A 9.ª edição do Arquiteturas traz uma mão cheia de novidades – nova direção, nova cidade e novos prémios são algumas delas. Este ano, entre debates, sessões de cinema e exposições, o festival quer refletir acerca da necessidade de abrandamento na arquitetura e da relação do homem com a natureza.

Espera-se que o Batalha Centro de Cinema possa albergar o Programa Oficial depois das obras de renovação. Foto: Arquiteturas Film Festival

Entre 27 de setembro e 1 de outubro, a cidade do Porto vai receber o Arquiteturas Film Festival, que regressa sob o mote Slow Down!”. Este ano, a direção do festival está a cargo do INSTITUTO, dirigido por Paulo Moreira.

O INSTITUTO já não é estranho ao Arquiteturas. Em 2019, o festival de cinema aconteceu em Lisboa, sob a direção da Do You Mean Architecture, mas o Porto acolheu uma “edição satélite” com uma sessão dedicada exclusivamente aos filmes premiados. Um ano mais tarde, a pandemia impediu a realização do evento, mas 2021 permitiu um regresso com “guarda partilhada” – a edição foi co-organizada pela Do You Mean Architecture e pelo INSTITUTO, funcionando como uma “edição de transição”.

“Após oito edições em Lisboa, a fundadora, Sofia Mourato, propôs passar para nós a organização e para mim como novo diretor, porque ela já estava numa outra fase profissional e pessoal”, contou Paulo Moreira ao JPN. O desafio foi aceite e o INSTITUTO trouxe o evento para o Porto, onde está a sua “rede de apoio”, afirmou.

Nas mãos da nova direção, a logística habitual sofreu algumas alterações, que Paulo Moreira explicou: “a programação tem outras formas para além do festival. Temos exposições, debates, ciclos de conversas e assim o festival é mais um elemento dentro dessa conversa que estamos a construir aqui no Porto.” O objetivo é explorar de vários ângulos o tema que marca a 9.ª edição – o abrandamento.

Está aberta a submissão de filmes para concurso até 30 de junho. Foto: Arquiteturas Film Festival

“Em fases de trabalho muito contínuo, com muita intensidade, muita pressão e muitos prazos apertados, por vezes, falta-nos tempo para refletir e pensar a arquitetura como uma prática que produz conhecimento e que não é só construção”, reflete. A organização foi mais longe e atreveu-se a “provocar” . “Propomos práticas de subtrair a arquitetura, significando que, por vezes, temos que dar mais espaço à natureza e menos espaço à construção”, afirmou o novo diretor.

Os filmes continuam a ser o foco principal do evento e, por isso, a organização decidiu trazer novidades a este departamento. Às categorias de prémios habituais – melhor documentário, melhor ficção, melhor filme experimental, talento emergente e escolha do público – junta-se agora a categoria de consciência social. “É importante pensar em espaços ou lugares destinados a populações vulneráveis, refletir sobre edifícios de património em risco ou lugares com história ligados a movimentos sociais”, explica. Até 30 de junho, está aberta a plataforma FimFreeway para a submissão de filmes a concurso.

Ao longo de cinco dias, o festival vai desenrolar-se em vários locais emblemáticos da cidade do Porto para cumprir a estrutura pensada – o Programa Oficial acontece no Batalha Centro de Cinema (ainda em obras de renovação); o Programa do País Convidado foi substituído por uma instituição e este ano é a vez do Centre for Documentary Architecture (CDA), que organizou vários debates e uma exposição na Fundação Marques da Silva (FIMS); a Casa Comum da Universidade do Porto vai albergar o Programa de Competição, coordenado pela antiga diretora do festival, Sofia Mourato; finalmente, o novo Programa Experimental vai ser recebido pelo INSTITUTO, na Rua dos Clérigos.

Um festival cinematográfico focado na arquitetura pode parecer improvável, mas Paulo Moreira põe tudo em pratos limpos: “Não há cinema sem arquitetura. Ele acontece sempre num lugar, num espaço com valor arquitetónico, e isso pode ser interessante para os arquitetos conhecerem melhor as obras, mesmo que se trate de um filme de ficção.”

Artigo editado por Filipa Silva