A 8ª edição do Encontro Nacional pela Justiça Climática realiza-se este fim-de-semana. Conta com a presença de pessoas do país inteiro e pretende ser "um espaço de partilha de conhecimento e experiências".

Arranca esta sexta-feira (10), em Coimbra, o 8º Encontro Nacional pela Justiça Climática. O evento, que conta com a participação de mais de 20 associações e coletivos nacionais, já se tornou parte importante do movimento climático português. Isto faz com que a procura pelo congresso esteja a crescer significativamente.  A edição deste ano, que se prolonga até sábado, conta com mais de 300 inscrições, duplicando o número de participantes em relação a 2022.

Islene Façanha, analista de políticas na área do clima-energia da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, e representante deste grupo ambientalista na co-organização da iniciativa, diz que “o encontro é basicamente um espaço de partilha de conhecimento e experiências, onde podemos também conhecer as lutas que enfrentamos e os caminhos que estamos a percorrer com o movimento climático a nível nacional“.

Ao mesmo tempo, afirma a dirigente, o evento marca o arranque das ações previstas para o resto o ano: “é um momento onde podemos escolher como desenvolver o movimento pela justiça climática em Portugal e também onde organizamos a agenda do ano corrente”.

Façanha  explica que justiça climática é sobre colocar o ser humano no centro do debate : “Por muito tempo a justiça climática foi só tratada como algo ambiental, com muito foco no aquecimento global. Mas entendemos que não é só isso: é ter o ser humano no centro das discussões. Por exemplo, enchentes e deslizamentos afetam a vida das pessoas”. Neste sentido, a “justiça climática também é justiça social.”

Um dos tópicos em foco, no programa deste ano, é a energia. A dirigente da Zero lamenta que a pobreza energética, relacionada com “o desconforto térmico que sentimos em nossas casas”, seja um tema recorrente.  “Precisamos atacar o problema de forma mais forte e não de maneira paliativa, como é feito atualmente. A pobreza energética está muito relacionada com a ineficiência energética nos edifícios, com a incapacidade das pessoas de aceder aos serviços básicos energéticos“. Isto acontece “devido ao baixo rendimento, baixo desempenho energético das habitações e o elevado custo de energia”, acrescenta Islene Façanha.

Com um elevado número de pessoas envolvidas na organização, ideias diferentes podem em certa medida criar grandes discussões e até incompatibilidades, o que, de acordo com Islene Façanha, acontecia com mais frequência no início. Hoje, porém, o movimento está mais coeso na busca dos seus ideais comuns. “Temos conversas sobre isso. Como estamos, como fomos, como seremos. A melhor forma de construirmos um movimento nacional é com a conversa. Precisamos manter protegida a causa comum. Pois, sem isso, não conseguimos avançar com nada”, diz a ambientalista.

Será a primeira vez que o encontro ocorre fora de Lisboa. A ideia dos organizadores do evento é aproximar o sul e o norte de Portugal num lugar que seja confortável para todos. “Muitos dos encontros são concentrados na capital, então queríamos um evento que percorresse Portugal e sendo no centro do país possibilita ser um encontro realmente nacional.”

Para aqueles que se inscreveram no evento, a organização garante alimentação e alojamento. Os custos da alimentação variam de 5 a 10 euros, enquanto o alojamento é gratuito.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro