Iniciado há três meses, o projeto “Overwatch” surge para auxiliar profissionais que atuam no terreno em catástrofes naturais, recorrendo a inteligência artificial. Por agora, está validada a aplicação da tecnologia em casos de incêndios e inundações, mas poderá ser adaptada para várias situações de emergência, incluindo sismos.

Coordenado pela empresa italiana ITHACA, o empreendimento envolve dez parceiros de cinco países europeus: Portugal, Itália, Polónia, Dinamarca e Alemanha. A participação portuguesa é feita pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC-TEC), em conjunto com o Instituto da Soldadura e Qualidade (ISQ) e o Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Academia Militar (CINAMIL). 

Trata-se de um “sistema holográfico integrado para apoio aos operacionais na gestão de meios de combate”, lê-se comunicado do INESC-TEC, enviado ao JPN. O objetivo é que informação “atualizada, detalhada e interativa” chegue “atempadamente aos responsáveis pela tomada de decisão no combate e mitigação de catástrofes naturais”, explica Nelson Matos, gestor de projetos da ISQ, citado no recado.

Assim, o “Overwatch” visa recolher e facultar dados a quem atua em situações de emergência e presta “apoio ao cidadão”, avança ao JPN Hugo Silva, investigador do INESC-TEC. Para tal, drones com ligação de banda larga, via satélite, vão permitir o fornecimento de serviços de comunicação (Wi-Fi e 5G)

Entre essas informações, consta o mapeamento do incidente – que permite perceber se existem pessoas no local, quais as infraestruturas afetadas e a localização das equipas de socorro. Posteriormente, os dados vão ser representados num sistema de realidade avançada em 3D.

Por agora, estão a ser levantados os requisitos para cenários de aplicação. “No fundo, as equipas operacionais percebem como é que podem utilizar o “Overwatch”, o que é que o sistema lhes pode dar. Devolvem-nos as funcionalidades que pretendem que tenha para as desenvolvermos e adaptarmos”, explica Hugo Silva. Mais tarde, os atributos necessários serão “implementados em demonstrações”, diz.

Resultante de um investimento de 3 milhões de euros, o projeto prevê estender-se até finais de 2025. É também nesse ano que serão realizadas duas demonstrações: uma na Polónia, outra em Portugal. A apresentação a decorrer em solo nacional vai acontecer na região Centro, perto do quartel militar de Abrantes, segundo informações cedidas pelo investigador do INESC-TEC. 

Diretamente sob a alçada da Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA), o projeto encaixa-se no programa de investigação Horizonte Europa. 

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira