A Livraria Lello inaugurou, esta quinta-feira (31), a Gemma, uma sala dedicada a livros raros, de luxo, manuscritos, primeiras edições e livros-objeto.
O novo espaço, que do latim significa “pedra preciosa”, localiza-se na cave do histórico edifício. As marcas no chão são “cicatrizes do tempo” e mostram o peso dos livros outrora armazenados ali; nas paredes, mantiveram a anterior instalação com palavras dos dez cantos de “Os Lusíadas”, um projeto dedicado à obra de Luís de Camões.
As estantes, restauradas para este espaço, são feitas de madeira com mais de 200 anos e pertenciam a um edifício restaurado na Rua de Santa Catarina. Em em cima, as vigas são as originais, mas os tetos têm pormenores em porcelana, ouro e detalhes da história da livraria, numa instalação de Miguel Neto.
Até 2016, este espaço funcionava como armazém, onde se catalogava, marcava e tratava de todos os livros que chegavam à livraria. Hoje, a cave reinventa-se e alberga as “jóias” da Livraria Lello, obras “com muito valor, mas que não têm preço”.
“Este espaço é consequência da nossa missão, preservar e valorizar o livro”, afirma Aurora Pedro Pinto, administradora da Livraria Lello, durante a inauguração.
A Gemma reúne, também, uma zona para exposições temporárias, agora ocupada com cerca de 100 obras do espólio da Coimbra Editora, “uma casa portuguesa que teve muita importância na formação, essencialmente jurista” e, ainda, parte do espólio da Brazenhead Books, a mítica “livraria-pirata” nova-iorquina de Michael Seidenberg, antigo proprietário.
“Esta zona é destinada a preservar memórias e a continuar o grito de alerta. Há casas dos livros que estão a morrer e que têm de ser preservadas“, refere Aurora Pinto.
Para além das obras em exposição, que integram o espólio da Livraria, “como primeiras edições e algumas obras raras”, quem visita este espaço encontra também “tesouros” para venda. “Não há espaço mais interessante do que este para albergarmos este tipo de obras com a função principal de guardar memória, já que ele próprio guarda memórias de milhares de livros que aqui passaram, e de autores que aqui conviveram. Não é preciso comprar, é só preciso amar isto”, acrescenta a administradora.
Para visitar a Gemma, é necessária marcação prévia, disponível através do site da Lello. As visitas ao espaço têm um acompanhamento personalizado e são limitadas a 50 pessoas por dia. As marcações estão sujeitas a confirmação por parte da Livraria Lello e realizam-se de quarta-feira a domingo, das 10h às 19h.
Artigo editado por Tiago Serra Cunha
