Com o Boavista reduzido a dez ainda na primeira parte, os vimaranenses asseguraram os três pontos com dois golos após os 85 minutos de jogo.

André Amaro levou o D. Afonso Henriques ao delírio com o golo da reviravolta. Foto: Vitória SC/Facebook

O Estádio D. Afonso Henriques recebeu, este domingo (23), um duelo de muita emoção na décima jornada da Primeira Liga. Vitória de Guimarães e Boavista protagonizaram duas reviravoltas no placar, com final feliz para os vimaranenses, que com uma vitória por 3-2 ultrapassaram o rival histórico na classificação. Há mais de 20 anos que o Boavista não vence na cidade-berço.

Agora em sexto lugar com 17 pontos, os mesmos do quinto classificado, o Casa Pia, o Vitória continua a boa fase ao ampliar para cinco jogos a sequência sem derrotas no campeonato (são três vitórias e dois empates). Já os axadrezados – que jogaram reduzidos a dez desde o minuto 43 –, não conseguiram reerguer-se após o afastamento precoce da Taça de Portugal, frente ao Machico. Com a derrota, descem para o sétimo lugar, com 16 pontos.

Esquemas táticos semelhantes

Ambas as equipas entraram em campo com uma formação em 3-4-3, e esperava-se um duelo pela posse de bola no meio-campo. Porém, com um relvado muito molhado e a troca de passes comprometida, as equipas demoraram a controlar o jogo.

A partida desenrolou-se sem grandes oportunidades até os 20 minutos, quando Tiago Silva converteu uma grande penalidade, após falta de Sasso sobre Anderson na grande área. Os vimaranenses quase chegaram ao segundo golo nos minutos seguintes, mas a pressão foi sacudida pelo Boavista.

Dois momentos cruciais definiram ainda o resultado da primeira parte: aos 41 minutos, Ricardo Mangas fez falta dura sobre Zé Carlos na zona lateral e recebeu o cartão amarelo. Porém, após consulta ao VAR, o juiz Fábio Veríssimo expulsou o jogador axadrezado.

Com um jogador a menos, a pantera partiu ao ataque e já no tempo extra chegou ao golo do empate. Aos 48 minutos, o auxiliar não sinalizou uma infração junto à linha lateral, mas o árbitro teve opinião diferente e apitou a falta. Na cobrança, Pedro Malheiro cruzou a bola para a área e Vincent Sasso cabeceou para o fundo das redes, no único lance de perigo da equipa do Boavista na primeira parte.

Pressão vimarense

No regresso do intervalo, o emblema de Guimarães voltou com mais vontade de jogar e teve um golo anulado por fora de jogo aos 58 minutos, por ressalto em Anderson. Entretanto, quem chega ao segundo golo primeiro é a pantera.

Aos 71 minutos, em jogada de contra-ataque, Salvador Agra recebe a bola de Yusupha e, após grande jogada, finaliza para a baliza sem hipóteses para Bruno Varela. Vale a pena destacar que ambos os jogadores do Boavista haviam entrado em campo sete minutos antes do golo.

O jogo assume um clima de clássico com ambas as equipas em campo a darem tudo de si. Durante muito tempo, o Vitória insistia em jogadas pela ala direita, principalmente depois da entrada de Jota, aos 77 minutos.

Com muito mais posse de bola e oportunidades desperdiçadas no decorrer da segunda parte, os conquistadores foram recompensados com o empate aos 87 minutos. Jota cruzou para a área, desta vez com as mãos, num lançamento e, na sobra, Janvier rematou à vontade de fora da área. Rafael Bracali apenas observou a bola a entrar.

Os mais de 11 mil espectadores incendiaram as bancadas, mas havia mais emoção para viver. Aos 93 minutos, o estádio foi abaixo. A bola levantada na área por Ricardo Lameiras encontrou André Amaro sozinho. O central não desperdiçou a oportunidade e encaixou abola na baliza com uma cabeçada perfeita. O guarda-redes axadrezado ainda tentou alcançar a bola, mas não conseguiu evitar a consumação da reviravolta no marcador.

Petit: “As derrotas doem sempre”

Na conferência de imprensa após a derrota, o treinador do Boavista FC lembrou que “não é fácil” ir ao terreno do Vitória “e fazer dois golos”. A equipa de Guimarães havia sofrido somente um golo nos quatros jogos que realizou em casa. O técnico considerou “que a equipa lutou e estes pormenores são coisas que acontecem no futebol.”

Questionado se esta poderia ser considerada a pior derrota da carreira de Petit como técnico, o treinador respondeu: “As derrotas doem sempre.”

Petit lembrou ainda que no momento do terceiro golo vimaranense, Bruno Onyemaechi estava fora de campo a receber assistência médica: “Ficamos com dois jogadores a menos em campo e sofremos o golo.”

Moreno Teixeira: “Vitória justa”

“Isto é o futebol”, disse o treinador do emblema vimaranense, Moreno Teixeira, aos jornalistas. “Não fugir da nossa ideia. Depois de estar em desvantagem, com mérito do Boavista, a equipa não se desequilibrou, teve sempre a calma necessária.”

Ao explicar a substituição do central Bamba – “que já tinha um cartão amarelo” – e a mudança no esquema tático da equipa para dois centrais, o treinador ironizou: “na bancada, ouvi que o Moreno não percebe nada disto. O treinador toma muitas decisões ao logo do jogo, ao longo da semana”, defendeu.

A equipa saiu do relvado com um resultado positivo, que o treinador considerou “justo” e acrescentou ainda que pediu aos jogadores para terem calma: “foi isso que nos deu a vitória”, concluiu.

As duas equipas preparam-se agora para a 11.ª jornada da Liga Portugal. O Vitória de Guimarães recebe o Famalicão em casa, no dia 31 de outubro. O Boavista por sua vez defronta o Vizela no domingo, dia 30 de outubro, no Estádio do Bessa.

Artigo editado por Filipa Silva