Esta quarta-feira (23), junto às instalações da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), dezenas de estudantes da instituição reuniram-se em manifestação contra o aumento das propinas de mestrado anunciado na semana passada. A atualização aumenta o atual valor para mais do dobro, saindo de 697 euros anuais para 1.500 euros e, em alguns cursos, até mesmo 2500 euros.
Em petição dirigida à direção da FEUP e ao Conselho Geral da Universidade do Porto (UP), os estudantes posicionaram-se contra o aumento, referindo que, mesmo que “não se aplique aos estudantes de transição”, manifestam-se perante o “súbito aumento do valor da propina, que prejudicará, por exemplo, todos os estudantes atualmente no 1.º ano da licenciatura e que queiram ingressar no mestrado, elitizando ainda mais o acesso ao segundo ciclo de estudos e limitando a igualdade de oportunidades”.
A manifestação foi motivada pela “alteração no valor de propina para quem quer passar cinco anos na faculdade, na mudança de ciclo”. Até ao ano passado, o regime era de mestrado integrado. Atualmente, um estudante que entre no 1.º ano de licenciatura e quiser seguir para o 2.º ciclo vai ter sua propina aumentada para acima do dobro. “Esta não é uma alteração de valor aceitável e nem nos foi dada alguma justificação para esse valor”, disse Miguel Lopes, estudante do 5.º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica na FEUP, ao JPN.
Ainda na petição, defendem que, face à pandemia de Covid-19, muitas famílias tiveram baixas nos rendimentos, o que fez com que diversos estudantes tivessem de abandonar os estudos de ensino superior. Estes estudantes alegam que “não foi apresentado nenhum argumento” para este aumento. Em sequência da petição e do abaixo-assinado, os estudantes concentraram-se junto ao edifício de Engenharia da UP.
Alunos referem não ter recebido resposta da FEUP
Os estudantes de Engenharia fizeram-se ouvir no edifício, com faixas que se manifestavam “contra a subida de propina de segundo ciclo na FEUP”. Ao longo da tarde, cantavam: “quero ser engenheiro sem gastar mais dinheiro”.
O movimento foi organizado por uma associação de estudantes denominada A Voz do Engenheiro, uma organização que se juntou para reivindicar melhorias no percurso dos alunos que frequentam a FEUP.
“Tentamos agregar todas as associações da faculdade em sequencia da petição que criamos. Marcamos esta manifestação pois acreditamos que tenha o seu valor reivindicativo, mas esperamos que não fique por isso”, disse Miguel Lopes.
Com esta mobilização, os estudantes querem ser ouvidos pela instituição para que este problema seja resolvido ou amenizado de alguma forma, para que o futuro de novos estudantes “não seja prejudicado”.
Até agora, não receberam nenhuma reposta formal da FEUP ou da UP em relação a esta posição. “Ainda não recebemos nenhum comunicado formal da faculdade. Procuramos o apoio da Associação de Estudantes da FEUP [AEFEUP], mas não o obtivemos, o que nos limita um pouco na busca desta resposta fora do informal por parte da direção da faculdade”, afirmou Miguel Lopes.