Foi a primeira vez que um filme para uma plataforma de streaming venceu o mais cobiçado prémio do evento. A plataforma não foi a Netflix, nem o filme vencedor foi “O Poder do Cão”, que era apontado como favorito. Com um orçamento de 10 milhões de dólares, “CODA: No Ritmo do Coração” foi comprado por 25 milhões pela Apple TV e venceu o maior prémio da noite na 94.ª edição dos Óscares, que decorreu na madrugada de domingo para segunda (27 e 28) em Hollywood.

O filme conta a história de uma família de surdos com uma filha adolescente, Ruby, que consegue ouvir e falar. O acrónimo CODA designa, em inglês, filhos ouvintes de pais surdos: Child of Deaf Adults. O tema é raramente abordado por Hollywood, e venceu agora o Óscar de Melhor Filme.

A realizadora e argumentista, Sian Heder, venceu, também, o prémio de Melhor Argumento Adaptado, – inspirado na produção francesa “A Família Bélier” – enquanto Troy Kotsur levou a estatueta de Melhor Ator Secundário, o segundo ator surdo a ser premiado nos Óscares, depois de Marlee Matlin em 1987.

Jane Campion recebeu o Óscar de Melhor Realização, o terceiro desta categoria para uma mulher em 94 anos, por “O Poder do Cão” que, apesar das 12 nomeações, apenas pôde festejar uma estatueta dourada.

Nas categorias de interpretação, Jessica Chastain venceu o Óscar de Melhor Atriz, pelo papel de Tammy Faye Bakker, em “Os Olhos de Tammy Faye”. Will Smith foi Melhor Ator no papel de Richard Williams em “King Richard: Para Além do Jogo”. Ariana DeBose, Anita em “West Side Story”, venceu o Óscar de Melhor Atriz Secundária.

Como era esperado, “Duna” dominou as categorias técnicas ao conquistar seis prémios, em dez nomeações. O filme realizado por Denis Villeneuve recebeu Óscar de Melhor Fotografia para Greig Fraser; Melhores Efeitos Visuais para Paul Lambert, Tristan Myles, Gerd Nefzer e Brian Connor; Joe Walker conquistou a Melhor Edição; Melhor Banda Sonora Original, para Hans Zimmer; Melhor Som, para Mark Mangini, Mac Ruth, Theo Green, Doug Hemphill e Ron Barlett; e, finalmente, Melhor Design de Produção, para Patrice Vermette e Zsuzsanna Sipos.

O Óscar de Melhor Filme Internacional pertence à longa-metragem japonesa “Drive My Car”, “Encanto” foi a Melhor Longa Metragem de Animação, e “Summer of Soul” o Melhor Documentário.

Jessica Chastain fala em aceitação e mais amor

Entregue por Anthony Hopkins, Jessica Chastain recebeu o Óscar de Melhor Atriz. No seu discurso de agradecimento, a atriz enalteceu o trabalho de equipa feito no filme e deixou uma palavra de agradecimento geral.

Depois, decidiu aproveitar o momento para apoiar aqueles que podem estar a viver um momento mais delicado: “Estamos a sair de tempos difíceis, que deixaram traumas e causaram solidão. Há muitas pessoas que se sentem sem esperança e sozinhas. O suicídio é uma grande causa de morte nos EUA. Já tocou muitas famílias. Tocou a minha. Especialmente os membros da comunidade LGBTQ que, muitas vezes, se sentem deslocados dos seus pares”, afirmou.

A atriz falou ainda dos “crimes de ódio e violência” que se sentem no país, e que provocam a divisão entre os cidadãos: “Devemos ser aceites por quem somos, por quem amamos. Devemos viver sem medo da violência e do terror”

Will Smith protagoniza momento insólito no palco dos Óscares

Se um dos prémios mais previsíveis da noite era o de Will Smith como Melhor Ator, o que não foi possível prever foi o insólito ato que protagonizou ao dar um estalo a Chris Rock em palco. Foi a primeira vez que a cerimónia dos Óscares testemunhou um ato de agressão em direto.

O momento deixou a tensão no ar do Dolby Teathre: Chris Rock estava no palco a anunciar o Óscar de Melhor Longa-Metragem Documental, quando fez uma piada sobre o cabelo rapado de Jada Pinkett Smith, esposa de Will Smith. O ator subiu ao palco e agrediu Chris Rock, que continuou a apresentação dos nomeados logo de seguida.

Durante a cerimónia dos Óscares foi ainda cumprido um minuto de silêncio de apoio ao povo ucraniano, com apelo à ajuda humanitária.

Conheça os vencedores das principais categorias da 94.ª edição dos Óscares:

 

Artigo editado por Tiago Serra Cunha