Nascido no seio da Faculdade de Letras, o Grupo Académico Trovadores é o único grupo de declamação de poesia da Universidade do Porto. Esta segunda-feira (13), celebrou 10 anos de existência com uma atuação nos jardins da faculdade, enchendo-os de acordes e trovas.

Os alunos escrevem poesia em várias línguas e declamam-na, acompanhados pelo som de uma guitarra. O grupo foi  criado por Manuel da Cruz e Miguel Teixeira em 2013 e, durante os primeiros anos de vida, eram apenas eles. Com o passar dos anos, os Trovadores foram crescendo e, atualmente, contam com 8 membros.

Além de declamar, o grupo partilha o que escreve nas plataformas digitais, tendo 17 obras publicadas – originais e adaptadas.

Os membros dividem-se em três hierarquias: Aprendizes (título por onde começam), Trovadores e Trovadores-Fundadores. O estatuto de “Trovador” é atingido por mérito.

Na atuação de aniversário, marcaram presença a Tuna Feminina da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (TFFLUP), o Grupo de Fados Literatus e a Tuna da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (C.U.C.A.) – grupos que, segundo os Trovadores, acompanharam o seu crescimento.

Não querem “criar grandes poetas”, apenas dar voz a quem tem uma “mensagem” para partilhar

No início da sua caminhada, não eram bem recebidos pelo público. “Quando entrei neste grupo, as pessoas ouviam «Trovadores» e riam-se”, revela o representante Paulo Freitas, em conversa com o JPN.

Na mesma linha, Gonçalo Teixeira, aprendiz, explica que, durante muito tempo, a Faculdade de Letras se restringiu a um tipo de arte: a música – trazida por tunas e pelo grupo de fados. Mas é aí que os Trovadores trazem destaque – todas as faculdades têm grupos musicais, “mas só existe uma com um grupo que declama poesia”, aponta.

De acordo com o aprendiz, o grupo académico vem desmitificar a ideia que se forma durante o ensino secundário de que poemas “são só para ser lidos nas aulas de português e é matéria escolar”. “Podemos tomar os poemas que aprendemos como gosto”, continua.

Para Gonçalo Teixeira, ser Trovador é assumir-se como alguém “que não tem medo de dizer «este sou eu, este poema sou eu»“, tendo a “coragem” de o partilhar “em voz alta” e de encarar o público. Paulo Freitas completa: “É o arriscar. É não ter medo da mudança. É promover da inovação, ao mesmo tempo respeitando o passado”.

O aprendiz, porém, sublinha: “Não estamos aqui a criar grandes poetas ou futuros dramaturgos”. O objetivo é dar voz a “estudantes que tem uma mensagem e a querem transmitir”.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira