O Cinema Trindade abre portas no sábado (24) a um novo ciclo de cinema organizado pela Escola das Artes da Católica com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Até janeiro de 2023, uma vez por mês, a cidade do Porto terá a presença de cineastas estrangeiros e portugueses para debaterem o seu cinema com o público.

É no Cinema Trindade que o ciclo vai ter lugar. Foto: Rita Magalhães

A Escola das Artes da Universidade Católica do Porto uniu esforços com a Fundação Calouste Gulbenkian para organizar um novo ciclo de cinema, que vai ser acolhido pelo Cinema Trindade já a partir do próximo fim de semana. O foco é o cinema contemporâneo, representado por cinco realizadores de origem nacional e internacional, que além de apresentarem os seus filmes vão estar em sala para dialogarem e debaterem com a audiência.

As exibições iniciam-se já este sábado, dia 24 de setembro, às 21h30, com a projeção do filme “Retrato da Rapariga em Chamas”, de 2019. A realizadora, Céline Sciamma, vai estar presente e à conversa com o público. Um novo realizador visita a cidade a cada novo mês, terminando o ciclo em janeiro do ano vindouro. À cineasta francesa seguem-se: Lucrecia Martel (16/10), Atom Egoyan (02/11) e os portugueses Marco Martins e João Canijo, que fecham o ciclo, em datas ainda a definir.

Daniel Ribas, da organização, destaca no evento a criação de um espaço de partilha e contacto entre o público com um leque de cineastas “com grande visibilidade nacional e internacional”. O diretor do Mestrado de Cinema na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto mostra-se também otimista quanto à atratividade gerada pelo ciclo, uma vez que o Cinema Trindade é “um cinema com muito público”, “bastante diversificado e aberto a diversas cinematografias”, referiu em declarações ao JPN.

O ciclo de cinema integra-se assim no espírito do Cinema Trindade que já acolheu inúmeras sessões nas quais se incentiva o diálogo entre espectador e criador. O cinema projetado no espaço apresenta-se como uma alternativa ao oferecido nas salas mais comerciais do país, focando-se no cinema de autor e em produções independentes. Não um cinema de grande complexidade e intelectualidade, mas, como prefere classificá-lo Daniel Ribas, “um cinema de grande diversidade de proveniências geográficas, de grande diversidade de temas e de abordagens formais.”

Sessões com Marco Martins e João Canijo serão “especiais”

O primeiro momento do evento contará, como se disse, com a presença da cineasta francesa Céline Sciamma, conhecida pelo filme “Retrato da Rapariga em Chamas”, vencedor do Prémio de Melhor Argumento no Festival de Cannes de 2019. A realizadora tem por hábito abordar o papel feminino, colocando em causa “as normalizações que normalmente naturalizamos na nossa sociedade”. É um cinema com características queer e “muito corporal, onde o desejo e o corpo são fundamentais para entender as relações humanas”, explica o professor da Católica.

Em outubro, Lucrecia Martel é a convidada de honra. Os seus filmes possuem uma visão caracterizada como “pessimista”, debruçando-se sobre a vida das classes médias e a (dis)função familiar. “O Pântano” é a longa-metragem escolhida para debate com a realizadora argentina, no dia 16 de outubro, adianta Daniel Ribas ao JPN.

Atom Egoyan, cineasta de origem egípcia nomeado para o Óscar de Melhor Realizador e Argumento Adaptado em 1998 por “O Futuro Radioso”, chega ao Cinema Trindade a 2 de novembro, com “Convidado de Honra”, título mais recente da sua cinematografia. Daniel Ribas descreve o realizador como detentor de um cinema com traços próximos ao cinema indie americano e com uma visão que explora os subúrbios e a vida quotidiana.

Seguem-se Marco Martins e João Canijo,  em datas ainda a definir, não estando também fechadas as obras a projetar.

Marco Martins, autor de filmes como “Alice” e São Jorge”, estreou este ano dois filmes: “Um Corpo que Dança – Ballet Gulbenkian 1965 – 2005”, realizado para a Fundação Calouste Gulbenkian, e “Great Yarmouth – Provisional Figures”, um projeto desenvolvido primeiro para o teatro e depois para o cinema, a partir de histórias da vida de emigrantes portugueses residentes numa vila costeira do Reino Unido. Estreou esta terça-feira no Festival de Cinema de San Sebastian, em Espanha.

João Canijo trará consigo um cinema com “uma certa violência escondida nas margens”, onde o Portugal contemporâneo é a personagem principal.

Daniel Ribas revela que pretendem “fazer uma sessão especial com cada um deles, em que possamos recuperar alguns dos filmes que eles fizeram na sua carreira”.

A compra de bilhetes pode ser feita nos locais habituais, pelo preço normal do Cinema Trindade (6 euros) ou a 4,50 euros para quem tiver o Tripass. A primeira sessão já se encontra completamente esgotada.  

Artigo editado por Filipa Silva