Volodymyr Zelensky deve discursar para o Parlamento na semana seguinte à Páscoa através de videoconferência. O anúncio da aceitação do pedido parlamentar acontece na mesma semana em que a União Europeia promete adicionar mais sanções contra a Rússia. "Essas não serão as nossas últimas sanções", afirmou Ursula von der Leyen.

Portugal será palco de uma sessão solene de boas-vindas ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que deve discursar por videochamada à Assembleia da República na semana seguinte à Páscoa, acredita o PAN que viu esta quarta-feira aprovada a sua proposta. Cabe, agora, ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fazer o convite oficial ao seu homólogo ucraniano.

O  requerimento da reunião, da autoria do PAN, já tinha sido feito antes da tomada de posse dos novos eleitos da Assembleia e agora foi aprovado por maioria durante a Conferência de Líderes realizada nesta quarta-feira (6).

Em nota de imprensa enviada às redações, o partido “congratula” o presidente Marcelo Rebelo de Sousa que, “face à gravidade da situação humanitária na Ucrânia e à urgência de gestos mais contundentes de apoio diplomático”, “tenha demonstrado a sua imediata abertura” para formalizar o convite.

No documento enviado ao Parlamento, assinado pela porta-voz e única deputada do PAN, Inês Sousa Real, é destacada “a bravura e heroicidade da resistência levada a cabo pelo povo ucraniano e defende que, atendendo àquela que tem sido a evolução desta guerra, a solidariedade para com o povo ucraniano e a luta por uma Ucrânia soberana, independente, livre e europeia exigem gestos diplomáticos mais simbólicos da parte de todos os países empenhados em tais desígnios”.

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, já discursou perante duas dezenas de parlamentos, dos EUA à França, do Canadá à Alemanha, instando os responsáveis políticos desses países a apoiarem de forma mais efetiva a Ucrânia perante a invasão russa.

Europa prepara mais sanções

A aceitação da videoconferência com Zelensky é tornada pública numa altura em  que a União Europeia (UE) anuncia a preparação de mais um pacote de sanções contra a Rússia. O novo plano – o quinto – não inclui, contudo, medidas relativas ao petróleo e ao gás. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, remeteu para “sanções adicionais” sobre as quais a União estará a trabalhar.

“Estas não serão as nossas últimas sanções. Como eu disse ontem, agora banimos o carvão, mas nós precisamos de olhar para o petróleo e para as receitas que a Rússia obtém dos combustíveis fósseis”, declarou a responsável já esta quarta-feira, diante do Parlamento Europeu.

O novo plano de sanções é uma resposta ao episódio de Bucha, onde foram encontrados centenas de corpos de civis mortos, que as autoridades e os residentes ucranianos dizem ter sido assassinados pelas tropas russas.

“Depois de Bucha, mais do que nunca, a Europa está fortemente com a Ucrânia”, reiterou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, no seu discurso desta quarta-feira. “Neste ponto crítico da guerra, nós precisamos de intensificar a pressão contra Putin e contra o governo russo. E é por isso que nos propomos apertar ainda mais as nossas sanções”. 

O quinto pacote de sanções apresentado ontem prevê, como primeiro pilar, a suspensão da importação do carvão russo em todo o território da União Europeia (UE). A venda do combustível fóssil ao bloco rende quatro mil milhões de euros por ano à Rússia – estima a UE – e é a maior fonte de receita do país.

O plano visa ainda impedir transações monetárias de quatro bancos russos “chave” – os quais correspondem a 23% do mercado bancário russo -, desligando-os totalmente dos mercados financeiros europeus. De entre as instituições financeiras listadas, está o VTB, o segundo maior banco da Rússia.

O bloco propôs, também, a interdição do acesso de navios russos e embarcações operadas por russos aos portos da UE, o que “limita drasticamente as opções da indústria russa de conseguir bens essenciais” – com exceção de produtos agrícolas e alimentares, além de ajuda humanitária e energia. 

O quarto pilar bane as exportações de computadores quânticos, semicondutores avançados, maquinarias sensíveis e equipamentos de transporte para a Rússia. Esse banimento, que equivale a 10 mil milhões de euros, tem como objetivo afetar setores em que a Rússia é considerada “vulnerável”, além de continuar “a degradar a base tecnológica e a capacidade industrial” do país. 

Os embargos atingem, também, em quinto lugar, as importações de madeira, cimento, marisco e álcool provenientes da Rússia e da Bielorrússia, no valor estimado em 5,5 mil milhões de euros, com o objetivo de atingir os “oligarcas russos”.

O sexto pilar diz respeito à exclusão de empresas russas da participação de contratos públicos na União Europeia, isso porque, de acordo com a Comissão, “o dinheiro dos impostos europeus não deve ir para a Rússia de maneira nenhuma”.  Em consideração está a aplicação de sanções contra uma nova lista de indivíduos.

A promulgação deste pacote de sanções depende da aprovação unânime dos 27 países-membros e será discutida na reunião dos embaixadores dos estados-membros junto da UE, que está marcada para esta quarta-feira (6).

Artigo editado por Filipa Silva