Ana La-Salete Silva, Leonor Hemsworth, Miguel Freitas e Rui Vieira Cunha assinam a reportagem que valeu o prémio.

Bernardo Ribeiro, paciente com Síndrome de Tourette.

Bernardo Ribeiro, paciente com Síndrome de Tourette. Foto: Ana La-Salete Silva

A reportagem “Síndrome de Tourette: Os tiques não os definem“, da autoria de Ana La-Salete Silva, Leonor Hemsworth, Miguel Freitas e Rui Vieira Cunha, venceu o Prémio Jornalismo em Saúde, na categoria de Mérito Universitário Revelação, anunciou esta quinta-feira (7) a organização.

O trabalho multimédia foi publicado em maio do ano passado pelo JPN.

Neste que é o Dia Mundial da Saúde, o prémio anual atribuído pela Apifarma e pelo Clube de Jornalistas distinguiu ainda quatro trabalhos:

  • na categoria de televisão, “Os maestros das emoções”, de Catarina Marques, Humberto Candeias, Rui Félix, Rui Branquinho, Fernando Ferreira, Cláudia Araújo e Luís Marçal, exibida na Sic e na Sic Notícias;
  • na categoria de rádio, “Apontados a dedo”, de Filipe Santa-Bárbara e Margarida Adão, emitido na TSF;
  • na categoria de jornalismo digital, “A Máquina de Salvar Vidas”, de Rui Barros, Sofia Neves e Teresa Pacheco Miranda
  • e o Grande Prémio Apifarma/Clube de Jornalistas atribuído a Lúcia Gonçalves pelo trabalho “Estado Crítico”, transmitido na Sic e que envolveu os repórteres de imagem Pedro Tiago, Joaquim Gomes e Luís Dinis e a edição de Miguel Castro.

Foi ainda distinguida a jornalista Dulce Salzedas, com o Prémio Carreira.

A “prova de que conseguimos dar voz a quem quisermos” 

Bernardo (9 anos), Afonso (13), Cláudio (16), Paulo (27) e Maurício (33) têm Síndrome de Tourette. Para a reportagem do JPN, todos – Paulo através do testemunho da mãe, Carla Moreira – abriram as portas de casa ou do trabalho para mostrar como vivem no dia a dia com a doença. Contam como ela se manifestou, como pode ser difícil de diagnosticar e porque defendem que é preciso que ela seja normalizada. Em comum, além da doença, têm a Associação Portuguesa de Síndrome de Tourette.

São estes os protagonistas do trabalho agora premiado pela Apifarma/Clube de Jornalistas, um prémio “muito gratificante”, nas palavras dos autores, que assim comentam a decisão do júri: “É muito gratificante receber um prémio universitário. De um trabalho que fizemos quando, na verdade, ainda estávamos na descoberta do que é o jornalismo. A dar os primeiros passos, a contar as primeiras histórias e a conhecer o mundo frenético em que, com tanto entusiasmo e expectativa, íamos entrar. Ganhar este prémio é muito isso, é dizer aos jovens jornalistas de 20 anos que estão num bom caminho. E é, também, a prova de que conseguimos dar voz ao que e a quem quisermos.”

Sobre o processo, a equipa recorda, numa declaração conjunta enviada à “casa-mãe”, o JPN, “os mil e um telefonemas” até chegarem às pessoas e às suas histórias. “Depois veio a parte mais difícil”, confessam, “fazer jus a tudo o que nos contaram, às vidas que tinham e que nós, de tão envolvidos que estávamos, vivíamos com eles”. “Este trabalho ensinou-nos, também, que desligarmos o “eu pessoal” e ficarmo-nos só pelo “eu jornalista” é muito mais complicado do que qualquer um pode imaginar”, apontam.

Agora recém-licenciados em Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto [curso de que o JPN faz parte], os quatro dedicam “totalmente” o prémio aos entrevistados “que nos receberam de braços abertos, que nos abriram as portas das suas casas e nos deram o privilégio de conhecermos as suas histórias.” “E para todos aqueles que não costumam ver a sua condição representada nos media, que este trabalho seja uma tentativa de fazer mudança”, concluem.

Esta é a terceira vez consecutiva que um trabalho publicado pelo JPN e realizado por estudantes de Ciências da Comunicação da UP recebe a distinção, depois da reportagem “Muito riso, muito siso“, da autoria de Maria Pimentel, sobre risoterapia, ter vencido o prémio em 2019, e do artigo “E depois da pandemia: como vamos encarar o SNS e a saúde pública“, de Inês Loureiro Pinto, ter sido distinguido no ano passado.