Num momento em que a ofensiva russa se intensifica, Volodymyr Zelensky decide ausentar-se da Ucrânia, pela segunda vez desde o início da guerra, para pedir reforço de armamento e uma entrada célere na União Europeia.
Na passada quarta-feira (8), o líder ucraniano fez uma visita surpresa ao Reino Unido e reuniu com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. Depois do encontro entre os dois líderes, Zelensky proferiu um discurso de gratidão pelo apoio prestado pelo Reino Unido desde o início da invasão russa. O presidente ucraniano aproveitou a ocasião para pedir “asas para a liberdade”, apelando à concessão de aviões de guerra para reforçar a força aérea ucraniana na batalha contra os russos.
Segundo o jornal The Guardian, o governo britânico assegurou que vai reforçar o equipamento militar concedido à Ucrânia, assim como fornecer mais treinamento a pilotos de caças, para ajudá-los a pilotar os aviões de guerra modernos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). No mesmo dia, Sunak afirmou em conferência de imprensa que, dentro de um mês, vão ser disponibilizados tanques de combate Challenger 2 às forças ucranianas.
O dia foi marcado por vários compromissos diplomáticos. Em Westminster Hall, o presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, recebeu Zelensky diante de uma vasta plateia. Segundo o The Guardian, Hoyle enalteceu a ocasião, referindo que seria mais um de muitos momentos históricos vividos naquele salão.
Depois do discurso, o líder ucraniano rumou ao Palácio de Buckingham para reunir com o Rei Carlos III. De seguida, visitou as forças ucranianas que têm estado em treinamento em Wiltshire. A opinião pública britânica foi muito favorável à presença de Zelensky no país e a imprensa refletiu esse louvor.
Ainda no mesmo dia (quarta-feira, 8), depois do périplo pelo Reino Unido, Volodymyr Zelensky voou para Paris, onde se reuniu com Emmanuel Macron e Olaf Scholz. Nesta segunda paragem, o presidente ucraniano repetiu o pedido de aviões de combate e armas pesadas. Em declarações aos jornalistas, atestou que “quanto mais cedo a Ucrânia obtiver armamento pesado de longo alcance e aviões, mais cedo irá terminar a agressão russa e se poderá restabelecer a paz na Europa”.
Macron manifestou o seu apoio e assegurou que vai continuar os esforços para ceder mais armas a Kiev. Afirmou ainda que “o futuro da Europa está em jogo na Ucrânia” e que “a Rússia não pode nem deve vencer esta guerra”.
Também o chanceler alemão, Olaf Scholz, garantiu que “a Alemanha e os seus parceiros vão continuar a apoiar a Ucrânia com ajuda humanitária e com armas enquanto for necessário”. É de salientar que a Alemanha deu aval ao envio, previsto para abril, de tanques de combate Leopard, mesmo sendo uma decisão controversa entre a opinião pública.
De acordo com a entrevista que Zelensky deu ao jornal francês Le Figaro, terá havido uma mudança na atitude de Macron face à situação ucraniana. Segundo o The Guardian, o presidente ucraniano impacientou-se com o seu homólogo francês por tentar manter “canais abertos” com a Rússia na fase inicial do conflito. Contudo, nos últimos meses, Macron mostrou vontade de ajudar a Ucrânia e teve a iniciativa de enviar tanques de combate para Kiev. Na entrevista ao Le Figaro, Zelensky mostrou acreditar na boa vontade de Macron sendo que este até apoiou a candidatura da Ucrânia à UE.
Depois de Paris, o líder da Ucrânia aterrou em Bruxelas, esta quinta-feira (9), onde marcou presença numa reunião do Conselho Europeu. Depois de ser acolhido com uma ovação de pé no Parlamento Europeu apelou, no seu discurso, à adesão da Ucrânia à UE e pediu que as negociações começassem ainda em 2023, argumentando que tal seria uma importante motivação para lutar contra a Rússia.
Antes do discurso de Zelensky, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, já tinha apelado aos líderes europeus para que colaborassem na agilização do processo de adesão. No entanto, a aceitação da Ucrânia como estado-membro pode ainda demorar algum tempo. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, depois de congratular a Ucrânia pelo seu empenho e reconhecer que “está a avançar no seu caminho europeu de forma impressionante”, referiu que o processo é lento e que ainda há ainda muito caminho a percorrer.
Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro