Após quase um ano de guerra declarada entre Rússia e Ucrânia, os danos colaterais no resto do mundo são visíveis – incluindo o surgimento de uma crise energética com diversas frentes. Um estudo, realizado pela equipa internacional da revista “Nature Energy”, concluiu que, em termos globais, os custos totais de energia que as famílias precisam de adquirir aumentaram entre 62,6% e 112,9%.

Dos 87,4% da população mundial analisada (116 países), foi dada maior atenção aos países em desenvolvimento e Portugal não foi incluído. Foram criados vários métodos para calcular os impactos diretos – isto é, combustível e energia -, e indiretos (que abrangem todos os bens que precisam de petróleo, carvão ou gás para produção e transporte para o mercado) desses aumentos em populações com diferentes rendimentos e capacidades de consumo.

O período da análise compreende-se entre 24 de fevereiro de 2022 (início da guerra) e 13 de setembro de 2022 (após a implementação de sanções económicas à Rússia). Foi feita uma comparação entre dados-base (anteriores à invasão) e novos panoramas (tempo em que os combustíveis atingiram os números mais elevados) para avaliar as diferenças nos preços dos combustíveis fósseis. 

Deste modo, os cientistas acusam um energia que a energia está significativamente mais cara, a nível mundial – traduzindo-se numa subida entre 2,7% e 4,8% nas despesas familiares.

Como consequência, as famílias ficam mais vulneráveis ​​à pobreza energética, sobretudo durante estações frias. Apesar de os impactos variarem entre os países analisados, a Ásia Central indica-se como a região do mundo que sentiu o maior impacto no que concerne aos aumentos dos custos da energia – diretos e indiretos. Em termos globais, seguem-se países do Sul e Sudeste asiáticos.

Entre as conclusões do documento, a equipa da revista salienta que “esta crise energética global sem precedentes deve ser um lembrete de que um sistema energético altamente dependente de combustíveis fósseis perpetua os riscos de segurança energética e acelera as mudanças climáticas“.

Na mesma linha, enfatizam a necessidade urgente de diversificar fontes de energia e de criar um sistema mais seguro, confiável e independente, “acelerando a transição de energia limpa para todos os países”. Salienta-se, contudo, que a crise pode levar os países em desenvolvimento a “restringir o investimento” em infraestruturas de energias renováveis – pois, com a subida dos custos, os orçamentos ficam mais limitados.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira