Obra coletiva, que reúne pinturas de 12 artistas visuais, nasceu junto à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no mês em que arrancaram as comemorações do centenário de Agustina Bessa-Luís. A filha, Mónica Baldaque, também contribuiu.
As comemorações do centenário de Agustina Bessa-Luís (1922-2019), iniciadas no dia em que a escritora completaria 100 anos de vida – 15 de outubro -, deram à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte) a oportunidade de lhe prestar homenagem. A forma escolhida tem cativado a atenção dos milhares de pessoas que todos os dias passam a pé ou de carro pela Via Panorâmica Edgar Cardoso, junto à Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
Trata-se de um mural com 120 metros de comprimento – o mais extenso mural da cidade do Porto -, que começou a ganhar forma a 11 de outubro e no qual foram plasmadas palavras da autora e painéis evocativos da sua extensa obra.
A curadoria artística coube a Frederico Draw, que convidou mais 11 artistas para retratarem, segundo a sua interpretação, títulos como “A Sibila”, “Os Incuráveis”, “A Muralha”, “As Pessoas Felizes”, “As Fúrias”, “Fanny Owen”, “Dentes de Rato”, “Os Meninos de Ouro”, “Vale Abraão”, “Prazer e Glória” ou “Estações da Vida”, entre outros.
FEDOR, Third, OKER, SPHIZA, CAVER, Fátima Bravo, GLAM, MADUZE, Daniel Africano, Pedro Podre e Mafalda Mendonça são, além de Draw, os criadores envolvidos no projeto. Todos com relação com a cidade do Porto, a cidade onde Agustina viveu boa parte da vida e onde faleceu, aos 96 anos de idade.
A eles juntou-se Mónica Baldaque, a filha de Agustina, que pintou o cadeirão da mãe e os manuscritos com a letra miudinha que caracterizava a escrita da autora. Foi também de Mónica Baldaque a escolha da frase que abre o mural: “Francamente – porque pensam que escrevo? Para incomodar o maior número de pessoas com o máximo de inteligência.”
Ao JPN, Frederico Draw explicou que o seu objetivo principal na escolha dos artistas foi “trazer estilos distintos, vários artistas, todos com um traço muito característico.”
“No fundo, estabelecer esta relação entre artistas urbanos. Temos artistas aqui já habituados a esta coisa do muralismo, e artistas, que eu convidei, que são ilustradores, artistas de pequenos formatos, de telas, etc., para criar aqui uma diversidade de registos, ao longo do mural”, descreveu ainda.
As comemorações do centenário de Agustina Bessa-Luís vão estender-se ao longo do próximo ano. Por estes dias, decorre uma exposição bibliográfica e artística na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, além de um ciclo de conversas que arrancou na quarta-feira, na Câmara Municipal do Porto, e se prolonga até domingo, dia 22, sob o mote “Agustina Leitora, Leituras de Agustina”.
Artigo editado por Filipa Silva