A 2 de abril assinalou-se o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo. Na sequência da data, o Coliseu do Porto lançou o projeto “Coliseu + Inclusivo”, que tem como objetivo promover o acesso físico, social e intelectual a todos os públicos, em parceria com a Acesso Cultura.

A associação Acesso Cultura pretende promover uma cultura mais acessível e criar, a longo prazo, uma oferta cultural inclusiva que se adapte a todo o tipo de pessoas, quer tenham necessidades físicas especiais (como mobilidade reduzida, problemas relacionados com a visão ou surdez) ou simplesmente não consigam estar confortáveis num espetáculo mais solene.

O primeiro passo da iniciativa no Coliseu foi a implementação de sessões descontraídas. A primeira realizou-se este domingo (10), com os Concertos Promenade 2.0 – Arco-íris, de Duarte Pestana. A Banda Sinfónica Portuguesa, dirigida pelo maestro Francisco Ferreira, interpretou um programa feito de obras de compositores portugueses de diferentes gerações, sendo um tributo à filarmonia.

O programa irá incluir também sessões de teatro, dança, cinema ou outro tipo de ofertas culturais inclusivas, que se adaptam a todas as pessoas e famílias que preferem ou beneficiam de um ambiente mais descontraído: pessoas com défice de atenção, deficiência intelectual, condições do espectro autista, alterações sensoriais ou de comunicação, assim como famílias com crianças pequenas.

“Com este projeto, o Coliseu afirma-se cada vez mais como o espaço que queremos que seja: democrático, inclusivo, aberto e acessível para todos”, refere, em comunicado, a presidente do Coliseu Porto Ageas. “À diversidade da programação, de todos os géneros artísticos para todas as idades, queremos somar a acessibilidade – física, áudio-descrição, língua gestual portuguesa e sessões descontraídas – porque só com ela é possível uma participação cultural plena”, acrescenta Mónica Guerreiro.

O que é uma “sessão descontraída”?

As sessões descontraídas decorrem numa atmosfera mais acolhedora e com regras mais tolerantes no que diz respeito ao movimento e ao barulho na sala de espetáculo.

Além de terem menos regras, as sessões podem ser adaptadas com ajustes no som e na iluminação. Também podem ser pedidos auscultadores “bloqueadores de volume” ou ter contacto com os músicos e os instrumentos, para conceder uma experiência multissensorial.

Outra característica destas sessões é a existência de uma Sala de Conforto, equipada com mobiliário de descanso e objetos de estimulação sensorial. Este espaço pode acolher cerca de cinco pessoas em simultâneo e é para onde os espectadores podem ir se estiverem a sentir ansiedade ou precisarem de se acalmar.

Os assistentes de sala, da equipa do Coliseu, têm agora formação especializada da Acesso Cultura para estarem ao serviço das necessidades do público, outra medida pensada para criar um ambiente confortável e seguro.

É, ainda, fornecida aos espectadores uma História Visual da sessão, de modo a promover o conhecimento antecipado da experiência, um fator importante para evitar reações adversas em pessoas com determinadas patologias. Este guião tem fotografias e informações, tanto sobre o Coliseu como sobre o espetáculo, com o objetivo de ajudar a preparar a visita. Pode ser adquirida em formato físico no Coliseu ou descarregada no site.

Já estão agendadas mais duas sessões descontraídas: a 22 de maio vai decorrer o espetáculo A Menina do Mar de Lopes-Graça, inspirado no livro de Sophia de Mello Breyner Andresen, com desenho em tempo real; e a 19 de junho, O Retábulo de Mestre Pedro, de Manuel de Falla, que vai ser apresentada por marionetas e contar com orquestra.

Os bilhetes para estas sessões estão disponíveis e custam entre 8 (galeria) e 72 euros (camarotes).

Artigo editado por Tiago Serra Cunha