A poeta Ana Luísa Amaral, falecida em agosto, foi a autora homenageada este ano. Penafiel ganhou uma escultura da escritora e o festival promete internacionalizar-se em 2023.
O festival Escritaria, em Penafiel, homenageou, este ano, a poeta Ana Luísa Amaral. Sexta-feira, dia 21 de outubro, ocorreu o descerramento da escultura da autora e a instalação do mural com a frase Escritaria 2022.
Este ano, o festival, que normalmente conta com a presença física dos autores que homenageia, foi vivido de forma emotiva, dado o recente falecimento da antiga professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a 5 de agosto de 2022. Antes do ocorrido, Ana Luísa Amaral já era a poeta escolhida para ser homenageada.
Por ocasião do descerramento da escultura, o presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Antonino de Sousa, comentou, em declarações à imprensa, que o festival arrancou “com as emoções mais à flor da pele, pelas circunstâncias que conhecemos”. Apesar disso, sublinhou, esta edição do Escritaria foi “extraordinariamente participada” e contou “com uma grande vivacidade.”
Sobre a triste ausência da escritora, Antonino de Sousa referiu que essa falta foi colmatada, dentro do possível, com a presença de pessoas que privaram com a poeta.
Rita Amaral, filha da autora, marcou presença no descerramento da silhueta evocativa de Ana Luísa Amaral. “Estou imensamente sensibilizada pelo que vi hoje, tanto no museu, o quadro que foi apresentado, a silhueta e também aqui a frase. E julgo que a minha mãe também ficaria muito feliz e muito honrada por esta homenagem”, afirmou.
A silhueta de ferro de Ana Luísa Amaral, da autoria de Ricardo Crista, encontra-se num jardim de Penafiel, no gaveto da Rua Marquês de Pombal com a Rua D. António Ferreira Gomes. O local, de grande movimento, próximo da Escola Básica D. António Ferreira Gomes e do Centro de Saúde de Penafiel, foi escolhido de forma a estimular o contacto do público com a figura da cultura portuguesa.
Para além da inauguração da escultura, foi destapado o mural, criado por Daniel Oliveira, com a frase Escritaria 2022: “Mas sempre deste tempo é o lume que as prende, a estas vozes, e ao prendê-las as solta sobre o tempo”, da autoria da poeta.
Na essência do festival, para além de literatura, estão também outras formas culturais, como o teatro, o cinema, a música e a arte de rua.
A cerimónia de descerramento da escultura contou com a atuação do grupo teatral “Boca do Mundo” que, ao declamar poemas da poeta, contribuiu para a homenagear.
Relativamente ao futuro, o presidente da Câmara confirmou a internacionalização do evento. Em primeira mão, Antonino anunciou aos jornalistas que, já no início do próximo ano, o Escritaria viajará para várias províncias de Angola, entre elas Luanda, Benguela e Huambo, através de parcerias com o Instituto Piaget e com entidades públicas do país africano. Ainda com o objetivo de tornar este festival literário num festival de maior dimensão no mundo da Lusofonia, o presidente afirmou que está a ser estabelecida uma parceria com Cabo Verde para que, em março, o festival estenda os seus horizontes para o arquipélago.
O Escritaria decorreu este ano entre os dias 16 e 23 de outubro. No futuro, manterá a sua vocação. “Muitos dos autores que têm passado pelo Escritaria não são tão conhecidos assim do grande público e esta é também uma oportunidade de os dar a conhecer”, realçou ainda Antonino de Sousa.
Artigo editado por Filipa Silva