O segundo dia de Portugal Fashion ficou marcado pela final do concurso que premeia novos talentos da moda nacional. O prémio foi entregue a Andreia Reimão depois de ter passado pelas mãos de outro designer por engano. Kaya Magalhães recebeu uma menção honrosa.

O concurso Bloom voltou, esta quinta-feira, a colocar no centro do Portugal Fashion jovens designers residentes em Portugal. Foto: Nádia Neto

Conhecido por ser uma rampa de lançamento de jovens criadores residentes em Portugal, o Bloom voltou a ser destaque no encerramento do segundo dia do Portugal Fashion.

O concurso teve início, nesta quinta-feira (13), pelas 18h30, meia hora depois do previsto, devido a atrasos nos bastidores. Mas o tempo de espera valeu a pena.

Os oito finalistas a concursoAtelier Mobleu by Camille Moço, Kaya Magalhães, Bolota Studio, Andreia Reimão, Zalda, Arthur Kunha, Celeste e House of Wildflowers – apresentaram seis modelos da sua coleção na passerelle da Alfândega do Porto, diante dos jurados e da plateia que do início ao fim se manteve atenta e animada. No final dos desfiles, foi atribuída uma menção honrosa a Kaya Magalhães e a vitória a Andreia Reimão.

Andreia Reimão | Foto: Nádia Neto Foto: Nádia Neto

A vencedora desta edição do Bloom, recebeu 3.000 euros para desenvolver duas coleções (1.500 euros para cada) que serão apresentadas nas próximas edições do Portugal Fashion.

Além do prémio monetário, a vitória vale à designer a oportunidade de realizar um estágio remunerado de nove meses na Zeitreel, com possibilidade de trabalho formativo nas marcas do seu portefólio (como a Salsa, Zippy e MO). Poderá ainda frequentar uma pós-graduação em Fashion Management da Católica Porto Business School, entre outros benefícios.

Andreia Reimão não estava à espera da distinção. Devido a uma troca de nomes, o prémio foi inicialmente entregue a outro designer. Quando o erro foi corrigido, acabou por ser surpreendida: “Estou confusa, foi muito estranho. Isto é que eu não estava à espera”, confessou no final ao JPN.

Apaixonada por moda desde sempre, Andreia Reimão iniciou os seus estudos em 2015, na Escola de Moda do Porto, onde participou em vários concursos. Depois de “apalpar terreno na área”, percebeu rapidamente que era isto que queria “fazer para o resto da vida”. Durante a pandemia, em 2020, nasceu o projeto Reimão, focado em menswear. “As minhas coleções têm sempre uma componente ligada ao comportamento masculino”, ora abordando-o, ora questionando-o, explica.

Foi o que aconteceu com a coleção “Please, (Behave Yourself)”, que lhe valeu o prémio Bloom deste ano. A designer inspirou-se numa série fotográfica de Pawel Jaszczuk, que captou, em Tóquio, imagens de homens de negócios alcoolizados: “Pelos vistos são um fenómeno cultural aceite e achei isso extremamente interessante”, explica. O aparente paradoxo de estes homens se inserirem, apesar de tudo, bem na sociedade, foi explorado pela criadora através do uso de vários materiais, como rendas, tules, sarjas, entre outros. “Misturei tudo e criei este meu universo”, disse ainda.

Os acessórios foram o ponto-chave para reforçar o ambiente do universo criado, com recurso a pantufas, malas de negócios, canetas, brincos e garrafas. 

A menção honrosa do Bloom, o segundo mais importante prémio do concurso, foi atribuída à marca Kaya Magalhães que recebeu um prémio de 1.500 euros para o desenvolvimento de coleções, que também vão ser apresentadas nas próximas edições do Portugal Fashion. A vencedora vai beneficiar, igualmente, de um estágio na Zeitreel. 

A marca foi criada por Carlota Magalhães e identifica-se como romântica, ligada à cultura e às memórias de infância. O objetivo da designer passa por transmitir que “a vida adulta pode e deve ser tão divertida quanto a infância e adolescência”. Os modelos apresentados são coloridos, oversized e uma mistura de vários estilos, como o punk, kinderwhore, casual cute e romântico exagerado. Esta coleção mostra que os adultos podem divertir-se e serem criativos com as roupas.

Ambas as premiadas vão agora contar com serviços de apoio e business mentoring da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, entidade organizadora do Portugal Fashion.

Atelier Mobleu by Camille Moço, Bolota Studio, Zalda, Arthur Kunha, Celeste e House of Wildflowers foram as outras marcas que tiveram a oportunidade de se mostrar ao público do Portugal Fashion.

 

Hugo Costa assume a coordenação do Bloom

Antes de ter dado o salto para a passerelle principal do Portugal Fashion, foi no espaço Bloom que Hugo Costa apresentou várias das suas coleções. O designer assume agora a coordenação do concurso, uma condição nova e ainda “mais desafiante”.

“É uma edição de superação para todos. As condições, como a gente sabe, são públicas e são um bocadinho diferentes. Esta é uma edição de compromisso e muito desafiante para todos e para mim ainda mais como novo coordenador do Bloom”, declarou ao JPN.

Sobre os desafios que se colocam ao Portugal Fashion em matéria de financiamento, o criador vê na dificuldade uma oportunidade: Talvez seja a altura ideal para nos reinventarmos e para sensibilizar também as autoridades competentes, o Governo, para a importância da moda nacional. Porque põem em causa, sobretudo, os projetos dos designers e a renovação da moda portuguesa”, concluiu.

Artigo editado por Filipa Silva