Em documentos revelados pela imprensa espanhola, Enríquez Negreira ameaçou, em 2019, o clube por este cessar pagamentos à sua empresa. Barcelona rejeita as alegações de corrupção, e indica que serão tomadas medidas judiciais contra quem tentar "manchar" a sua reputação. Presidente de La Liga informa que não poderá ser aplicada punição desportiva, pois o caso já prescreveu.

Apesar das alegações, o Barcelona não poderá ser punido em caráter desportivoFoto: Börkur Sigurbjörnsson

José Maria Enríquez Negreira, antigo vice-presidente Conselho Técnico de Árbitros da Federação Espanhola de Futebol, ameaçou expor “irregularidades” cometidas pelo Barcelona. De acordo com a revelação feita pelo “El Mundo”, a situação ocorreu em 2019, ano em que o clube parou de fazer pagamentos à empresa, a quem recorria para supostos serviços de consultoria.

Num burofax enviado a Josep Maria Bartomeuna época presidente do Barcelona, (ao qual o “El Mundo” teve acesso), Enríquez Negreira pressionava o clube para a “parceria” entre as partes ser retomada.

Na reportagem, o jornal espanhol informa que, entre 2001 e 2018, foram feitos pagamentos feitos à empresa DASNIL 95 SL, que pertencia ao antigo número dois da arbitragem espanhola, correspondentes a 6,65 milhões de euros – sendo que, só entre 2016 e 2018, foram enviados 1,4 milhões.

O caso está a ser investigado pelo Ministério Público espanhol. Enríquez Negreira e pelo filho já terão sido contactados pelas autoridades locais e, segundo a “SER Catalunya”, o antigo árbitro alegou nunca ter fornecido nenhum tipo de favorecimento ao Barcelona. Explicou que os pagamentos foram feitos por consultoria prestada ao clube, a fim de explicar aos jogadores como se comportar com árbitros de futebol.

O ex-presidente do clube catalão, assegurou porém, ao jornal “La Vanguardia”, que “é absolutamente falso e absurdo pensar-se que comprámos árbitros”.

O Barcelona, numa divulgada nota no site oficial, lamentou que a situação tenha vindo a público no “melhor momento desportivo desta época”, e que tomará medidas judiciais contra quem tentar “manchar a imagem do clube”.

Clube não será punido desportivamente

De acordo com o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, o Barcelona não poderá ser punido em caráter desportivo, uma vez que as sanções prescrevem após três anos e o caso já ocorreu há cinco.

Assim, nenhum castigo poderá ser imposto ao Barcelona. No entanto, o presidente enfatizou a possibilidade de serem aplicadas medidas “a nível penal”. E completa: “Vamos ver como termina a investigação, mas como é óbvio estas coisas não devem acontecer no futebol espanhol, nem ética nem esteticamente”. 

O caso segue para a Procuradoria de Barcelona e Javier Tebas garantiu que, caso o assunto seja levado a julgamento, La Liga participará como promotoria privada. No entanto, se não houver avanços na área penal, o caso será arquivado pela entidade responsável pelo campeonato espanhol.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira