A manhã do 2.º dia de evento contou com a palestra "Mental Health in High Performance Athletes", conduzida pela Susana Torres, o campeão do mundo de Gilberto Silva e a CEO da Global Football Management Katie Bernardo. Na sessão, abordou-se o papel do mental coach na alta competição e as diferenças entre o papel do coach e do psicólogo.

Da esquerda para a direita: Gilberto Silva, Susana Torres e Katie Bernardo Foto: Tomás de Almeida Moreira

A saúde mental é um tema de discussão cada vez mais central no universo do desporto de alta competição e que tem recebido mais atenção mediática, principalmente, desde os Jogos Olímpicos de 2021, em Tóquio.

Este sábado (19), o tema não ficou de fora da Thinking Footbal e a palestra “Mental Health in High Performance Athletes”, fez emergir a discussão acerca do mental coaching. Ao longo da sessão, a coach Susana Torres – que ficou conhecida por ter trabalhado com Éder – deixou claro que o trabalho desenvolvido por um profissional da área e por um psicólogo são muito distintos. Gilberto Silva, ex-jogador do Arsenal e campeão do mundo pelo Brasil em 2002, e agora, também mental coach, referiu que o conhecimento na área lhe teria sido útil durante os tempos áureos de desportista.

Um mental coach é um profissional que ajuda alguém a desenvolver as capacidades mentais, com o objetivo de fazer os indivíduos melhorarem as suas competências e alcançarem os objetivos.

Para Susana Torres, o propósito do trabalho que desenvolve é ajudar “atletas que querem sempre vencer e têm dificuldades em lidar com a pressão e com a derrota”. No entanto, atualmente, Susana Torres não trabalha apenas com jogadores de futebol, estando a acompanhar desde 2014 o treinador do FC Porto, Sérgio Conceição.

Para não deixar dúvidas, a mental coach apontou aquelas que serão, para si, as principais diferenças entre o trabalho de um mental coach e de um psicólogo. “Os profissionais [de futebol] só recorrem aos psicólogos em último recurso e em situação de desespero”, afirmou. Acrescentou, ainda, que “não é função dos psicólogos ajudarem os atletas de alta performance a obterem resultados”.

Gilberto Silva destaca que o trabalho de um mental coach e o cuidado com a saúde mental são fulcrais na vida pessoal e profissional de um atleta. Destacou, também, que se tivesse o conhecimento que possui hoje sobre esta área, nos seus tempos de jogador, teria tido melhores resultados a nível profissional e uma melhor vivência familiar.

O antigo craque brasileiro mencionou que quando jogava, a maior parte dos psicólogos de desporto focavam-se, particularmente, em aumentar a motivação do atleta. Para Gilberto Silva, porém, a motivação não melhora “sem os resultados desportivos”. Referiu, ainda, que o futebol enquanto modalidade está, “mais do que nunca, bastante evoluído a nível tático” e que uma boa saúde mental é essencial para conseguir melhorar o “timing de resposta e reação dos jogadores”.

Para Susana Torres,  “um jogador que entre com demasiada informação na cabeça para dentro das quatro linhas, não vai obter uma boa performance”. A coach deu o exemplo do célebre golo de Éder na final do Euro 2016, e referiu que o remate do internacional português adveio de um “libertar da complexidade mental”. Segundo a profissional, não se tratou de um golpe de sorte, como muitos apontam, mas um ato subconsciente do atleta. “Se todos agissem desta forma, pondo de parte o emocional e o consciente, os resultados poderiam ser melhores”, sublinhou Susana Torres.

Hoje, Gilberto Silva e Susana Torres são fundadores da empresa SWC (Sport World Coaching), focada em treino mental no mundo desportivo.

Artigo editado por Fernando Costa