Um tribunal parisiense ordenou ao Museu d'Orsay a restituição de diversas pinturas aos herdeiros do comerciante de arte Ambroise Vollard. As obras foram roubadas e posteriormente vendidas durante a ocupação nazi de Paris. Estado francês admite não recorrer da decisão.

pessoas no museu d'orsay a ver quadros

O Museu d’Orsay, situado em Paris, expõe pinturas e esculturas de artistas internacionais. Foto: Adrian Scottow/ WikimediaAttribution-Share Alike 2.0 Generic

O Museu d’Orsay vai restituir quatro obras de arte aos herdeiros do marchand Ambroise Vollard. A ordem foi dada pelo Tribunal Administrativo de Paris, a 10 de fevereiro. O Estado francês, que tutela o museu, anunciou que não vai recorrer da decisão.

As obras que voltam às mãos da família Vollard são uma pintura de Paul Cézanne (“Sous-Bois“, 1890-92), uma de Paul Gauguin (“Natureza Morta com Bandolim”, 1885) e duas telas de Pierre-Auguste Renoir (“Marine. Guernsey”, 1883, e, “Julgamento de Páris”, 1908).

Os quadros foram roubados e vendidos após a morte do colecionador, em 1939, durante a ocupação nazi, em França. As telas retornaram ao país, depois de encontradas na Alemanha pelas forças aliadas, em 1945. Até agora, permaneceram ao cuidado do Museu d’Orsay.

Em 2013, os herdeiros de Vollard pediram a restituição de sete pinturas. O pedido incluiu a reclamação dos direitos sobre mais duas obras de Renoir e uma de Cézanne, também conservadas pelo d’Orsay.

O Estado francês recusou-se a restituí-las com o argumento de que as circunstâncias não eram claras o suficiente. Segundo o The Art Newspaper, o facto da coleção não ter sido pilhada ao abrigo das leis raciais nazis, bem como a origem não judia de Vollard, fez com que o processo fosse mais complexo.

No ano passado, o tribunal judicial de Paris decidiu que os herdeiros de Vollard são os proprietários legítimos das quatro telas. A sentença foi confirmada, no início do mês, pelo tribunal administrativo, que ordenou a devolução das pinturas.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro