[Crítica] Os mais recentes jogos da série "Pokémon" são mais imersivos, longos e desafiantes do que tem sido costume em jogos recentes da franquia. No entanto, os problemas técnicos constantes impedem-nos de ser os melhores títulos da série.

Os mais recentes jogos da série Pokémon foram lançados a 18 de novembro

Vinte e seis anos depois de terem desafiado, pela primeira vez, jogadores de todo o mundo a “apanhá-los todos”, os mais recentes jogos da franquia “Pokémon” – “Scarlet & Violet” -, chegaram às lojas a 18 de novembro. Ainda no fim de semana do lançamento, os jogos tornaram-se rapidamente nos títulos mais divisivos da série.

O sucesso ímpar de vendas – mais de 10 milhões de unidades vendidas nas primeiras 72 horas – transformou “Pokémon Scarlet & Violet” nos jogos exclusivos de uma consola (neste caso, a Switch) mais vendidos de sempre, nesse período.

Por outro lado, apesar dos recordes comerciais, a chuva de críticas não tardou a cair. A fraca performance do jogo, os problemas gráficos e os bugs constantes foram algumas das falhas apontadas por críticos e jogadores.

Os problemas técnicos acabam por impedir “Scarlet” e “Violet” de serem, provavelmente, os melhores títulos que a série já ofereceu. A lista de objetivos é maior do que alguma vez foi, os novos “pokémon” (103) são apelativos e interessantes, a história é cativante e tem alma. 

A unir tudo, a região de Paldea (baseada na Península Ibérica), onde a ação se desenrola, é tão vibrante e expansiva que é fácil um jogador se perder a explorar. Nunca soube tão bem viajar num jogo de Pokémon.

A região fictícia de Paldea é baseada na geografia da Península Ibérica, com foco em Espanha

Mais inovador, mais desafiante e muito maior

Se em “Legends: Arceus”, de janeiro, a série começava a explorar verdadeiramente o open world – um universo quase sem barreiras, de exploração livre – é em “Scarlet & Violet” que a fórmula é aperfeiçoada. Não há um caminho único a seguir, é o jogador quem escolhe por onde ir. 

A campanha de jogo principal é composta por três narrativas paralelas (que, no final do jogo, se encontram), com vários objetivos intermédios, cuja ordem não é imposta. Desta forma, cada jogador pode ter uma experiência distinta, de cada vez que visitar o jogo.

Para os jogadores clássicos que quiserem, como o lema do Pokémon encoraja, “apanhá-los todos”, as 400 criaturas distintas tornam a tarefa mais difícil e demorada, mas, também, mais satisfatória.

Finda a campanha principal, “Scarlet & Violet” oferece um post-game que, não sendo enorme, não desilude. Para referência, a página “How Long to Beat”, que revela a duração média de cada jogo, tendo por base o feedback dos jogadores, indica que a campanha principal do jogo demorará 29 horas e meia a terminar. Quem optar por completar o jogo a 100%, pode demorar cerca de 72 horas.

Em termos de história, “Scarlet & Violet”, ainda que sigam a fórmula que tem vindo a ser repetidamente reciclada nos vários jogos da série, traz uma lufada de ar fresco. As personagens têm profundidade, o enredo tem reviravoltas inesperadas e os temas explorados são mais maduros do que antes.

A maior força do jogo está no multiplayer

Uma das grandes novidades de “Scarlet & Violet” é o modo “Union Circle”. Agora, dois ou mais jogadores (até a um máximo de quatro) podem percorrer o jogo inteiro em conjunto. As funcionalidades do modo cooperativo não são perfeitas, é certo, mas mostram mais um passo em frente no esforço de tornar “Pokémon” uma série que é muito melhor quando jogada com amigos.

“Pokémon Scarlet & Violet” pode ser jogado por até 4 jogadores em simultâneo

Como é tradição da série, os dois jogos foram lançados em simultâneo e oferecem experiências idênticas naquilo que é essencial. Desde o lançamento dos primeiros jogos de Pokémon – “Red & Green”, no Japão – que é comum os jogos da série saírem em pares para estimular a experiência multiplayer. Afinal, para conseguir ter todas as criaturas, é essencial trocá-las entre os jogadores que tenham cada um dos títulos.

Nos novos jogos reforça-se, também, a aposta nas batalhas online. Mais do que em títulos anteriores, é fácil para novatos e veteranos se aventurarem no modelo multiplayer do jogo, enfrentarem jogadores de qualquer ponto do globo e tentarem subir no ranking mundial.

O desastre técnico prejudica (muito) a experiência

Ainda que os ingredientes estejam todos reunidos para “Scarlet & Violet” serem os melhores jogos de Pokémon de sempre, os graves problemas técnicos diminuem a qualidade geral da experiência. 

Além dos glitches gráficos recorrentes (é comum atravessar-se paredes e ver-se personagens desaparecerem do nada), os jogos têm um problema de performance que se vai intensificado com as horas consecutivas de jogo. O resultado é a lentificação dos movimentos, dos comandos do jogo e dos tempos de loading.

Com alguma frequência, o jogo também interrompe a sessão, fechando-se autonomamente. Tal pode resultar em perdas de dados de gravação e progresso do jogo.

Os patches para correção dos erros já começaram a sair, mas, para já, apenas foram corrigidos detalhes.

“Scarlet & Violet” acabam, então, por ser ligeiramente menores do que a soma das suas partes. Um jogo com tudo o que é preciso para ser perfeito, mas que parece não ter passado por uma fase de testes de funcionamento. E é pena.