Vidros partidos, grades forçadas, detritos que se começam a acumular no interior. A tudo isto junta-se um alarme que não para de tocar. São sinais de degradação que se tornam visíveis, apesar da Câmara ter aberto concurso em dezembro para dinamizar o local.
O edifício situado em plena Praça do Marquês tem sido alvo de atos de vandalismo nas últimas semanas. Para quem passa no local, saltam à vista os vidros partidos e o lixo que começa a acumular-se no interior.
O barulho provocado pelo alarme existente no edifício é outro dos problemas com que os moradores se confrontam. A situação levou mesmo Thiago Sousa, residente numa das ruas adjacentes à praça, a apresentar “reclamação na Câmara Municipal, na sexta-feira (20)”, exposição da qual, até ao momento, não obteve resposta.
Ao JPN, o morador explica que o alarme começou a tocar “há 15 dias, talvez até mais” e que se tornou impossível “dormir à noite”. A presença de pessoas no local durante o dia e noite, ou a entrada de pombas no interior pelos buracos dos vidros partidos ativa o alarme, que se ouve “ininterruptamente”.
Câmara abriu concurso para dinamizar o espaço, mas solução tarda em chegar
A situação não é estranha para o comércio local. Pedro Ribeiro diz ao JPN que o facto do espaço estar parado, fechado, é um “convite ao vandalismo”. O proprietário do “Quiosque do Marquês” está convencido que “vão acabar por partir aquilo tudo”, se a Câmara não fizer nada. “Qualquer dia estão ali a viver”.
Apesar da situação ser “recorrente”, Pedro Ribeiro garante que a vigilância policial “não existe”: “Já não vejo um polícia a passar a pé por aqui desde dezembro”, acrescenta. O problema, sublinha, é a CMP não ter dado continuidade ao projeto de reabilitação concluído em março de 2021, quando a antiga biblioteca foi reaberta ao público como espaço expositivo. “Fizeram o arranque e acabou por parar. Deviam dar continuidade” ou encontrar outra solução, defende Pedro Ribeiro.
Espaço reabriu em março de 2021 depois da Câmara resgatar o imóvel para fins culturais
Desenhada pelo arquiteto Bernardino Basto Fabião, a Biblioteca Popular Pedro Ivo (BPPI) foi inaugurada ao público em 1948. Em 1990, foi adaptada para espaço de leitura infantil, mas acabou por fechar portas em 2002, na sequência de uma reorganização da rede de bibliotecas públicas da cidade.
Em 2019, depois de várias tentativas falhadas para colocar o imóvel em hasta pública, a autarquia decidiu resgatá-lo e recuperá-lo para fins culturais. Em março de 2021, a inauguração da exposição “Água Ardente” marcou o arranque do que prometia ser uma nova etapa da BPPI.
Desde então a programação das atividades, da responsabilidade da Ágora, E.M., tem sido intermitente. Em dezembro, a autarquia lançou um concurso público para atribuição de financiamento a dois projetos no valor de mil euros cada. O objetivo é dinamizar o espaço do ponto de vista cultural e artístico. Prevê-se que a duração destes projetos oscile entre os quatro e cinco meses, indica o anúncio publicado pela Câmara.
“As candidaturas”, informou a autarquia ao JPN, “encontram-se, neste momento, em fase de apreciação pelo júri“, perspetivando-se “para breve” a reabertura do equipamento.
No entanto, enquanto a iniciativa não avança, o espaço continua fechado e sujeito a degradar-se: “É o património de todos que está a estragar-se”, conclui Pedro Ribeiro, proprietário do Quiosque do Marquês.
Face à situação reportada pelo JPN, o município decidiu proceder a uma avaliação dos “danos causados, de forma a intervir para repor as condições de segurança do equipamento”.
Solicitou ainda a intervenção da Polícia Municipal “por forma a criar as condições necessárias para que a situação não se repita”. Contudo, informam os serviços da Câmara, o “o alarme continua ativo”.
Artigo editado por Paulo Frias
Artigo atualizado dia 25 de janeiro, às 16h57m com informação enviada por escrito pela Câmara Municipal do Porto, depois de visita ao local no mesmo dia de uma equipa da Ágora, E.M..