Encontrar coisas diferentes é sempre um problema. Então a grande diferença é essa: o primeiro disco foi toda uma descoberta espetacular. A partir daí, é uma descoberta com muito mais trabalho. E isso tem um valor muito grande.

JPN – E alguma vez sentiram aquele problema de fazerem um disco e no disco a seguir estarem preocupados com a expectativa de quem gostou muito do anterior?

CG – Não, felizmente. O que nos preocupa é a nossa expectativa, é aquilo que nós queremos. Isto pode parecer arrogante, mas não tem nada de arrogante. É assim que tem que ser, porque tu nunca vais agradar a toda a gente, não é? Tu estás preocupado com a expectativa de quem? De que público? Dos teus amigos? Do dos teus conselheiros? Do pessoal de Lisboa? Do pessoal do Porto? Do pessoal de Castelo Branco? Do pessoal das editoras? Pessoal da Rádio Comercial, pessoal da Antena 3? É mesmo um caminho que não vale a pena fazer. Fazes aquilo em que acreditas e depois logo se vê o que é que acontece. [Se] correr bem, melhor. Se correr mal, epá, é a vida.

JPN – Em 2022, sentem-se mais em casa no palco, no estúdio a construir o disco, ou são casas diferentes?

AH – Normalmente o disco não se constrói no estúdio, até porque o estúdio é caro. Claro que o estúdio permite experimentação e tens outras coisas que normalmente não tens na tua sala de ensaios. Onde nós nos sentimos muito bem, como eu disse há pouco, é no palco . Não há nada que pague tu estares numa sala pequena com pessoas cara a cara a cantares as tuas músicas e a entregares e veres essa energia devolvida.

O estúdio, obviamente, tem muitas coisas interessantes de um ponto de vista criativo, mas é uma coisa analítica. Vou gravar uma música e tenho que estar preocupado se o som que eu quero para aquela guitarra é aquele, se o riff que eu vou fazer é exatamente aquele… É sair de lá todos os dias com uma dor de cabeça do caraças porque a tua cabeça não parou de pensar e é extenuante. É muito recompensador quando consegues encontrar coisas novas. Mas ao vivo é só interpretares, é só desfrutar, é só ser bom. É só olhares para o palco, veres os teus amigos e fazeres aquilo que tu melhor conseguires fazer naquela noite.

JPN – A Linda Martini que deu o nome à banda, dezanove anos depois, já ouve Linda Martini?

CG – Não sei, nós não temos muita relação com ela. Ela, do que eu sei, sentia um certo orgulho que nós tivéssemos usado o nome. Não no início, mas depois quando viu que a banda ganhou alguma dimensão.

AH – Pelo que nós nos pudemos aperceber, ela é muito desligada das redes sociais, apesar de ser da nossa geração. É engraçado, porque as histórias que ouvíamos era de que algum amigo ou alguém próximo dela que de repente se deparava com a banda dizia: “sabias que há uma banda em Portugal com o teu nome?”, e ela: “sim, sabia. Estou farta de saber disso, desde 2006”. Acho que nunca foi a cena dela. Ela não é obrigada a gostar de uma banda com o nome dela [risos]. Sempre foi isso que a Cláudia disse, se calhar teve um carinho especial por essa coisa que é meio estranha e ao mesmo tempo mágica de ela ter estado cá a fazer Erasmus há muitos, muitos anos, no início da banda e, de repente, ela saiu do país, já não tem uma relação assim mais certa com o país, mas parece que deixou aqui uma coisa dela. Eu acho que isso a deixa de alguma forma feliz, mas acho que é só isso. Eu lembro-me sempre, quando se fala nessa coisa de Linda Martini, que havia há muitos anos uma banda inglesa chamada Rosa Mota.

CG – É um nome, os nomes tornam-se nomes da banda. No início as coisas têm uma razão para ser escolhidas. Depois torna-se só o nome da banda, é como os Xutos e Pontapés. É um nome, já ninguém pensa no que aquilo quer dizer. É um nome de banda, é só isso que é.