O Teatro Universitário do Porto apresenta “O Que Vem Depois da Esperança?”, no espaço da Mala Voadora. A diretora artística Hilda de Paulo reuniu um arquivo que pretende explorar o passado escondido. A palestra-performance-oficina é apresentada este sábado e domingo.

Pormenor do cartaz de “O Que Vem Depois da Esperança?”

“O Que Vem Depois da Esperança?” é uma palestra-performance-oficina que apela a uma reflexão crítica sobre a conceção construída no imaginário da sociedade portuguesa à volta dos corpos transgénero. Fala do modo como estes são desenhados mediaticamente, à luz de um sistema hegemónico, convidando à reflexão sobre o “privilégio cisgénero”. 

Surge com a preocupação em abordar problemas específicos vividos por esta comunidade, contando as “transcestralidades” – histórias ancestrais transgénero – que ficaram esbatidas ao longo da História.

É uma produção do Teatro Universitário do Porto, com direção artística da transfeminista Hilda de Paulo, que integra também o elenco a par de Bárbara Sá, Gonçalo Albuquerque, Gui Gaspar, Gui Silvestre e Tiago Aires Lêdo. O enredo é suportado por histórias de integrantes da equipa, mas também pelo Arquivo Gis.

Este arquivo, cujo nome é inspirado na travesti brasileira Gisberta Salce Júnior, foi criado por Hilda de Paulo e reúne artigos jornalísticos, entrevistas de televisão, documentos históricos, livros biográficos e autobiográficos das últimas décadas, todos alusivos à problemática trans.

Em palco vão contar-se histórias reais, que vão sendo interrompidas por pequenos momentos de performance, enquanto se apela a uma reflexão crítica. É este o mote: uma combinação entre uma palestra, uma oficina e uma performance.

A motivação por detrás da criação do Arquivo Gis assenta na necessidade de conhecer e, principalmente, de trazer ao de cima as representações das pessoas trans em Portugal. Através dele, a diretora artística pretende pintar uma imagem real e verdadeira do estigma vivido por pessoas da comunidade. 

A companhia de teatro mais antiga do Porto apresenta a peça este sábado, às 21h00, e 10 de abril, às 19h00, na Mala Voadora (Rua do Almada, 277).

Artigo editado por Filipa Silva