A 5.ª edição do Tomorrow Summit decorreu entre quinta (10) e sexta-feira (11), no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. O evento organizado pela Federação Académica do Porto contou com um painel vasto de oradores, que abordaram temas como a sustentabilidade e o ensino pós-pandemia.
Sempre a olhar para o futuro, a tarde do último dia da Tomorrow Summit ficou marcada por conversas sobre o impacto da ação individual no bem-estar do planeta e o papel da inovação tecnológica na indústria alimentar e na educação.
João Manzarra, a ministra da Agricultura e da Alimentação Maria do Céu Antunes e o secretário de Estado da Juventude e do Desporto João Paulo Correia foram alguns dos protagonistas do programa do último dia (11 de novembro) do evento organizado pela Federação Académica do Porto.
Ao longo do dia, passaram pelo Centro de Congressos da Alfândega do Porto centenas de jovens e professores do ensino secundário e superior.
Além do espaço das conferências, houve também lugar para uma espécie de feira, na“Tomorrow Room”, que contou com expositores como a Amnistia Internacional, a AIESEC (organização de voluntariado jovem), e várias câmaras municipais. Os videojogos e simuladores trouxeram o mundo do gaming para o evento e atraíram o interesse de muitos jovens.
“Viver uma vida exclusivamente urbana é extremamente danoso”
Foi com tom descontraído e humor à mistura que João Manzarra contou a história de como deixou Lisboa para ir viver para uma aldeia. Na Masterclass que protagonizou, o ator e apresentador partilhou a crença que “viver uma vida exclusivamente urbana é extremamente danoso”. Acrescentou, ainda, que é importante ter noção de que todas as ações individuais influenciam o estado do planeta: “É importante ter consciência do impacto de cada dentada, de cada peça de roupa e de cada objeto que compramos, para termos noção da nossa pegada no mundo”, disse à plateia.
Não obstante, o apresentador considera que a consciencialização das pessoas acerca do bem-estar do planeta tem melhorado significativamente. Porém, considera que ainda não é suficiente. “Este assunto vai estar na ordem do dia por muito tempo”, afirmou. Poupar água, diminuir a frequência de viagens de avião, apoiar o comércio local e cultivar hortas para consumo próprio foram alguns dos conselhos dados por Manzarra para reduzir a pegada ecológica individual.
A tecnologia ao serviço da alimentação sustentável
Mais tarde, teve lugar uma talk sobre o impacto da tecnologia nos sistemas alimentares sustentáveis, que contou com a presença da ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes.
Em cima da mesa, esteve o papel das novas tecnologias no combate ao desperdício alimentar e na produção de alimentos saudáveis. Manuela Pintado, diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica, sublinhou que Portugal tem investigadores na linha da frente da evolução tecnológica na área e apelou aos jovens estudantes na plateia para ficarem a trabalhar no país, findos os seus cursos.
Maria do Céu Antunes ressaltou a preocupação constante dos órgãos políticos internacionais em assegurar que os produtos chegam aos consumidores “a um preço justo”. Algo que, afirma, “os produtores estão a ter capacidade de fazer”. Sobre o poder de compra dos consumidores, conclui: “é um ponto que não sai da agenda do Conselho Europeu de Ministros da Agricultura e Pesca”.
A evolução digital do ensino no pós-pandemia
A transformação digital na educação foi também tema de destaque na tarde de sexta-feira. O painel de oradores – composto por Luísa Lopes Ribeiro, presidente da .PT; Vânia Neto, especialista em Educação na Microsoft; Victor Hugo Ribeiro, CEO da Hollow; e Ana Maria Gala, professora do primeiro ciclo na Escola Aprendize – debateu as vantagens e desvantagens de uma presença cada vez mais acentuada da tecnologia no meio escolar.
Foi unânime entre os especialistas que a pandemia da Covid-19 mudou drasticamente a forma como os novos meios tecnológicos, nomeadamente os aplicados no ensino à distância, são implementados nas aulas, desde o ensino primário até ao ensino superior.
Luísa Lopes Ribeiro fez, contudo, uma ressalva: “há coisas que não são substituíveis pela tecnologia, tem que ver com aquilo que é próprio do ser humano: o toque, o olhar, as emoções”.
Apesar das vantagens do ensino à distância, que incluem, por exemplo, “a maior participação de alunos mais tímidos”, foi também evidenciado pelos convidados o receio da paragem no investimento nestes meios com o passar do tempo, algo que “já se verifica em várias escolas por todo o país”, segundo a presidente da .PT.
Além dos entraves financeiros associados à digitalização do ensino, também a adaptação dos professores, uma “classe envelhecida”, aos novos meios digitais tem sido um problema, muitas vezes tendo que ser “os alunos a ensinar os professores”, de acordo com Vânia Neto.
Para o secretário de Estado da Juventude e do Desporto é preciso “melhores salários e melhor emprego”
No final do dia, a sessão de encerramento do evento contou com discursos do secretário de Estado da Juventude e do Desporto e da presidente da Federação Académica do Porto.
João Paulo Correia destacou os desafios que os jovens encontram nos dias de hoje: “Um jovem de 15 anos sabe que tem mais anos pela frente até o processo de emancipação, até sair de casa dos pais, do que a idade que tem”, o que “acaba por destruir algumas expectativas e acrescentar dificuldades que outras gerações – como a minha – não viveram com tanta intensidade”, partilhou.
Para amenizar essas dificuldades, o secretário de Estado sublinhou a importância do segundo Plano Nacional da Juventude, que conta com “420 medidas e políticas dirigidas a gerações mais jovens, com um orçamento superior a 3 mil milhões de euros”, para os próximos três anos.
Acerca do emprego jovem, João Paulo Correia afirmou ser necessário “melhores salários e melhor emprego”. O secretário de Estado acrescentou ainda que o trabalho digno é um dos maiores desafios do governo.
Ana Gabriela Cabilhas fez um balanço da quinta edição da Tomorrow Summit e descreveu a realização do evento como um “motivo de orgulho”. Sobre a nova geração, afirmou ainda que tem “mais de protagonista do que espectadora”. “Acima de tudo, acreditamos no poder do conhecimento, na tecnologia e na ciência, sempre a ciência”, concluiu.
Artigo editado por Fernando Costa