A vitória frente ao Boavista, somada à derrota portista na 31.ª jornada, adiou a decisão do campeonato português. Agora são seis os pontos de diferença entre os dois primeiros, quando ainda há nove pontos por disputar. O Boavista mantém-se no meio da tabela, mas ainda não garantiu matematicamente a manutenção.

O Sporting foi ao Estádio do Bessa, esta segunda-feira (25), sabendo que a vitória frente ao Boavista era indispensável para continuar a sonhar com o título. Mais ainda porque, horas antes, o FC Porto, depois de 58 jornadas seguidas a vencer no campeonato, foi derrotado pelo Braga, por 1-0, adiando a festa que podia ter feito já este fim de semana, caso conseguisse um resultado melhor que os leões. Com isto, o triunfo sportinguista por 3-0 diante do Boavista adiou a decisão. Foram os golos marcados por Matheus Nunes, Rodrigo Abascal (na própria baliza) e Bruno Tabata que ainda dão possibilidades matemáticas aos leões de alcançarem o título nacional. 

A equipa de Rúben Amorim conseguiu impor grande superioridade no Bessa, onde criou muitas hipóteses de golo –  além dos três tentos marcados – tendo ainda um golo invalidado na última jogada da partida. Agora são seis os pontos de distância para o líder. Do lado boavisteiro, a manutenção da 12.ª posição, com 33 pontos conquistados, afasta para já a possibilidade de queda para a Segunda Liga, mas a manutenção ainda não é um assunto arrumado para as panteras. São sete os pontos de distância para o Moreirense, equipa que, por estar atualmente no antepenúltimo lugar, está em posição de vir a disputar um play-off de despromoção.

Superioridade leonina na primeira etapa

Sabendo do resultado negativo dos portistas em Braga, o Sporting impôs-se desde o princípio do duelo no Bessa. Contudo, a primeira oportunidade de golo chegou somente aos 23 minutos. A jogada começou pela esquerda e terminou em duas grandes intervenções do guarda-redes axadrezado, Rafael Bracali: primeiro no remate de Nuno Santos e, na recarga, com Pedro Gonçalves.

Entretanto, aos 37 minutos, Bracali nada pode fazer para evitar a inauguração do marcador. Novamente, a jogada começou pelo lado esquerdo, Pedro Gonçalves assistiu com o calcanhar para o médio luso-brasileiro Matheus Nunes, que finalizou com um remate forte e marcou o primeiro no Bessa.

Por fim, três minutos depois, o internacional espanhol, Pablo Sarabia, finalizou um contra-ataque dos visitantes, de fora da área, mas Rafael Bracali interveio de forma decisiva novamente. 

A segunda parte de uma equipa só

O Boavista foi o primeiro a rematar no segundo tempo, mas a jogada criada aos 55 minutos foi a única boa oportunidade de marcar da equipa da casa em toda a partida. O lance começou com Kenji Gorré, mas a bola, ajeitada para o internacional congolês Caio Makouta, acabou por passar rente ao poste direito de Adán. A partir daí, somente o Sporting levou perigo à baliza do adversário. Logo na sequência, aos 58, o 0-2: cruzamento de Marcus Edwards pelo lado direito, a bola desvia no central uruguaio Rodrigo Abascal e trai o guarda-redes do Boavista. 

Já aos 79 minutos, a barra da baliza foi decisiva para evitar mais um golo sportinguista. Tudo começou no pontapé de canto que encontrou Palhinha na área. O médio antecipou-se ao central e cabeceou com muito perigo. Três minutos depois, aos 82’, o avançado Bruno Tabata, que havia entrado na segunda parte, sofreu penálti. O próprio internacional brasileiro cobrou rasteiro, para o canto direito de Bracali, e estabeleceu o 0-3 como resultado final no Bessa.

Vale a pena ressaltar que, no último lance da partida, os visitantes ainda marcaram com Gonçalo Inácio, mas Zouhair Feddal estava em fora de jogo no começo da jogada. 

“Para representar este clube, tem que ser dar mais”

No final do encontro, Petit teceu duras palavras para a sua equipa a propósito do resultado negativo no Bessa. O técnico analisou uma primeira etapa “onde não houve muitas oportunidades, com o Sporting sempre a controlar um pouco”, sobretudo em função dos três homens mais ofensivos. O comandante boavisteiro também ressaltou a sucessão de erros da equipa nos últimos jogos: “O primeiro golo que sofremos foi um erro nosso, uma abordagem mal feita da nossa parte”. Sobre o penálti que gerou o terceiro golo: “Por mais um erro nosso, segundo consecutivo, já na Madeira tínhamos feito um penálti numa abordagem mal feita”, disse.

Petit também falou em tom de cobrança para os seus jogadores e pediu ambição na reta final do campeonato: “Em dois jogos, temos sete golos sofridos. Vamos analisar e ver o que se passou. Isto ainda não acabou, eles (jogadores) têm que saber que representam um grande clube. São três jogos, nove pontos. Temos que olhar sempre para cima e sermos ambiciosos. E também pensar no futuro de alguns jogadores, porque para representar este clube, tem que se dar mais”, afirmou aos jornalistas na conferência de imprensa.

“Acredito muito que vamos conseguir o segundo lugar. O primeiro, acho difícil”

Do outro lado, Rúben Amorim mostrou-se satisfeito com a atuação da equipa e afirmou que o Sporting foi “a equipa que costuma ser”. Destacou o controlo sportiguista durante as duas partes do jogo, sobretudo na segunda. “Controlámos melhor o jogo, arranjamos mais espaço. Poucas oportunidades para o Boavista, criamos as nossas oportunidades, fomos bastante competentes hoje”, afirmou.

Em relação à possibilidade matemática do título nacional, Amorim quer “enxergar as coisas como elas são”: “Olhando para a classificação, para a equipa do Porto e para aquilo que aconteceu durante o campeonato, toda a gente pode ter um percalço, ter três é complicado”, disse. Daí que, para o técnico, o segundo lugar, que dá acesso à Liga dos Campeões, seja mais plausível do que o título: “Acredito muito que vamos conseguir o segundo lugar. O primeiro, acho difícil”.

A matemática do título

Com o conjunto de resultados da 31.ª jornada da Liga Portugal, disputada este fim de semana, as contas do título português ficaram para o próximo fim de semana (ou seguintes). Para continuar a sonhar com a possibilidade da conquista, o Sporting é obrigado a vencer o Gil Vicente (jogo no domingo, 1 de maio). Se não conquistar os três pontos em Alvalade e o FC Porto diminuir a diferença de seis pontos para os leões no duelo frente ao Vizela (jogo no sábado, dia 30), a taça já não sairá do Dragão.

Caso permaneça a diferença dos seis pontos, a decisão ficará para a penúltima ronda. Assim, o Benfica teria a oportunidade de estragar uma possível festa portista e adiar a decisão para a última partida da época portuguesa. Para isso, precisa de vencer o dérbi frente ao FC Porto, na Luz, onde, se pontuar, o FC Porto pode tornar-se campeão. 

Quanto ao Boavista, prossegue a luta pela manutenção em Guimarães, onde vai defrontar o Moreirense, no domingo, no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas.

Artigo editado por Filipa Silva