Os hospitais de São João e de Santo António garantem ao JPN ter as escalas dos Serviços de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia asseguradas. Hospital de Braga vai ter urgência de Obstetrícia fechada esta sexta-feira e domingo. Ministra anuncia algumas medidas.

Hospital de São João mostra-se disponível para colaborar com instituições em maior dificuldade. Foto: Reis Quarteu/Wikimedia Commons

No Hospital de São João, não se pode falar em constrangimentos, mas em “dificuldades já previstas” e as escalas dos serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia estão asseguradas, garante fonte oficial da unidade hospitalar contactada pelo JPN.

Numa altura em que no país vários serviços de urgência desta especialidade estão a encerrar temporariamente por falta de médicos, a mesma fonte considerou que “essas dificuldades não são de agora”. Contudo, o maior hospital da região Norte estará a assegurar uma “resposta de qualidade e maximizada tendo em conta as necessidades”.

Questionada ainda sobre a potencial pressão advinda de outros hospitais que enfrentam maiores dificuldades, a fonte esclareceu que, até ao presente momento, o Hospital de São João recebeu apenas um doente da unidade de Braga e que estão “referenciados para casos mais graves”, uma vez que são um hospital de fim de linha. Além disso, garantiu que o CHSJ está disponível “para colaborar com outros hospitais e com todas as instituições que estejam em situação de maior dificuldade”.

Relativamente à suspensão de ecografias do segundo trimestre a grávidas ocorrida no início do mês de junho, o hospital esclarece que essa foi uma situação “muito específica” e que, por causa do constrangimento do número de profissionais, as ecografias “foram suspensas sem data ainda para voltarem a acontecer”, mas que a situação “será resolvida brevemente, com a retoma da normalidade”.

Também o Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP) – vulgarmente conhecido como Hospital de São António – não tem “tido grandes problemas nas urgências” e “não tem problemas nas escalas”, esclareceu também fonte oficial ao JPN numa breve declaração.

Urgência de Obstetrícia de Braga fecha sexta-feira e domingo

Vários hospitais públicos do país têm-se visto forçados a encerrar temporariamente os seus Serviços de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia por falta de profissionais para preencher as escalas. No Hospital de Portimão, este serviço está encerrado desde as 21h00 de terça-feira (14) e até às 19h00 da próxima segunda-feira (19). Também os hospitais do Barreiro-Montijo e o São Francisco Xavier na região de Lisboa e Vale do Tejo tiveram encerramentos temporários.

O Hospital de Braga conseguiu garantir escalas para esta semana, mas para sexta-feira (17) e domingo (19) o hospital já admitiu, em comunicado, que vai ter o serviço encerrado durante 24h00 (das 08h00 de sexta às 08h00 de sábado; e das 08h00 de domingo às 08h00 de segunda-feira).

“Em caso de Urgência, solicitamos que os Utentes, por favor, contactem a Linha SNS 24 – 808 24 24 24 e que se dirijam a um dos outros Hospitais da Região, nomeadamente aqueles que têm apoio da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia, entre os quais Guimarães, Famalicão e Viana. Em casos de maior complexidade, os Utentes devem dirigir-se ao Centro Hospitalar de São João”, refere o conselho de administração do Hospital de Braga na nota enviada às redações.

Governo vai discutir remuneração com os sindicatos

Em conferência de imprensa dada ao final da tarde desta quarta-feira (15), a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou duas propostas para dar resposta a estes problemas: um de “curto prazo”, que inclui alterações ao nível da remuneração dos médicos nas urgências, e um segundo de “médio prazo”, que procurará combater problemas ao nível da capacidade formativa dos hospitais nestas especialidades.

O Governo decidiu criar ainda uma “comissão de acompanhamento” que terá por missão fazer um levantamento dos recursos disponíveis em cada hospital e fazer aprovar um “modelo de articulação e gestão integrada dos hospitais de cada região”, prestando o auxílio que se revelar necessário às administrações hospitalares. Em aberto ficou também a celebração de acordos com o setor privado.

Para esta quinta-feira está marcada uma reunião com as estruturas sindicais dos médicos na qual será discutida a questão da remuneração – recorde-se que um médico dos quadros, por exemplo, na Obstetrícia, ganha por hora extra feita nas urgências quase três vezes menos do que um “tarefeiro”. 

Quanto ao aumento da capacidade formativa de especialistas nos hospitais, a ministra anunciou que seria publicado um despacho para a abertura de 1.600 vagas no SNS, 182 das quais para médicos especialistas — e 50 para a área da ginecologia e obstetrícia. Neste particular, os sindicatos têm alertado para o risco de, com a manutenção das atuais condições, estes concursos continuarem a ficar “desertos” em algumas especialidades.

Artigo editado por Filipa Silva