Os alunos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) reuniram-se esta terça-feira (22) à frente do edifício, revindicando contra o novo regime de exclusividade do bar situado no segundo piso da instituição de ensino, que passou a ter o acesso vedado aos estudantes. Os alunos manifestaram-se também contra a propina e contra a “elitização” no sistema de ensino.

Conforme conta Carolina Teixeira, estudante da FLUP e uma das responsáveis da iniciativa, antes da proibição ao acesso a este bar dos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto (SASUP) – que antes permitia que os alunos pudessem adquirir refeições e que usassem o espaço adjacente – os estudantes já vinham a fazer refeições em “condições precárias” e “pouco dignas”.

Carolina Teixeira explica ainda que a “situação agravou-se” devido às novas regras estabelecidas pela faculdade, que acabaram por afetar os estudantes que usavam o espaço como sala de estudo e cantina e que agora fazem estas refeições no bar principal, explorado por um negócio com gestão externa à universidade.

De acordo com a estudante, desde o início do ano letivo foi passado um documento pelos alunos especificamente sobre o bar do segundo piso, que reuniu 300 assinaturas. O abaixo-assinado foi entregue posteriormente à direção da faculdade.

Os manifestantes protestaram também “contra as propinas, contra elitização” e a favor de um “ensino superior público, democrático e inclusivo”, sustenta Carolina Teixeira em declaração ao JPN.

Carolina Teixeira acredita que a “falta de investimento” é transversal nas restantes instituições de ensino superior. A responsável da iniciativa disse crer na existência de “dificuldades ao nível das cantinas” na FLUP, contudo, considera que as últimas decisões têm “retirado ainda mais espaço aos estudantes”.

A iniciativa não faz parte da associação de estudantes (AEFLUP) e não se designa por nenhum nome: “é uma organização informal, sem cargos e que conta com a colaboração de todos”, afirma Carolina Teixeira.

Na parte da tarde, o professor e historiador Manuel Loff discursou sobre a “perspetiva histórica daquilo que foi a crise estudantil e a luta dos estudantes desde os anos 60”, como forma de celebrar o Dia Nacional do Estudante.

A manifestação foi monitorizada pela Polícia de Segurança Pública (PSP), uma “atitude normal”, como disse Carlos Soares, Chefe do Modelo Integrado de Proximidade da 2.ª divisão Policial do comando metropolitano do Porto. O objetivo é “proteger os manifestantes” e garantir que as pessoas que se encontram na manifestação o possam fazer com “toda a legitimidade que têm direito”.

Alunos manifestam-se em Lisboa esta quinta-feira

Está marcada para esta quinta-feira (24 de março) uma manifestação do Dia Nacional do Estudante, em frente à Assembleia da República (AR), em Lisboa. Este ano, o protesto coincide com os 60 anos da crise estudantil, que ocorreu em 1962.

Estão previstas três ações diferentes até à porta da AR. Carolina Teixeira disse que são esperadas “dezenas de estudantes da FLUP” no protesto. O transporte é assegurado pelo grupo e vai partir às 8h30, em Campanhã.

Foto: Inês Cristina Silva

De acordo com a agência Lusa, o primeiro protesto está marcado para às 14h30, na Praça do Rossio. O segundo protesto foi convocado pelo Movimento Académicas, constituído pelas associações académicas da Universidade dos Açores, Algarve, Aveiro, Beira Interior, Coimbra, Évora, Madeira, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro. Espera-se também, às 22h00, uma vigília em homenagem às vítimas da guerra na Ucrânia, promovida pela Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha