Maria Aurélia Martins de Souza, pintora luso-chilena, morreu em 1922 no Porto, cidade onde passou a maior parte da sua vida e deixou marca. O centenário da morte da artista é assinalado na cidade a partir deste mês e até junho de 2013, através de uma iniciativa várias entidades da região, com exposições, workshops de ilustração, conversas, ciclos performativos e atividades educativas, sendo um dos destaques do calendário o Congresso Internacional Mulheres Artistas em 1900.

Autorretrato de Aurélia de Souza (c. 1900). Foto: Wikimedia Commons

A iniciativa foi apresentada na sexta-feira (1), em conferência de imprensa, no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), no Porto. A cerimónia de apresentação contou com a presença das várias entidades envolvidas: do diretor do museu, dos presidentes dos dois municípios, da subdiretora-geral da Direção Geral do Património e da Cultura, a presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa e do reitor da Universidade do Porto.

António Ponte, diretor do MNSR, que detém várias obras da artista, explicou que vão ser realizadas diversas atividades entre 9 de abril e junho de 2023, com destaque para o “Catálogo Raisonné Aurélia de Souza”, o catálogo integral da obra da artista, a ser lançado em março do próximo ano. O diretor do MNSR fez ainda questão de sublinhar “o esforço conjunto que se materializa através de uma imagem que une as iniciativas”.

Rita Jerónimo, subdiretora da DGPC, mencionou o “importante acervo” da artista que o Museu Nacional Soares dos Reis acolhe e destacou a “importância de respeitar o legado”, bem como de “incrementar a participação e chegar a novos públicos” com esta evocação do primeiro centenário da morte de Aurélia de Souza.

As exposições prosseguem com “Aurélia de Souza. Do que Vejo”, promovida pela Câmara Municipal de Matosinhos, que acontece na Quinta de Santiago de 26 de maio a 4 de setembro, e tem curadoria de Cláudia Almeida e Filipa Lowndes Vicente. Ainda, “Ilustrações Inéditas”, que fazem parte do acervo da Universidade do Porto, são expostas, na Casa Comum, de 12 de julho a 22 de outubro.

António de Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto (UP), sublinhou a importância das parcerias interinstitucionais e realçou as obras de “uma das principais referências estéticas da Universidade”. O reitor da UP referiu que o principal contributo da universidade para o programa de celebrações serão as obras que Aurélia de Souza produziu enquanto estudante da Academia.

Além das exposições, a celebração do centenário contará com um programa performativo: “De corpo presente”. O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, detalhou que este programa junta criadores contemporâneos “da dança, teatro e poesia”. O primeiro momento deste evento decorre a 26 de agosto, na Feira do Livro do Porto.

Luísa Salgueiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, elogiou o “vasto e rico programa de cooperação entre entidades” bem como “a comemoração extraordinária de alguém também extraordinária”. Para a presidente, Aurélia de Souza é “uma das artistas mais representadas na coleção particular da Câmara de Matosinhos, com mais de 20 obras”.

Luísa Salgueiro evidenciou ainda o papel e importância da artista “neste mundo difícil de afirmação do papel das mulheres”. Esta ideia foi também defendida pela diretora do núcleo do Porto da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Braga Cruz, que se referiu à artista como “única a ser considerada igual pelos seus pares masculinos”, realçando o papel da instituição no restauro de 12 obras de Aurélia de Souza, agora em exposição.

As comemorações do centenário do falecimento da artista irão decorrer entre 9 de abril deste ano e 23 de junho de 2023. A iniciativa é uma parceria do Museu Nacional Soares dos Reis, as Câmaras Municipais do Porto e Matosinhos e as Universidades do Porto, Católica Portuguesa do Porto e Nova de Lisboa.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha