O presidente da Câmara do Porto anunciou a data de abertura da primeira sala de consumo assistido da cidade. Vai abrir dia 23, véspera de São João, na Rua 25 de julho, perto da estátua do Dr. Albino Aroso, no Bairro da Pasteleira.

A APDES espera reduzir fortemente o consumo de estupefacientes. Foto: Nataliya Vaitkevich/Pexels

Pretende ser um lugar seguro para qualquer pessoa consumir com assistência e vai estar a funcionar todos dias durante 10 horas. A primeira sala de consumo assistido do Porto tem data de abertura marcada para dia 23 de junho, depois de múltiplos adiamentos, anunciou Rui Moreira, na última segunda-feira (13), na reunião pública do executivo camarário.

Foi dada pela primeira vez uma data oficial de abertura, desde que em março o processo foi desbloqueado, depois de o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto ter indeferido a providência cautelar da Santa Casa da Misericórdia, que contestou a escolha do consórcio “Porto Seguro” para a gestão da sala.

O espaço vai ser composto por várias sub-salas: uma de fumos, outra para injetáveis, um vestiário, três gabinetes, dois wc, uma copa, um local para arrumos e outro para sujos. Para além das salas de consumos vão fazer-se rastreios ao VIH e à tuberculose e dar apoio psicológico e social.

Segundo informação avançada ao jornal “Público” em janeiro deste ano, o consórcio “Porto Seguro”, liderado pela APDES-Agência Piaget para o Desenvolvimento, preparou para a comunidade envolvente 200 sessões de sensibilização e 100 rondas pela comunidade. Ao serviço vai estar uma equipa permanente composta por enfermeiros, técnicos psicossociais, educadores de pares, auxiliar de limpeza e vigilante.

A APDES prevê fazer 50 atendimentos por dia, de segunda-feira a domingo, e tem como objetivo, no espaço de um ano, reduzir para metade os números de consumo na praça pública, informação também avançada por José Queiroz da APDES ao “Público”.

Esta iniciativa é particularmente relevante nesta zona da cidade visto que o consumo a céu aberto aumentou exponencialmente na zona desde a demolição do Bairro do Aleixo.

“Honestamente, achamos que quem ganhou foi a cidade do Porto”, disse José Queiroz, da APDES, ao jornal “Público”, a propósito da abertura deste equipamento.

Durante os três primeiros anos do programa, a câmara prevê investir 650 mil euros. Para já, no primeiro ano, a sala vai ser instalada em contentores e nos dois anos seguintes vai passar a contar também com uma unidade móvel com o objetivo de dar resposta a outras zonas da cidade.

Em resposta ao vereador Sérgio Aires do Bloco de Esquerda, na reunião de executivo do dia 13 de junho, Rui Moreira reiterou ainda, que “a estratégia passa por não existir força policial nas proximidades de consumo”.

Artigo editado por Filipa Silva